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Governo aprova rombos no bolso do cidadão

(sv)19 de maio de 2006

Coalizão de governo decide por aumento de impostos e corta regalias fiscais do cidadão. Poder de compra cai e indústria teme risco de redução do consumo.

Consumidor vai ter que pagar mais pelos mesmos produtosFoto: AP

A tão esperada e debatida decisão por um aumento de três pontos percentuais (dos atuais 16% para futuros 19%) nos impostos sobre valor agregado foi, enfim, tomada pelo Parlamento alemão nesta sexta-feira (19/05). Para o consumidor, a conseqüência prática é clara: ele vai ter que pagar mais caro por quase tudo o que adquirir. Para o Estado, o aumento das taxas traz mais de 20 bilhões de euros aos caixas oficiais.

Além de ter que pagar mais pelo que compra, o contribuinte vai ter menos possibilidades de abater determinados gastos na hora de acertar suas contas com o fisco. Custos como transporte até o local de trabalho ou despesas dos autônomos com escritórios mantidos em casa são alguns dos itens atingidos pelas novas leis.

Dívidas e juros

Dor de cabeça: chanceler federal Angela Merkel, ao lado do ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, durante debate sobre sistema tributário no ParlamentoFoto: AP

A aprovação pelo Parlamento do controverso aumento do imposto sobre valor agregado é uma novela que se arrasta há tempos nos bastidores políticos alemães. A razão de tal mudança vem do orçamento público atolado em nada menos que 1,4 trilhão de euros de dívidas. Os juros a serem pagos por isso oneram conseqüentemente os caixas da Federação, dos Estados e das prefeituras alemãs.

A preocupação dos políticos ao forçar o cidadão a pagar mais pelo que consome é não deixar um peso enorme sobre os ombros das próximas gerações, que certamente terão que pagar pelo luxo "de ontem", se nada for feito.

O ministro das Finanças, Peer Steinbrück, esbarra, contudo, na má vontade do cidadão, que se vê obrigado a cortar parte do supérfluo. Segundo pesquisas de opinião realizadas no país, os primeiro itens a serem cortados ou reduzidos são viagens (21%), despesas com automóvel (16%), lazer (12%) e alimentação (6%).

Vítimas das mudanças

Entre as principais "vítimas" das mudanças fiscais são famílias com crianças, que em muitos casos não podem simplesmente abdicar de custos fixos. De acordo com uma comparação feita pelo diário Süddeutsche Zeitung, as pessoas de baixa renda no país deverão sofrer mais do que o dobro com os efeitos das mudanças do que quem ganha bem. Enquanto o chamado "imposto para ricos", igualmente aprovado pelo Parlamento, é visto por boa parte da mídia como mero "ato simbólico".

Ludwig Georg Braun, da Confederação Alemã das Câmaras da Indústria e Comércio, criticou no diário Tagesspiegel as mudanças, afirmando que o aumento do imposto sobre o valor agregado vai reduzir o número de vagas para aprendizes no comércio e na gastronomia do país, aumentando, desta forma, o já alto índice de desemprego.

Especialistas acreditam que o Estado coloca a mão no bolso do cidadão apenas para cobrir os rombos em seus próprios caixas. Desta forma, diminui a pressão para que as instâncias governamentais coloquem à prova seus próprios gastos. E também passem a economizar.

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