Governo e manifestantes mantêm queda de braço em Hong Kong
1 de outubro de 2014
Protestos pró-democracia entram no quinto dia. Jovens ignoram alertas das autoridades e aproveitam Dia Nacional da China para ampliar ocupação e bloqueios de praças e ruas.
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O quinto dia de protestos em Hong Kong começou nesta quarta-feira (01/10) sem qualquer sinal de que um dos lados cederá. Em pleno Dia Nacional da China, os manifestantes mantêm o acampamento que paralisa o centro da cidade, e o governo se nega a atender os pedidos do movimento por mudanças políticas.
As manifestações por democracia e por eleições livres agora já se estendem à zona onde está prevista a cerimônia de hasteamento de bandeiras pelas celebrações do Dia Nacional da China.
Os jovens concentrados na Admiralty, zona onde se encontram os escritórios centrais do governo local, começaram por volta da meia-noite desta quarta (no horário local) a deslocar-se para a praça Golden Bauhinia, cujo acesso já se encontrava bloqueado por agentes da polícia.
Desde terça-feira, as dezenas de milhares de manifestantes vêm ampliando o bloqueio nas ruas de Hong Kong, estocando suprimentos e erguendo barricadas diante de uma possível repressão policial.
A tropa de choque usou spray de pimenta e gás lacrimogêneo contra os manifestantes no fim de semana, mas, até o início da madrugada desta quarta-feira, não houve confrontos.
Líderes estudantis deram ao chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, um ultimato para sair e negociar com os manifestantes. Eles ameaçam uma escalada das ações nos próximos dias para ocupar mais instalações do governo, prédios e vias públicas.
A China disse apoiar a maneira como as autoridades de Hong Kong estão lidando com os protestos. "Acreditamos totalmente no governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong e o apoiamos para lidar com esse problema", disse o porta-voz do Ministério do Exterior, Hua Chunying. "Somos contra qualquer ato ilegal em Hong Kong."
Os manifestantes, em sua maioria estudantes, exigem democracia plena e pedem que Leung deixe o cargo após o governo chinês, um mês atrás, ter dito que teria direito de vetar candidatos nas próximas eleições de Hong Kong, marcadas para 2017.
O presidente chinês, Xi Jinping, não se manifestou sobre os protestos. Entretanto, a mídia estatal chinesa afirmou na terça-feira que Pequim não recuará diante das manifestações. "O governo central não recuará só por causa do caos criado pelos oposicionistas", escreveu o Global Times.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse estar extremamente preocupado com os enfrentamentos entre a polícia e manifestantes na antiga colônia britânica. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou esperar que se possam resolver de "forma pacífica" os conflitos.
Protestos pró-democracia em Hong Kong
Manifestações vêm sufocando o território autônomo, levando a uma quase paralisação da vida pública. O que começou como uma greve de estudantes ganhou a adesão de milhares de ativistas.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Confrontos entre manifestantes pró e contra os protestos
Manifestantes contrários aos protestos pró-democracia (e) entraram em confronto nesta sexta-feira (03/10) com aqueles que há dias ocupam o centro de Hong Kong. Eles destruíram barracas, rasgaram faixas e atiraram garrafas contra os integrantes do movimento Occupy Central. A polícia precisou intervir.
Foto: Alex Ogle/AFP/Getty Images
Chefe do Executivo não renuncia
Minutos antes da meia-noite da quinta-feira (02/10), o chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying (d), e sua secretária de governo Carrie Lam deram uma entrevista ressaltando que não vão deixar o governo. Eles concordaram, porém, em conversar com os estudantes, que haviam dado um ultimato: exigiam a renúncia do líder até o fim da quinta-feira, caso contrário, ocupariam prédios do governo.
Foto: AFP/Getty Images/A. Wallace
Dia Nacional da China
Manifestantes ocuparam ruas centrais de Hong Kong na quarta-feira (01/10), Dia Nacional da China. Inicialmente, esta era a data marcada para o começo dos protestos por mais democracia e eleições livres.
Foto: Reuters/Tyrone Siu
De costas para a China
Durante uma cerimônia em comemoração ao Dia Nacional da China, os manifestantes viraram as costas para o evento e para bandeira chinesa, proferindo as palavras "queremos democracia de verdade". O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, rejeitou uma reunião com os manifestantes.
Foto: picture-alliance/dpa/Dennis M. Sabangan
Ruas bloqueadas
Apesar de apelos do governo, dezenas de milhares passaram a noite em vigília e amanheceram bloqueando as ruas de Hong Kong nesta terça-feira (30/09). Os manifestantes estocaram alimentos e ergueram barreiras improvisadas, esperando uma reação da polícia no Dia Nacional da China.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Bombas contra os manifestantes
Na noite de domingo para segunda-feira (29/09), policiais atacaram o movimento pela democracia com bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e cassetetes. Fontes da própria polícia falam em 38 feridos.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Caos no transporte público
Em vários pontos nevrálgicos da cidade – não apenas no distrito financeiro, mas também na península de Kowloon –, os manifestantes bloquearam cruzamentos e algumas das principais avenidas, deixando a região administrativa especial da China em situação caótica no final de semana. O departamento de trânsito afirmou que duzentas linhas de ônibus e boa parte das linhas de bondes sofreram interrupções.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Vida pública paralisada
Também escolas e comércio nas áreas afetadas pelos protestos estão parcialmente fechados. Aos pais, foi recomendado que deixassem as crianças em casa. Bancos e empresas de investimentos de grande porte tiveram que tomar precauções, estabelecendo um plano de contingência para se manter em operação.
Foto: Reuters/Carlos Barria
Uma semana de protestos
Os protestos que vêm sufocando o território autônomo chinês foram iniciados na segunda-feira (22/09) com uma greve de estudantes. Desde então, ganharam maiores proporções. Durante o fim de semana seguinte, o movimento Occupy Central se juntou aos estudantes. Os manifestantes exigem eleições democráticas e a renúncia do líder do governo de Hong Kong, Leung Chun-ying.
Foto: Reuters
Estopim dos protestos
Os manifestantes não aceitam uma determinação da liderança comunista da China em Pequim, que estabelece que apenas candidatos pré-selecionados pelas lideranças em Pequim poderão concorrer às eleições para o governo de Hong Kong em 2017. Na prática, isso significa que nomeações de candidatos críticos ao governo estão excluídas.
Foto: XAUME OLLEROS/AFP/Getty Images
"Um país, dois sistemas"
Desde que foi devolvida à China em 1997, a ex-colônia do Império Britânico recebeu status especial. Ao contrário da China, em Hong Kong há liberdade de imprensa e de reunião. No entanto, Pequim quer manter o controle político sobre a região e observa os protestos atuais de perto, rejeitando "atividades ilegais" que "põem em risco a paz social".
Foto: Reuters/Bobby Yip
Reação de Pequim
O governo chinês classifica as manifestações de "reuniões ilegais", mas se diz confiante de que as autoridades locais poderão lidar legalmente com os protestos, segundo informações da agência de notícias Xinhua ao citar um porta-voz do Conselho de Estado.