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Mais denúncias

7 de março de 2010

Denúncias de abuso sexual e agressão física contra alunos de instituições pedagógicas e religiosas católicas vêm chocando a Alemanha. Escândalo atinge escola da Unesco em Hessen. Governo alemão anuncia providências.

Pelo menos cem alunos foram vítimas em internato da UnescoFoto: picture-alliance/ dpa

Após a descoberta de novos casos de abuso infantil em escolas e internatos na Alemanha, o governo alemão anunciou medidas para investigar os desmandos. A ministra alemã da Educação, Annette Schavan, convocou para os próximos dias um encontro com o presidente do grêmio de secretários estaduais de Educação e com chefes de associações de professores para discutir o grave problema.

A ministra alemã da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, também propôs a realização de uma conferência para dialogar sobre os casos de abuso ocorridos em escolas alemãs nas últimas décadas e denunciados durante as últimas semanas. O Vaticano também considera necessário investigar as acusações.

Acusações sobretudo a autoridades da Igreja Católica

Sobretudo as escolas católicas alemãs foram alvo de denúncias recentes. Em parte, os casos de abuso denunciados nas últimas semanas remontam a décadas passadas. De acordo com a edição dominical do jornal Bild, autoridades da Igreja Católica cometeram abuso infantil em 20 das 27 arquidioceses alemãs.

Robert ZollitschFoto: DW-TV

A ministra Leutheusser-Schnarrenberger se mostrou abalada pela divulgação diária de novos casos de abuso em escolas. Em declaração ao jornal Welt am Sonntag, ela destacou a importância de a sociedade se confrontar com esses crimes, sobretudo nos casos em que um processo jurídico não é mais possível. A conferência convocada teria a função de abrir um diálogo sobre acusações fundamentadas das vítimas.

Diálogo apesar da resistência de Conferência dos Bispos

O presidente da Conferência dos Bispos da Alemanha, Robert Zollitsch, havia rejeitado essa sugestão recentemente. Esta semana, o arcebispo deverá prestar contas ao papa sobre os recentes escândalos de abuso envolvendo autoridades da Igreja na Alemanha.

A ministra Schavan, por sua vez, declarou que os pais têm o direito de confiar em que seus filhos estejam protegidos contra violência e abuso em instituições pedagógicas. Onde quer que haja suspeitas desse tipo de crime em escolas e internatos, os casos devem ser investigados, exige a ministra. "Nada deve ser ocultado", acrescentou ela, anunciando "tolerância zero" para com esse tipo de desmando. Para Schavan, abuso contra escolares é a maior quebra de confiança que se pode imaginar.

Mosteiro Ettal, na BavieraFoto: AP

O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Walter Kasper, manifestou "profunda decepção, dor e uma grande ira" em relação aos abusos denunciados em instituições católicas na Alemanha. Ele exigiu que a Igreja se empenhe por esclarecimento, condene os responsáveis e indenize as vítimas. Para ele, trata-se de crimes abomináveis. "Precisamos seriamente limpar a nossa Igreja", afirmou Kasper.

Mosteiro beneditino e "pardais" de Regensburg

Nos últimos dias se proliferaram as denúncias na Alemanha. No mosteiro beneditino de Ettal, na Baviera, o número de vítimas de punições brutais e de agressões sexuais chega a pelo menos 100. Em um primeiro relatório ainda incompleto, o investigador especial convocado pelo mosteiro, Thomas Pfister, chegou à conclusão de que – até a década de 80 – os monges cometeram sistematicamente abusos sexuais, agressões físicas e tortura contra crianças e jovens.

Vista de uma janela do Colégio Canisius, em BerlimFoto: AP

Outro escândalo que abalou a Alemanha toca o renomado coro de meninos Regensburger Domspatzen, os famosos "pardais" da Catedral de Regensburg. De acordo com a Diocese de Regensburg, há suspeitas concretas contra dois sacerdotes ex-diretores do coral falecidos em 1984.

No colégio jesuíta berlinense de onde partiram as primeiras denúncias de abuso contra escolares nas últimas semanas, a jurista encarregada de esclarecer os casos também se referiu a mais de 100 vítimas. A Promotoria de Berlim foi acionada, mas tudo indica que os crimes já foram prescritos em grande parte.

Escola da Unesco

Esta semana, um internato particular não católico no estado alemão de Hessen também se tornou alvo de denúncias sobre abuso de escolares. De acordo com investigações do Frankfurter Rundschau, 100 alunos da escola de excelência de Unesco em Heppenheim foram vítimas de graves abusos sexuais entre 1971 e 1985. A Escola Odenwald, fundada pelo renomado educador Paul Geheeb em 1910, é considerada um dos marcos da pedagogia moderna.

A direção escola comunicou em seu site que a dimensão do abuso era maior do que se sabia até então, o que significa que os crimes foram escamoteados durante anos. O antigo reitor da escola é o principal alvo de acusações, mas as denúncias também atingem outros professores.

Ex-alunos relataram que eram escalados pelos professores como "prestadores de serviços sexuais" durante fins de semana inteiros e chegaram a sofrer abuso sexual por parte de convidados de tais eventos.

SL/epd/rtdt/dw
Revisão: Carlos Albuquerque

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