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Governo brasileiro faz nova tentativa para reduzir número de cesarianas

20 de março de 2012

Mais da metade dos bebês brasileiros vêm ao mundo por meio de cesarianas, um índice bem acima dos 15% recomendados pela OMS. Criação de centros de parto normal é uma das apostas do governo para desestimular as cirurgias.

Foto: picture-alliance/dpa

Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que no máximo 15% do total de partos realizados num sistema de saúde sejam cesarianas, em países como Brasil, Estados Unidos e Alemanha esse índice é mais do que o dobro.

O Brasil é um dos campeões mundiais em números de cesarianas. No país, 52% dos bebês vêm ao mundo por meio da cirurgia – ou seja, 1,5 milhão dos mais de 2,8 milhões de partos realizados em 2010. Dez anos atrás, o índice era de 37,8%.

Tendência ruim

Para o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, o aumento global do número de cesarianas é uma tendência ruim no mundo, e os números brasileiros são alarmantes. Uma das soluções para reduzir o percentual é o financiamento à criação de centros de parto normal. Atualmente existem 25 em funcionamento, e o objetivo é chegar a 200 até 2014.

"É algo que vários países adotam. Não sendo uma doença, o parto pode ser feito por profissional não médico", diz Magalhães, ressaltando que, nos casos em que não há risco à vida da mãe ou do bebê, os procedimentos podem ser feitos por enfermeiros obstetras.

Os centros de parto normal fazem parte do projeto Rede Cegonha, o qual, segundo o ministério, já recebeu 213 milhões de reais em recursos públicos destinados a vários estados. A previsão de investimento chegará a 9,4 bilhões de reais, que deverão ser aplicados, por exemplo, no reforço ao atendimento pré-natal e na ampliação de espaços em leitos.

"Um pré-natal de qualidade tende a induzir as mulheres a confiarem no parto normal com todos os direitos, como acompanhante e analgesia", diz Magalhães.

Ele ressalta ainda que, atualmente, médicos da rede pública recebem mais pelos partos normais do que pelas cesarianas. No caso de gravidez sem risco, o profissional ganha 175 reais por cada bebê que ajudam a vir ao mundo sem cirurgia. No caso da cesariana, o pagamento é de apenas 150 reais.

A grande dificuldade de reduzir o índice de cesarianas no Brasil, porém, reside no grande volume desse tipo de parto na rede privada, que ultrapassa os 82% do total de nascimentos. De acordo com o ministério, cerca de um terço das crianças brasileiras nascem em hospitais e clínicas particulares.

Mães mais velhas optam pela cesariana

"São feitas mais cesarianas do que realmente necessário", afirma Susabbe Steppat, da associação alemã de parteiras. Apesar da facilidade de planejamento, diz Steppat, a cesárea seria uma alternativa ruim para mãe e filho.

Segundo dados divulgados pelo Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha nesta segunda-feira (19/03), um terço dos bebês alemães nascem por cesarianas. Nos últimos 20 anos, os partos por meio de cirurgias saltaram de 15,3% do total registrado em 1991 para 31,9% em 2010, quando foram realizadas 209 mil cesarianas no país.

Para o professor Ulrich Gembruch, da Universidade de Bonn e integrante da Sociedade Alemã de Ginecologia e Obstetrícia, a explicação para o aumento do índice de cesáreas no país é simples: "quanto mais velha a mulher, maior a possibilidade de uma gravidez com risco". Segundo Gembruch, a idade média das mães aumentou muito nos últimos anos.

No Brasil, um estudo que vem sendo realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz pretende descobrir o motivo pelo qual as brasileiras têm optado pela cesariana. O levantamento pretende ajudar o governo a orientar melhor as políticas públicas.

Autora: Mariana Santos
Revisão: Alexandre Schossler

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