Governo arrecada R$ 6,15 bilhões em leilão do pré-sal
27 de outubro de 2017
Consórcios liderados por Petrobras ficam com três das oito áreas leiloadas. Empresas estrangeiras vão explorar outras três regiões. Dois blocos não recebem propostas. Esse é o primeiro leilão do pré-sal desde 2013.
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O governo federal arrecadou 6,15 bilhões de reais nesta sexta-feira (27/10) no leilão de oito áreas do pré-sal. Esse foi o primeiro leilão realizado para a exploração da região desde 2013, quando foi oferecido o bloco de Libra.
Das oito áreas leiloadas, seis foram arrematadas. O consórcio liderado pela Petrobras adquiriu três e propôs ceder até 80% da produção para a União, valor bem acima do mínimo previsto no edital, que variava entre 10,34% a 22,87%, dependendo do bloco.
Pelo regime de partilha previsto para o pré-sal, parte da produção excedente, após o desconto de custos e investimentos, deve ser entregue à União. Para cada área havia um limite mínimo estabelecido para esse repasse. No leilão, venceram a disputa as empresas que ofereceram a maior fatia.
Além desse repasse, a União receberá ainda um bônus pago pelas empresas na assinatura do contrato, no valor de 6,15 bilhões de reais.
Blocos disponibilizados
Consórcios liderados pela Petrobras arremataram as áreas de Entorno do Sapinhoá e Peroba, na Bacia de Santos, além de Alto de Cabo Frio Central, na Bacia de Campos. As empresas venceram as disputas ao oferecer ao governo um percentual excedente de 80%, 76,96% e 75,86%, respectivamente.
A área Sul de Gato do Mato, na Bacia de Santos, foi arrematada por um consórcio formado por Shell e Total E&P do Brasil. As empresas ofereceram 11,53% da produção excedente para a União, o percentual mínimo previsto no edital.
Também na Bacia de Santos, o bloco de Norte de Carcará foi adquirido pelo consórcio formado pelas companhias Statoil, ExxonMobil e Petrogal, que ofereceu 67,12% de excedente para a União. Já a área Alto de Cabo Frio Oeste foi arrematada pelas empresas Shell, a QPI Brasil e CNOOC Petroleum, que ofereceram o percentual mínimo, 22,87%.
Duas áreas ofertadas – Sudoeste da Tartaruga, na Bacia de Campos, e Pau Brasil, na Bacia de Santos – não receberam nenhuma proposta.
Esse foi o primeiro leilão em que empresas puderam arrecadar blocos sem precisar incluir a Petrobras no consórcio.
O início do leilão foi marcado por uma disputa judicial. Na madrugada desta sexta-feira, a Justiça Federal do Amazonas suspendeu o processo, após uma ação movida pelo Sindicato dos Petroleiros do estado, que alegava que o leilão lesava o patrimônio público. Os petroleiros argumentavam que os valores estipulados pelo governo do bônus pago pelas empresas na assinatura do contrato estavam muito abaixo do pedido no leilão de 2013.
Após a suspensão, a Advocacia-Geral da União conseguiu reverter a liminar, e o leilão começou com duas horas e meia de atraso.
CN/abr/lusa/afp/ots
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Da euforia à crise: a trajetória do pré-sal em 16 manchetes
Os altos e baixos da exploração do pré-sal, uma das maiores riquezas naturais do Brasil, noticiados pela mídia. Da descoberta promissora ao enfranquecimento da Petrobras.
Foto: picture alliance/AP Photo
A descoberta do pré-sal
A confirmação de grandes reservas de petróleo na camada pré-sal, em 2007, foi motivo de euforia para o governo. A então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o Brasil entraria para a elite do setor petrolífero, tornando-se exportador. No campo Tupi, localizado na Bacia de Santos, litoral fluminense, a Petrobras estimava um volume de até 8 bilhões de barris de óleo e gás natural.
Foto: Folha de S.Paulo
Projeção de lucros
“A Petrobras é a mãe da industrialização desse país”, disse o então presidente Lula, na primeira extração simbólica de petróleo da camada pré-sal em plataforma da Petrobras. Na época, Lula estimava um investimento de 2 trilhões de reais na economia até 2017.
Foto: UOL
Primeira plataforma de exploração
Em outubro de 2010, o então presidente Lula inaugura a primeira plataforma de exploração de petróleo da camada pré-sal no campo Tupi. O discurso do governo ainda era de euforia e de desenvolvimento da economia a partir daquela nova produção. “O Brasil jogou fora o século 20. O século 21 será inexorável”, afirmou Lula.
Foto: UOL
Lucro recorde na produção
No ano seguinte (2011), a Petrobras anunciou lucro líquido recorde na receita de 2010: mais de 35 bilhões de reais. O aumento e a diversificação da produção da petrolífera, impulsionada pelo pré-sal, geraram na época os resultados mais positivos dos últimos anos.
Foto: Portal G1
As cidades do pré-sal
A economia das cidades litorâneas da região onde a Petrobras investiu na exploração do pré-sal passou por um boom. Investimentos ligados ao setor do petróleo atraíram empreendimentos e geraram empregos. Na cidade de Santos, litoral paulista, o segmento imobiliário foi um dos beneficiados na época.
Foto: Portal G1
Royalties do petróleo
Após estabelecer em 2012 a divisão dos royalties do pré-sal entre os governos federal, estadual e municipal, a então presidente Dilma sancionou, em 2013, lei que destina 100% dos royalties obtidos pela Unão à educação (75%) e saúde (25%). A sanção ocorreu após as manifestações de junho daquele ano, quando brasileiros foram às ruas pedindo melhorias nos serviços públicos.
Foto: Estadão
Leilão do pré-sal abaixo das expectativas
Em outubro de 2013, acontece o primeiro leilão para a concessão de áreas para exploração de petróleo e gás natural no pré-sal sob o regime de partilha de produção, no qual a Petrobras teria participação mínima de 30%. O leilão teve apenas uma proposta sob o valor mínimo exigido pelo governo. Especialistas diziam que a Petrobras deveria assumir a exploração sozinha, para evitar perdas.
Foto: UOL
Ameaça aos investimentos no pré-sal
Em 2014, a crise internacional no setor petrolífero começou a afetar os investimentos que a Petrobras fazia na exploração do pré-sal. A queda do preço do barril de petróleo no mercado dificultou os lucros da companhia. Crise seria aprofundada meses depois.
Foto: Veja
Os royalties e a crise do petróleo
Devido à crise no setor do petróleo e à queda no preço do barril do óleo, a arrecadação do governo por meio dos royalties do pré-sal registrou uma baixa de 35% em abril de 2015. Estados e municípios também foram prejudicados com repasse abaixo do esperado.
Foto: Veja
Gigantes na exploração do pré-sal
Em meio à crise internacional e à crise institucional da Petrobras – devido às investigações da operação Lava Jato –, a Shell torna-se a maior sócia da exploração do pré-sal no Brasil.
Foto: Portal Terra
Corrupção afeta lucros da Petrobras
O balanço de 2014 da companhia apontou um rombo de 22 bilhões de reais devido aos crimes de corrupção revelados pela Lava Jato e à reavaliação de ativos da empresa. As perdas naquele ano sinalizaram mais dificuldades na produção do pré-sal, já prejudicadas pelo preço do petróleo no mercado internacional.
Foto: Folha de S.Paulo
Menor autonomia brasileira
Em fevereiro de 2016, o Senado aprovou alterações no regime de partilha na exploração do pré-sal no Brasil. A Petrobras deixa de ser a operadora única, abrindo espaço para empresas estrangeiras participarem de futuros leilões das áreas petrolíferas. Assim, não é mais obrigatória a participação mínima de 30% da estatal brasileira nos consórcios de exploração do pré-sal.
Foto: Folha de S.Paulo
Prejuízo recorde
Mais de 34 bilhões de reais. Este foi o prejuízo da Petrobras no ano de 2015, segundo balanço divulgado em março de 2016. A empresa justificou o rombo com a crise do setor do petróleo, a crise econômica brasileira e a perda de credibilidade da empresa no mercado, abalada pelas denúncias e investigações da Lava Jato.
Foto: Portal G1
Depois da tempestade vem a bonança
Após três trimestres consecutivos no vermelho, o balanço da Petrobras voltou a ser positivo no segundo trimestre de 2016. A empresa registrou nesse período lucro líquido de 370 milhões de reais. Segundo a estatal, o resultado se deve à redução de despesas, ao aumento de 7% da produção total de petróleo e gás natural, e à redução de custos da produção, entre outros fatores.
Foto: Portal G1
Petroleiras estrangeiras de olho no pré-sal
Após mudanças no regime de exploração do pré-sal, aprovadas pelo Senado, companhias petrolíferas já pressionam o governo para alterações regulatórias. Leilões estão previstos para 2017, mas a Petrobras não deverá participar de nenhum. A empresa deverá se concentrar na redução de dívidas e na exploração dos campos de Libra e Lula, disse uma fonte ao jornal "O Globo".
Foto: O Globo
Novo prejuízo em 2016
Após três trimestres consecutivos no vermelho, o balanço da Petrobras voltou a ser positivo no segundo trimestre de 2016. A empresa registrou nesse período lucro líquido de 370 milhões de reais. Segundo a estatal, resultado se deve à redução de despesas, aumento de 7% da produção total de petróleo e gás natural, redução de custos da produção, entre outros fatores.