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Governo Bolsonaro diante de sua primeira baixa

16 de fevereiro de 2019

Denúncias de que partido do presidente teria usado candidaturas laranjas devem custar cargo do ministro Gustavo Bebianno, um dos principais articuladores da campanha que levou Bolsonaro ao poder.

Gustavo Bebianno chefiou o partido de Bolsonaro durante quase todo o ano de 2018
Gustavo Bebianno chefiou o partido de Bolsonaro durante quase todo o ano de 2018Foto: picture-alliance/AP/L. Correa

Menos de dois meses após a posse, o governo Jair Bolsonaro está diante de sua primeira baixa, com a provável demissão do ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral do Planalto, dada como certa pela imprensa brasileira.

Um dos principais articuladores da campanha que levou Bolsonaro ao poder, Bebianno está no centro de uma crise instalada em Brasília em meio às denúncias de que o PSL, partido que ele presidiu entre janeiro e outubro de 2018, teria usado candidaturas laranjas (entenda o caso).

O escândalo dentro do partido de Bolsonaro por si só já seria suficiente para abalar o governo de um presidente que foi eleito com o combate à corrupção entre suas principais promessas. Mas Bebianno acabou entrando em confronto também com um dos filhos de Bolsonaro.

Na terça-feira, para mostrar que não havia crise, Bebianno disse ter conversado três vezes com Bolsonaro. No dia seguinte, Carlos Bolsonaro usou sua conta no Twitter para negar as conversas. Endossado pelo pai, chamou Bebianno de mentiroso e postou um áudio do presidente para provar.

O próprio Bolsonaro compartilhou em seu Twitter as mensagens de Carlos e, falando à TV Record, afirmou que Bebianno poderia deixar o governo. Na noite de sexta-feira, a demissão do ministro já erada considerada certa pelos jornais brasileiros.

"A tendência é essa, a exoneração", admitiu Bebianno neste sábado, segundo o jornal Folha de S. Paulo.

Advogado, Bebianno ganhou a confiança da família ao assumir a defesa de Bolsonaro em algumas ações. Foi ele que articulou a manobra que tirou Bolsonaro do Patriota e viabilizou sua candidatura pelo PSL. Ele assumiu o comando do partido interinamente em 2018, como figura de confiança de Bolsonaro. Após a vitória nas urnas, deixou a chefia da legenda e ganhou um cargo no governo.

O caso de Bebianno se complicou com a revelação de que ele liberou 250 mil reais de verba de campanha para a candidatura de uma ex-assessora à Assembleia Legislativa pernambucana. A maior parte do dinheiro foi para uma gráfica pertencente ao atual presidente do PSL, Luciano Bivar, no município de Amaraji, no interior de Pernambuco.

A reportagem do jornal Folha de S. Paulo identificou pagamentos de sete candidatos do PSL para a gráfica, em valores que somam 1,23 milhão de reais. De acordo com o diário, 88% desse montante foi aprovado por Bebianno, coordenador da campanha de Bolsonaro.

O atual escândalo respingou também em outro membro do gabinete de governo, o ministro do Turismo Álvaro Antônio. Deputado federal do PSL por Minas Gerais e presidente do partido no estado no ano passado, ele teria liderado, segundo o jornal Folha de S. Paulo, um esquema envolvendo candidatas laranjas. Elas tiveram poucos votos e teriam usado parte da verba de campanha com empresas vinculadas ao ministro. O vice-presidente da República, José Hamilton Mourão, chamou de "grave" as acusações contra o ministro.

RPR/ots

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