Benjamin Netanyahu e Benny Gantz são empossados em governo de coalizão com mandato de três anos, após mais de 500 dias de impasse. Antigos rivais se alternam no poder. Cada um será premiê durante 18 meses.
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Após três eleições e mais de 500 dias sem governo, Israel terminou neste domingo (17/05) a maior crise política de sua história recente com a posse de um governo de unidade composto pelo primeiro-ministro de direita, Benjamin Netanyahu, e seu ex-rival centrista Benny Gantz.
Em uma cerimônia em Jerusalém, o Knesset, o Parlamento de Israel, aprovou formalmente o governo de coalizão de três anos por 73 votos a favor e 46 contra. Netanyahu e Gantz foram empossados como primeiro-ministro e "primeiro-ministro alternativo", respectivamente, sendo que Gantz passa a comandar a pasta da Defesa até assumir diretamente a chefia de governo dentro de 18 meses.
Netanyahu pertence ao partido Likud, de direita. Seu ex-rival Gantz lidera a aliança centrista Azul e Branco.
"Este é um dia importante para o Estado de Israel", disse Netanyahu no Knesset. "O novo governo foi formado com o apoio da maioria de Israel e será o governo de todos os israelenses", acrescentou. Ele também prometeu continuar com controversos planos de anexar grandes partes da Cisjordânia ocupada. Netanyahu disse que seu novo governo deve aplicar a soberania israelense sobre os assentamentos da Cisjordânia.
Falando depois de Netanyahu, Gantz elogiou o primeiro-ministro por tomar a "decisão corajosa e importante" de cooperar com ele, dizendo que seu novo governo encerraria a "pior crise política" da história de Israel.
Ambos concordaram no mês passado com um acordo de compartilhamento de poder. A data inicial de posse, prevista para a quinta-feira passada, foi adiada após Netanyahu ter solicitado mais três dias, para fazer nomeações de seu gabinete.
O acordo de coalizão de três anos determina que Netanyahu atue como primeiro-ministro pelos próximos 18 meses. Gantz atuará como "primeiro-ministro alternativo", um cargo recém-criado em Israel, e comandará a pasta da Defesa. Após esse período, ele e Netanyahu trocam de papéis.
Lutar contra o coronavírus e melhorar a economia devastada de Israel também foram listados como as prioridades políticas do novo governo.
Primeiro-ministro que ficou mais tempo no cargo na história de Israel, Netanyahu, de 70 anos, chegou ao poder em 1996 e cumpriu três mandatos consecutivos desde 2009. Ele deve ser julgado em 24 de maio por acusações de fraude, recebimento de propina e abuso de confiança, que ele nega.
Ao assumir a chefia de governo "alternativa" após passar o cargo a Gantz, Netanyahu espera evitar ter que renunciar sob as regras legais que permitem que um primeiro-ministro permaneça no cargo, mesmo se acusado de um crime.
O novo Executivo tem previsão de abrigar 34 ministérios, partilhados equitativamente entre os dois campos políticos, se tornando o governo com maior número de pastas na história de Israel – algo que rendeu duras críticas, devido à crise econômica que atinge o país por causa da pandemia de covid-19.
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.