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Mubarak na Alemanha?

6 de fevereiro de 2011

Após duas semanas de protestos contra o regime de Hosni Mubarak, reunião entre oposição e governo acerta implementar promessas do presidente egípcio. "New York Times" diz que ele poderia vir se tratar na Alemanha.

Governo e oposição na mesma mesaFoto: dapd

Uma ligeira aproximação entre governo e oposição aconteceu neste domingo (06/02) no Egito, quase duas semanas após o início dos protestos contra o regime do presidente Hosni Mubarak.

Após a reunião entre o vice-presidente, Omar Suleiman, e representantes da oposição egípcia, a mídia estatal relatou um consenso inicial com vista à implementação das recentes promessas de Mubarak. Entre elas estão uma mudança constitucional, mais liberdade de imprensa e fim do estado de sítio – assim que a situação da segurança no país permitir.

Na sequência do encontro no Cairo, ambas as partes anunciaram a criação de um grupo de trabalho que será responsável pelos preparativos de novas conversas. Ao mesmo tempo, a declaração do governo leva a crer que Hosni Mubarak continuará no cargo, para implementar as reformas.

Irmandade Muçulmana

Segundo a oposição, o vice-presidente Suleiman recusou a exigência dos opositores de assumir o cargo de chefe de Estado. "Nós pedimos a ele que o presidente passe o poder ao vice-presidente, de acordo com o Artigo 139 da Constituição", disse um representante oposicionista.

Omar Suleiman (c) se reúne com oposiçãoFoto: AP

Por outro lado, a renúncia imediata de Mubarak é a principal exigência das milhares de pessoas que há dias vão às ruas protestar. Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, que participou da reunião, disse que o encontro revelou boa vontade, mas não trouxe nenhum progresso substancial.

Além do movimento islâmico Irmandade Muçulmana, proibido oficialmente e até então desconsiderado pelo governo egípcio, personalidades sem vínculos políticos também participaram da reunião, como o empresário cristão Naguib Sawiris, relatou a mídia estatal.

Em entrevista à emissora árabe Al Jazeera, a Irmandade Muçulmana declarou posteriormente que, até o momento, ainda não se pode falar em negociações. O importante movimento de oposição afirmou que vai se reunir nesta segunda-feira, para discutir a continuidade de sua posição.

Solução honrosa

Enquanto isso, europeus e norte-americanos pressionam por uma solução intermediária, que não implicaria uma renúncia imediata de Mubarak. À procura de uma saída honrosa para o presidente egípcio, o jornal The New York Times explicitou o seguinte cenário: Mubarak, de 82 anos, viria para a Alemanha, onde se submeteria a um tratamento prolongado de saúde.

Essa não seria a primeira vez que Mubarak viria para a Alemanha se tratar. No ano passado, ele foi operado da vesícula no Hospital Universitário de Heidelberg. Em 2004, Mubarak tratou uma hérnia de disco numa clínica de Munique.

Até agora, o governo alemão não confirmou essa possibilidade. Diversos políticos alemães, no entanto, se pronunciaram a favor da ideia. Ruprecht Polenz, presidente do Comitê de Política Externa do Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, disse aceitar que Mubarak venha se tratar na Alemanha. Ele salientou, todavia, que qualquer decisão sobre o futuro político do presidente cabe ao Egito.

O vice-presidente das bancadas dos partidos conservadores na coalizão de governo em Berlim, Andreas Schockenhoff, também afirmou estar de acordo com um exílio de Mubarak na Alemanha, caso isso ajude a resolver o problema da luta de poder no Egito.

Protestos continuam no CairoFoto: dapd

Já a porta-voz da bancada do Partido Liberal, Elke Hoff, ressaltou que uma vinda de Mubarak à Alemanha não significaria um asilo político.

Por outro lado, ao ser perguntado sobre o que achava da ideia, o especialista em assuntos de segurança do Partido Verde, Omid Nouripour, disse simplesmente: "Nada".

Vida normal e protestos

Aos poucos, a população retoma a rotina no Egito. O diretor da Câmara de Comércio Árabe Alemã, Rainer Herret, disse que muitas empresas retomaram a produção. Neste domingo, primeiro dia de trabalho da semana muçulmana, diversos bancos abriram pela primeira vez desde o início dos protestos, gerando longas filas.

Os protestos, no entanto, continuam na praça Tahrir. Neste domingo, milhares de pessoas voltaram a se reunir no centro do Cairo para pedir a renúncia imediata de Mubarak.

CA/dpa/dapd/afp/rtr
Revisão: Alexandre Schossler

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