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Governo e ONGs alemãs saúdam vitória de Lula

Marcio Weichert29 de outubro de 2002

Chefe de governo e presidente da Alemanha felicitam petista e querem encontrá-lo em breve. Anistia Internacional, Confederação Sindical Alemã e organizações religiosas depositam esperança num Brasil mais justo.

A esperança brasileira de justiça social também é alimentada na AlemanhaFoto: AP

Como manda o protocolo, as duas mais altas autoridades alemãs enviaram mensagens de felicitação a Luís Inácio Lula da Silva (PT) por sua vitória na eleição presidencial de domingo. De tão formais, chegam a ser bem similares, à exceção da passagem em que o presidente Johannes Rau parece melhor informado do que o chanceler federal Gerhard Schröder.

Enquanto este convida o futuro presidente do Brasil a vir visitá-lo, o chefe de Estado afirma ter boas recordações de seu primeiro encontro com Lula e antecipa que ficará feliz em poder reencontrar o petista por ocasião "da viagem que está planejando fazer à Alemanha ainda antes de sua posse". De fato, segundo o PT, Lula deverá fazer ainda este ano um périplo pela Argentina, México, EUA, Portugal, França e Alemanha.

Tanto Schröder quanto Rau desejaram "sorte e sucesso". E "boas realizações", acrescenta a mensagem do presidente alemão. Ambos esperam a continuidade e o fortalecimento das relações bilaterais entre Brasil e Alemanha. Já a ministra da Cooperação Econômica, Heidemarie Wieczorek-Zeul, garantiu que Lula pode confiar no governo alemão como parceiro e disse esperar que os mercados se acalmem agora, após "a clara decisão democrática do povo brasileiro".

Disposição ao diálogo - Já as organizações não-governamentais alemãs saudaram a vitória do PT e vêem o surgimento de melhores condições para que o país sul-americano entre num período de justiça social. "Nossos parceiros no Brasil avaliam que haverá uma sensível melhora política. Em Brasília estará um interlocutor disposto a ouvir os movimentos sociais e a atender as demandas da população", afirma Henning Retz, encarregado dos projetos da Pão para o Mundo (Brot für die Welt) no Brasil. A entidade da Igreja Luterana dedica-se sobretudo a questões de reforma agrária e desenvolvimento sustentável.

Claudio Moser, da Misereor, da Igreja Católica, não pensa diferente. "Recebemos com muita alegria o resultado da eleição. Esperamos que, por suas origens, o governo consiga promover medidas de combate à pobreza, à fome e à injustiça social", afirma o teólogo encarregado de projetos no Brasil. Ele está otimista: "Não faltam recursos. O Brasil é um país rico. O Brasil carece de justiça, de dar vez aos excluídos, aos pobres. Com Lula, surge a possibilidade de um governo aberto ao diálogo direto e franco com a sociedade em geral."

Paz social - Moser discorda daqueles que prevêem o caos no país, com a proliferação de greves e invasões de terras. "Uma ocupação de terra se dá como última medida, quando o diálogo não funciona. Se o governo está aberto ao diálogo, se os anseios e as necessidades da maior parte da população são ouvidos e levados a sério, não há necessidade deste tipo de ação. Creio que a sensibilidade de Lula para estes temas terá como consequência um clima de paz social", expõe o teólogo.

Para a Confederação dos Sindicatos Alemães (DGB), o mesmo não se pode esperar na área sindical. "Afinal há mais de uma central no país. Além da CUT, há outras, como a Força Sindical, que possivelmente ficará na oposição e assim se fortalecerá", declara Manfred Bringmann, responsável pelas relações da DGB com o Brasil.

Por sua vez, a Anistia Internacional espera de Lula passos conseqüentes no combate ao desrespeito aos direitos humanos no Brasil. Para o porta-voz da seção alemã da AI, Dawid Bartellt, Lula tem a oportunidade de implantar o primeiro governo democrático de fato do país.

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