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Governo de Bremen acusado de omissão em morte de criança

(as)12 de outubro de 2006

Secretária da Assistência Social da cidade-Estado se afasta do cargo após assumir responsabilidade pela morte de menino de 2 anos, cujo corpo foi encontrado na geladeira da casa do pai.

Secretária Karin Röpke, que estava informada da situação do garoto KevinFoto: AP

O governo da cidade-Estado de Bremen está sendo acusado de omissão pela imprensa no caso da morte de uma criança de 2 anos e 10 meses de idade. O corpo do garoto Kevin foi encontrado na geladeira da casa em que vivia com o pai, um dependente de drogas, nesta terça-feira (10/10).

A secretária de Assistência Social de Bremen, Karin Röpke, assumiu a responsabilidade pela morte da criança e se afastou do cargo. "Uma criança morre porque o Estado falha", escreveu o diário Süddeutsche Zeitung. "Todos estavam informados, até mesmo o prefeito."

Tutela do Estado

Kevin estava sob a tutela do Estado desde a morte da mãe, em novembro do ano passado. Mesmo assim, vivia com o pai, de 41 anos, que faz tratamento para se livrar da dependência de metadona, está fichado na polícia e é investigado pela morte da mãe de Kevin.

Segundo o diretor do Departamento para Juventude (Jugendamt), Jürgen Hartwig, as autoridades não sabiam que o pai de Kevin estava fichado e já havia sido condenado por agressão quando permitiram que o garoto retornasse para casa. O Departamento da Juventude é o órgão da administração municipal responsável pelo cumprimento dos direitos de crianças e adolescentes.

Secretária sabia do caso

Tanto o prefeito de Bremen, Jens Böhrsen, como a secretária Röpke estavam informados do caso de Kevin. Em novembro de 2005, quando o Estado assumiu a tutela do garoto, ele foi levado a um lar de menores mantido pelo Lyons Club local. Como membro do clube, o prefeito ficou sabendo da situação de Kevin.

O destino de Kevin começou a ser selado quando o Departamento para Juventude decidiu que o garoto poderia voltar a morar com o pai. A decisão não foi bem vista por integrantes do lar de menores que haviam percebido sinais de maus-tratos em Kevin.

Ao ficar sabendo que o garoto voltara à casa paterna, o prefeito cobrou da secretária Röpke que se mantivesse a par da situação. Ela prometeu que se ocuparia da questão. "Hoje me pergunto se poderíamos ter feito mais, se deveríamos ter perguntado mais", disse o prefeito.

Corpo estava na geladeira

Ciente da situação, o Jugendamt começou em setembro um processo para retirar o garoto da casa do pai. A decisão favorável da Justiça alemã saiu apenas no dia 2 de outubro. No dia 10, esta terça-feira, funcionários do departamento, acompanhados de policiais, foram à casa do pai de Kevin para buscar o garoto.

Era tarde demais. A porta da casa foi arrombada e a polícia encontrou o corpo de Kevin na geladeira. O próprio pai indicou aos policiais o local onde estava o cadáver.

Muitas perguntas continuam sem resposta: é possível que as autoridades não soubessem que o pai de Kevin estava sendo investigado? Por que o garoto não foi retirado da casa do pai mesmo sem autorização judicial, já que ele estava sob tutela do Estado? Por que se passaram meses sem que funcionários do Departamento da Juventude fossem visitar Kevin?

Ainda não se sabe quando Kevin morreu. Resultados preliminares da autópsia mostram que o corpo apresenta vários ossos quebrados e um hematoma na cabeça. Além do pai, a última pessoa a ver Kevin com vida foi um médico que o consultou, em julho passado. As causas da morte ainda são desconhecidas. O pai responderá a processo por homicídio.

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