Governo e PM chegam a acordo para fim da greve no ES
11 de fevereiro de 2017
Após uma semana de paralisação, policiais militares voltam a trabalhar na manhã deste sábado. Agentes não sofrerão punições administrativas, se cumprirem prazo estipulado. Governo não atende pedido de reajuste salarial.
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O governo do Espírito Santo e associações de policiais militares anunciaram nesta sexta-feira (10/02) a assinatura de um acordo para o fim a paralisação dos agentes e para a retomada das atividades, em todos os batalhões, neste sábado a partir das 7h.
"Conversamos com os nossos soldados e pedimos bom senso e que retomem as atividades. São mais de 100 mortes", disse o secretário estadual de Direitos Humanos, Júlio Cesar Pompeu. "Estou esperançoso de que não serão necessárias medidas para garantir o império da lei", acrescentou.
Pelo acordo, segundo Pompeu, os militares não sofrerão sanções administrativas, se voltarem a trabalhar no prazo estipulado, mas o indiciamento de 703 policiais pelo crime de revolta será julgado pela Justiça. Se condenados, a pena é de oito a 20 anos de detenção em presídio militar e a expulsão da corporação.
O secretário de Segurança Pública, André Garcia, afirmou que os policiais foram indiciados pelo crime militar de revolta por estarem armados e aquartelados nos batalhões.
O pedido de reajuste salarial não foi atendido. O movimento pedia um aumento de 20% imediato e de 23% escalonado. O governo, porém, garantiu que apresentará uma proposta em abril, dependendo dos resultados fiscais do estado.
As mulheres de policiais que bloqueiam a entrada dos batalhões não participaram das negociações. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o presidente da Associação de Cabos e Soldados, Renato Martins Conceição, disse que eles irão dialogar com os familiares de militares que participam do movimento para o fim da ação.
A greve dos PMs começou de forma inusitada na sexta-feira passada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam a porta da frente de uma companhia militar e impediram a saída de viaturas. O movimento se espalhou para outros batalhões no estado. Desde o início da paralisação, uma onda de violência atingiu o estado e já deixou ao menos 121 mortos.
Para diminuir o caos, o governo do Espírito Santo pediu na segunda-feira ajuda da Força Nacional e do Exército, além de transferir na quarta-feira o controle da segurança pública às Forças Armadas.
CN/abr/efe/ots
Greve da PM gera caos no Espírito Santo
A paralisação dos policiais militares no estado provoca onda de violência, saques e depredação. Mais de cem pessoas morrem de forma violenta na primeira semana do protesto. População vive clima de insegurança nas ruas.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Medo de sair às ruas
A paralisação dos policiais militares no Espírito Santo provocou uma onda de violência, saques e depredação. Mesmo patrulhamento ostensivo das Forças Armadas não conseguiu devolver a tranquilidade à população. Mais de cem pessoas foram mortas de forma violenta no estado na primeira semana do protesto, e a população evita sair de casa.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Bloqueio de batalhões
A greve dos PMs começou de forma inusitada, quando familiares dos policiais, em especial mulheres, ocuparam o acesso de uma companhia militar, impedindo a saída de viaturas. A partir de então, o movimento se espalhou rapidamente, com a criação de grupos de WhatsApp. As portas de praticamente todos os 14 batalhões militares e oito companhias foram ocupadas por famílias de soldados.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Ajuda do Exército e da Força Nacional
Para ajudar a conter a onda de violência, o governo federal liberou as Forças Armadas para atuar no patrulhamento no estado e enviou 200 militares da Força Nacional para a região. Mas a situação continua caótica. Aulas em escolas e atendimentos em postos de saúde continuam suspensos.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Dificuldade para comprar alimentos
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou, após a chegada das Forças Armadas, que as ocorrências diminuíram, mas números oficiais não foram divulgados. A população enfrenta dificuldades até mesmo para comprar alimentos. Os poucos supermercados abertos lotam, com consumidores disputando mercadorias para estocá-las.
Foto: picture-alliance/Estadao Conteudo/W. Junior
Paralisação de policiais civis
Em meio ao caos na segurança pública, policiais civis do Espírito Santo fizeram uma paralisação de doze horas nesta quarta-feira (08/02), em protesto pela morte de um investigador na cidade de Colatina. Organizações da classe não descartaram também entrar em greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho.
Roubos, assaltos, saques e atos de vandalismo são registrados em várias regiões do estado. Ônibus da região metropolitana de Vitória chegam a voltar à circulação, mas motoristas interrompem o trabalho horas depois, devido à insegurança, ameaças e após a morte do presidente dos sindicatos dos Rodoviários de Guarapari, Wallace Barão. Ele é achado morto a tiros dentro de um carro em Vila Velha.
Secretários do governo capixaba e representantes das associações de classe de policiais militares iniciaram negociações para acabar com a crise. Segundo o secretário de Direitos Humanos, Julio Pompeu, as lideranças do movimento exigem anistia geral para todos os policiais, que são proibidos de fazer greve, e 100% de aumento para toda a categoria.
Foto: Getty Images/AFP/V. Moraes
Acordo sem efeito
O acordo entre associações de policiais militares e o governo estadual não foi suficiente para pôr fim à paralisação. As mulheres dos policiais não participaram da negociação com o governo. No acordo firmado, o governo não concedeu aumento salarial. Na proposta apresentada pelas mulheres, elas pediam 20% de reajuste imediato e 23% de reajuste escalonado. A segurança continua nas mãos do Exército.