Governo Lula deve suspender aplicação do novo ensino médio
3 de abril de 2023
Após críticas de estudantes e educadores, MEC finaliza portaria que desobriga escolas de adotarem o novo sistema e elimina necessidade de adaptação do Enem a esse formato em 2024, segundo imprensa brasileira.
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O governo federal deve suspender a implementação do novo ensino médio após uma série de críticas de estudantes e professores, segundo reportagens publicadas pela imprensa brasileira nesta segunda-feira (03/04).
O Ministério da Educação (MEC) teria finalizado uma portaria que deve ser publicada nos próximos dias suspendendo a implementação do novo ensino médio no primeiro e segundo ano e eliminando a necessidade de adaptação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ao novo modelo em 2024.
O Enem é o principal meio de acesso dos estudantes para o ensino superior público no país.
O ministro da Educação, Camilo Santana, deve assinar a portaria nos próximos dias. Ele vinha afirmando que revogar a medida por completo seria um retrocesso, mas defende ajustes no modelo.
A suspensão, a princípio, será válida durante o prazo de 90 dias de uma consulta pública em aberto sobre as mudanças, iniciada em março e que pode ser prorrogada. Além disso, o MEC ainda terá outros 30 dias para preparar um relatório.
Uma eventual revogação total das mudanças dependeria de aprovação do Congresso Nacional.
A portaria tem o apoio do Palácio do Planalto, que, segundo o jornal Folha de S. Paulo, avalia que o debate em torno do novo ensino médio vem provocando desgaste ao governo. A suspensão seria uma forma de acalmar as tensões e aplacar as críticas, além de evitar maiores danos à imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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Como é o novo modelo
A implementação do novo formato foi aprovada pelo Congresso em 2017, no governo de Michel Temer, e se tornou obrigatória em 2022.
A carga horária dos três últimos anos do período escolar foi dividida em duas partes: 60% da carga deveria ser comum a todos os alunos, enquanto 40% passaria a ser dedicada às disciplinas optativas, os chamados itinerários formativos. São eles: matemática, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e formação profissional.
Além disso, o número de horas anuais obrigatórias aumentaria de 800 para pelo menos mil horas, de quatro para cinco horas diárias.
Os estudantes, no entanto, reclamam de terem perdido tempo de aula de disciplinas tradicionais, de disciplinas desconectadas do currículo e de deficiências na oferta das optativas, impedindo que cursem os itinerários que desejam, especialmente na rede pública – ampliando a desigualdade com a rede privada.
Desde o início do ano, estudantes, professores e alguns especialistas cobram o governo Lula para que o modelo seja revogado, inclusive com a realização de protestos.
rc/bl (ots)
A evolução do alfabeto
Houve um tempo em que ser analfabeto não era nada de mais. Quando nossos antepassados começaram a transformar a fala em símbolos, apenas poucas pessoas podiam ler e escrever. Hoje, a Unesco luta pela educação universal.
Foto: picture-alliance/ ZB
Um amontoado de símbolos
As primeiras evidências de uma cultura escrita na China foram encontradas esculpidas em escápulas de bovinos. Criada por volta de 1.400 a.C., a escrita chinesa conta hoje com 50.000 caracteres, mas quem aprende 3.500 deles já consegue ler cerca de 98% de um texto. Para tal, são necessários alguns anos para dominar o sistema da escrita.
Foto: picture-alliance/dpa
Imagens no lugar de letras
Os primeiros achados de desenhos com conteúdos compreensíveis datam de muito antes: mais de 2 mil figuras e representações foram gravadas cerca de 20 mil anos atrás nas cavernas de Lascaux , no sul da França. Os rabiscos mostram animais e pessoas, mas nenhum símbolo gráfico. Por isso, pesquisadores falam em um precursor da escrita, que o homem da Idade da Pedra usou para representar sua vida.
Foto: picture-alliance/dpa
A escrita cuneiforme
Os primeiros caracteres surgiram aproximadamente 3.300 a.C na Mesopotâmia, o atual Iraque. Por trás da invenção estariam os sumérios, que riscavam em placas de argila com pedras pontiagudas. Inicialmente, o símbolo "pé" representava unicamente a parte do corpo, mas depois também passou a ser associado ao ato de "andar" e, por fim, ao som de "a" – uma verdadeira revolução.
Foto: picture alliance/dpa
Palavras mágicas
Os egípcios batizaram sua escrita de "Medu Netjer", ou palavras de Deus, e atribuíram a ela poderes mágicos. A atual expressão hieróglifo vem do grego e significa gravuras sagradas. Apenas de 1% a 5% dos egípcios eram alfabetizados, e a profissão era altamente respeitada. Dizia-se na época: "Vire escritor, então seus membros ficam lisos e suas mãos, macias."
Foto: picture alliance/akg
O mundo perdido dos maias
Até hoje, muitos textos antigos ainda não foram decifrados. Foi assim que a alta cultura dos maias sucumbiu aos conquistadores espanhóis. Em 1562, o bispo Diego de Landa mandou destruir em massa altares, pinturas e pergaminhos: apenas quatro manuscritos restaram. Arqueólogos conseguiram deduzir 800 símbolos, mas muitos dos enigmas continuam sem resposta.
Foto: SLUB
O latim vira moda
A escrita latina, que ganhou impulso com a expansão do Império Romano, desenvolveu-se a partir do alfabeto grego. Tais letras foram adaptadas para as necessidades dos romanos e somadas a sons como G, Y ou Z. O W apareceu só na Idade Média como a 26ª letra, completando o que viria a ser o alfabeto mais disseminado do mundo atual.
Foto: picture alliance/Prisma Archivo
Caligrafia e textos sagrados
Existem cerca de cem alfabetos pelo mundo. No árabe são usadas duas escritas: uma para o dia a dia e outra para ornamentos caligráficos. Diferentemente do alfabeto hebraico, que durante séculos ficou reservado a textos religiosos. Isso só mudou em 1948, com a fundação do Estado de Israel, quando o hebraico se tornou língua e escrita oficial do país.
Foto: picture alliance/Tone Koene
Uma invenção revolucionária
Este museu em Mainz abriga o livro mais antigo do mundo: a Bíblia. Em 1452, Johannes Gutenberg criou a prensa móvel e se aventurou na impressão das escrituras sagradas. Foram necessários dois anos para imprimir os primeiros 200 exemplares. Mas, sem essa invenção, hoje não haveria livros escolares. Curiosidade: no Havaí, as crianças precisam aprender apenas 12 letras e um símbolo.
Foto: picture-alliance
Do manuscrito à máquina de escrever
Durante séculos, as pessoas escreveram à mão, mas a revolução industrial trouxe facilidades consigo. A pena de ganso foi substituída pela caneta tinteiro e, depois, pela caneta esferográfica – e, por fim, pela máquina de escrever. E isso sempre atendendo às necessidades de cada idioma, seja com um ß para alemães ou com um ã para línguas latinas. Cartas ilegíveis viraram coisa do passado.
Foto: cc-by-sa/Deutsche Fotothek
Bem-vindos ao século 21
Apesar disso, as pessoas continuaram a escrever no papel e a imprimir seus livros como um dia fez Gutenberg – até o lançamento do computador. Antes uma peça gigante usada em pesquisas, hoje o PC é onipresente. Seus códigos binários deram início a uma nova era da escrita. Mas apenas programadores precisam conhecer a sequência de zeros e uns – o que aparece na tela é o alfabeto que nós conhecemos.
Foto: Fotolia/arahan
Alfabetização? Não para todos
Apesar dos avanços tecnológicos, a educação ainda não pode ser considerada um direito adquirido. Milhões de pessoas pelo mundo não sabem ler ou escrever, sobretudo na Índia e na África. Mais afetadas são as meninas e mulheres. Desde 1966, sempre no dia 8 de setembro, a Unesco lembra o quão importante é educação para todos, no Dia Mundial da Alfabetização.