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PolíticaVenezuela

Governo e oposição da Venezuela iniciam negociação

14 de agosto de 2021

Conversas ocorrem no México e são mediadas pela Noruega. Maduro diz estar disposto a negociar desde que sanções sejam retiradas. Oposição quer eleições "livres e justas" em novembro.

Delegações da Venezuela
Delegações irão discutir agenda de sete itens, que não inclui a renúncia de Maduro Foto: Marco Ugarte/AP/picture alliance

O governo da Venezuela e membros da oposição iniciaram na sexta-feira (14/08) no México negociações sobre a realização de eleições e a retirada de sanções com o objetivo de colocar um fim na longa e severa crise política e econômica que afeta o país.

Tentativas anteriores de negociação, ocorridas na República Dominicana em 2018 e em Barbados em 2019, não tiveram sucesso em solucionar conflitos entre o presidente Nicolás Maduro e Juan Guaidó, líder da oposição reconhecido como presidente da Venezuela por cerca de 60 países.

Nenhum dos dois participou de um evento de abertura das conversas no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México. No lugar, representantes de ambos os lados assinaram um documento no qual concordam em realizar "um processo abrangente de diálogo e negociação", mediado pela Noruega e promovido pelo governo mexicano.

O memorando de entendimento menciona a necessidade de que "sanções sejam retiradas", a economia seja estabilizada e que qualquer tipo de violência política seja evitada.

Eleições em novembro

A Venezuela "está em condições muito ruins. Nosso povo está sofrendo a pior crise da sua história moderna", disse Gerardo Blyde, líder da comitiva da oposição, prevendo "momentos difíceis" para os negociadores.

A oposição deseja eleições "livres e justas" em 21 de novembro, quando os venezuelanos devem ir às urnas para eleger prefeitos, governadores e deputados locais e regionais.

Jorge Rodriguez, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e líder da delegação do governo, pediu que haja progressos na direção de "acordos urgentes" que amenizem o sofrimento enfrentado pelos venezuelanos.

Os dois lados irão se reunir novamente em 30 de agosto, para discutir uma agenda de sete itens, que não inclui a renúncia de Maduro, acusado pela oposição de ter sido reeleito mediante fraude em 2018.

Retirada das sanções

Na sexta, Maduro celebrou a negociação em uma mensagem no Twitter e agradeceu ao México e à Noruega "pelos seus esforços para a paz do povo venezuelano". Ele disse estar pronto para conversar com "toda a oposição", mas exigiu a retirada de sanções internacionais para iniciar a negociação.

Contudo, Peter Hakim, presidente emérito do think tank americano Inter-American Dialogue, disse ser improvável que Maduro aceite realizar eleições presidenciais amplas e justas.    

"Maduro parece estar firme no poder, com mais confiança do que nunca, enquanto a oposição permanece mais dividida do que nunca, sem uma estratégia efetiva, e com apoio internacional e regional enfraquecido", disse.

Maduro "pode estar aberto a aceitar algumas vitórias eleitorais da oposição, desde que a oposição mais militante não faça parte, e que elas não ameacem seu poder ou controle", afirmou.

A situação da economia da nação sul-americana foi agravada por uma rodada de novas sanções impostas pelos Estados Unidos após a eleição contestada de 2018. Washington quer que Maduro tome ações concretas para realizar eleições antes de retirar as sanções ao país.

bl (AFP, DW)