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Governo investiga mortes de crianças yanomami por covid-19

28 de janeiro de 2021

Representantes de comunidades em Roraima relatam ao Ministério da Saúde nove óbitos suspeitos. Outras 25 crianças também apresentam sintomas da doença. Avanço do coronavírus na região é atribuído ao garimpo ilegal.

Mulher ianomâmi segura criança
Em ofício, indígenas pedem envio urgente de médicos para a região.Foto: Getty Images/A. Anholete

O Ministério da Saúde afirmou nesta quinta-feira (28/01) que investigará uma denúncia feita por representantes da comunidade indígena yanomami em Roraima sobre a morte de ao menos nove crianças com sintomas de covid-19. No documento enviado ao governo federal, os indígenas pediram ainda o envio urgente de médicos para a região.

Num ofício enviado ao ministério, o Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana (Condisi-YY) relata a morte de quatro crianças na comunidade Waphuta, duas delas em 25 de janeiro, e outras cinco em Kataroa, na região de Surucucu, no norte de Roraima.

As crianças, de idades entre um e cinco anos, apresentaram sintomas como febre alta e dificuldades de respirar. Todas elas morreram no mês de janeiro. Um auxiliar de saúde indígena informou que ao menos outras 25 crianças na região apresentam os mesmos sintomas e estão em estado grave, segundo o ofício do Condisi-YY.

Postos de saúde fechados 

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que trabalha para comprovar a "veracidade das informações" e que o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), que atende os yanomamis, enviou equipes ao local para averiguar a situação. Até o momento, segundo a pasta, o órgão ainda não havia confirmado nenhuma morte por covid-19.

O presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que os postos de saúde da região estão fechados há cerca de dois meses. No ofício, ele ainda pediu providências à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). "O cenário é grave e exige uma ação articulada e integral dos órgãos responsáveis pela polícia de saúde", acrescenta o texto.

As duas comunidades atingidas estão localizadas em meio à floresta amazônica, em uma região de difícil acesso. Em Kataroa vivem cerca de 412 Yanomami, e em Waputha, 816. O Dsei-Y atende 28.141 indígenas distribuídos em 371 aldeias.

Há meses, os ianomâmis vêm denunciando o avanço do coronavírus na região, que atribuem principalmente ao garimpo ilegal.

Quase mil mortes entre indígenas

Desde o início da pandemia, o país registrou 41.251 casos de coronavírus e 541 mortes por covid-19 entre indígenas, segundo o boletim epidemiológico da Sesai. Entre os yanomami na área do Dsei-Y, foram contabilizadas 1.256 infecções e dez óbitos no mesmo período. 

Já o levantamento da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (Apib) contabiliza 47.148 casos e 940 mortes causadas em decorrência da covid-19 entre indígenas em todo o Brasil.

A diferença ocorre pois a Sesai registra apenas os casos verificados em indígenas atendidos pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, e não leva em conta os números registrados em outros sistemas de saúde; enquanto a Apib contabilizada todas as infecções e óbitos ocorridos entre os indígena – tanto em territórios tradicionais quanto entre os que vivem em áreas urbanas.

rc/cn (AFP, ots)

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