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CriminalidadeBrasil

Governo quer acelerar extradição de blogueiro bolsonarista

6 de janeiro de 2023

Allan dos Santos é acusado de ameaças à democracia e de disseminar fake news. Desde 2021, há um pedido do STF para extraditá-lo.

Blogueiro Allan dos Santos
Foragido, Allan dos Santos vive nos EUA com visto vencidoFoto: Elza Fiúza/Agência Brasil

O Ministério da Justiça acionou o governo dos Estados Unidos e a Interpol para acelerar o processo de extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, revelou nesta quinta-feira (05/01) uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

Allan deixou o Brasil em julho de 2020, após ser alvo de operações da Polícia Federal (PF). Em outubro de 2021, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou sua prisão preventiva e extradição. Desde então, o blogueiro é considerado foragido. Ele atualmente vive nos Estados Unidos.

Segundo a Folha de S.Paulo, o ministério comandado por Flávio Dino fez o primeiro contato para acelerar a extradição. O Brasil deseja que o blogueiro seja incluído na lista de procurados da Interpol.

Apesar do pedido de prisão preventiva, o blogueiro tem levado aparentemente uma vida normal nos Estados Unidos. Recentemente, ele apareceu num show de Zezé Di Carmargo, em Miami. Há suspeitas de que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro não tenha se empenhado para extraditar Allan.

Mensagens obtidas pela Folha de S.Paulo em outubro de 2021 mostraram que o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do então presidente, ofereceu em junho de 2020 ajuda para o blogueiro e sua família deixarem o país. Na época, apenas Allan possuía um passaporte válido. Em conversa, o blogueiro passa os números dos protocolos da solicitação dos documentos feita pelos seus parentes. Dias depois, ele cobra o deputado se já havia "alguma novidade da PF".

Quais acusações pesam contra Allan dos Santos?

Allan é investigado em dois inquéritos do Supremo: no que apura a divulgação de fake news e ataques a integrantes da Corte, e também no que identificou a atuação de uma milícia digital que trabalha contra a democracia e as instituições no país.

Apoiador de Jair Bolsonaro, Allan dos Santos é fundador do blog Terça Livre e dono de um canal no YouTube com o mesmo nome. Ele também foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por ameaças contra Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Por ordem de Moraes, várias plataformas online como Twitter, Youtube e Instagram suspenderam as contas de Allan e do seu site.

A PF considera que Santos, "a pretexto de atuar como jornalista", se tornou um dos organizadores de um movimento responsável por ataques à Constituição, aos poderes de Estado e à democracia. Tais ações podem configurar crimes de integrar organização criminosa, contra a honra e incitação à prática de crimes, além de outros delitos.

Os policiais federais suspeitam que essas ações antidemocráticas tenham sido financiadas com recursos públicos, uma vez que Santos é bastante próximo do clã Bolsonaro e de parlamentares da base bolsonarista.

Atividades em solo americano

Depois de fugir do país, Allan continuou suas atividades nos Estados Unidos. Ele teria se associado a pessoas ligadas à invasão do Capitólio, a sede do Congresso americano, que tentaram reverter à força o resultado das eleições americanas, nas quais a vitória do democrata Joe Biden impediu a reeleição do republicano Donald Trump.

O próprio Moraes afirmou que Santos deixou o país para fugir das investigações das quais era alvo e para tentar se manter atuante. Segundo o ministro, os canais do blogueiro nas redes socias eram usados como um "verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas, aliado ao fato de ter se ausentado do território nacional durante as investigações, passando a perpetrar suas condutas criminosas dos Estados Unidos".

A quebra do sigilo sobre as transações financeiras de Allan revelou um alto volume de doações recebidas em seus multicanais por uma variedade de fontes. Há registros de repasses de diversos servidores públicos, um dos quais teria feito transferências de 40 mil reais.

Allan entrou nos Estados Unidos com visto de turista, que já está vencido. Ele tinha permissão de ficar em território americano até fevereiro de 2021. No final de 2022, o STF ordenou ainda o cancelamento do seu passaporte.

cn/md (ots)

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