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Áustria é processada por infecções em estância de esqui

23 de setembro de 2020

Associação de consumidores acusa autoridades de não agirem para deter surto em resort no Tirol. Turistas estrangeiros que visitaram local acabaram levando doença para seus países de origem.

Pista de esqui em Ischgl
A agência de saúde pública da Áustria rastreou cerca de 600 infecções locais e entre 600 e 1.200 casos de contaminação no exterior ligados ao vale tirolês de PaznaunFoto: picture-alliance/imageBroker

Uma associação austríaca de proteção ao consumidor anunciou nesta quarta-feira (23/09) que apresentou quatro processos contra o governo do país europeu. As autoridades são acusadas de não terem agido para conter um surto de coronavírus em uma estância de esqui no Tirol, que acabou se tornando um epicentro da doença, contaminando turistas do mundo todo durante a fase inicial da pandemia. Estes, por sua vez, acabaram infectando outras pessoas em seus países de origem.

O presidente da Associação de Proteção ao Consumidor (VSV, na sigla em alemão), Pete Kolba, disse que os quatro processos – em nome de um austríaco e três alemães  –  vão servir como teste, para analisar se o Judiciário do país estaria disposto a aceitar uma ação coletiva em nome de 1.000 pessoas que teriam sido infectadas na cidade de Ischgl entre fevereiro e março. Os quatro reclamantes pedem indenizações de até 100 mil euros (R$ 648 mil) cada.

Uma ação apresentada pelo VSV, em nome da família de uma vítima, aborda o caso de um austríaco de 72 anos que teria contraído o vírus em um dos ônibus de evacuação e que morreu posteriormente. Outro caso envolve um turista alemão que chegou a ser internado em uma UTI depois de ser infectado na região. 

"Estes são apenas os primeiros, mas vamos abrir outros processos também", afirmou Kolba. Ele disse ainda, em uma entrevista coletiva, que mais de 6.000 turistas de 45 países, incluindo Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, entraram em contato com a associação para informar que foram infectados em estações de esqui no oeste da Áustria. Pelo menos 32 turistas que visitaram esses resorts austríacos morreram, de acordo com Kolba.

Segundo a VSV, as autoridades não informaram o público sobre o surto em tempo hábil.

Autoridades da Islândia, por exemplo, apontaram em 5 de março que achavam que Ischgl era uma área de risco depois que esquiadores voltaram de lá infectados. Em 7 de março, um garçom em um bar se tornou a primeira pessoa em Ischgl a testar positivo oficialmente.

No entanto, a temporada de esqui – e as festas que normalmente acompanham esse tipo de evento – continuou por vários dias, com os hotéis da região e as pistas permanecendo abertos.

A região só foi colocada em quarentena em 13 de março. Kolba, da VSV, afirma ainda diz que a rápida evacuação de turistas a bordo de ônibus lotados provocou ainda mais infecções. Turistas que deixaram o local descreveram que ficaram sentados ao lado de outras pessoas que espirravam e tossiam.

"O primeiro-ministro Sebastian Kurz é quem introduziu todo esse caos", disse Kolba, apontando que o anúncio de quarentena pelo governo – primeiro postergado, depois anunciado de maneira brusca – não deu às autoridades locais tempo suficiente para administrar melhor a evacuação.

Investigadores da agência de saúde pública da Áustria rastrearam cerca de 600 infecções locais e entre 600 e 1.200 casos de contaminação no exterior ligados ao vale tirolês de Paznaun, que inclui a cidade de Ischgl.

Desde o início da pandemia, a Áustria registou 39.984 casos de covid-19. Pelo menos 771 pessoas morreram no país.

JPS/afp/dpa

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