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Governos condenam plano da Coreia do Norte de lançar foguete

4 de dezembro de 2012

Anúncio de planos norte-coreanos de lançar foguete de longo alcance provocou críticas internacionais. Países suspeitam que Pyongyang realize testes com objetivos bélicos, desrespeitando resolução da ONU.

Foto: AP

O anúncio da intenção da Coreia do Norte de lançar um foguete nas próximas semanas provocou fortes reações internacionais. Estados Unidos, Japão, Rússia e Coreia do Sul protestaram contra os planos de Pyongyang. A comunidade internacional acredita que o suposto lançamento de satélite esconde um teste com mísseis capazes de carregar explosivos nucleares.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, se disse "seriamente preocupado" com o plano do lançamento do foguete de longo alcance pela Coreia do Norte e advertiu que isso poderia elevar as tensões na região. Em comunicado, Ban Ki-moon disse que a intenção da Coreia do Norte viola a resolução do Conselho de Segurança da ONU que proíbe aquele país de realizar lançamentos usando tecnologia de mísseis balísticos.

A resolução do Conselho de Segurança da ONU foi estabelecida após testes nucleares da Coreia do Norte em 2009 e proíbe o país de testar mísseis de longo alcance.

"Missão pacífica"

Protesto de sul-coreanos em abril contra foguete do país vizinhoFoto: Reuters

Pyongyang insiste que se trata de uma missão "pacífica e científica", destinada à colocação em órbita de um satélite de observação terrestre. Anunciada para ocorrer entre 10 e 22 de dezembro, esta seria a segunda tentativa da Coreia do Norte de lançar um foguete este ano.

Em 13 de abril, um foguete norte-coreano que, segundo o governo, deveria colocar um satélite em órbita, se depedaçou logo após a decolagem e caiu no mar. Na ocasião, a comunidade internacional – especialmente Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão – condenou severamente o lançamento, suspeitando ser um teste secreto relacionado ao programa nuclear.

Os governos de Rússia e China também se mostraram preocupados com o novo lançamento. "Pedimos veementemente que o governo da Coreia do Norte reconsidere a decisão de lançamento do foguete", disse o Ministério do Exterior russo em comunicado. Pequim, tradicional aliado de Pyongyang, anunciou reconhecer o direito do país de utilizar o espaço aéreo exterior, mas lembrou das restrições estabelecidas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em resposta aos planos da Coreia do Norte, o Japão começou a colocar seus mísseis Patriot em posição. Um navio com os mísseis deixou uma base naval no oeste do país na segunda-feira (03/12) e tomou curso em direção ao sul, segundo informações da televisão estatal japonesa NHK. O exército foi colocado em estado de alerta. O governo japonês também adiou conversações com a Coreia do Norte, dizem observadores.

Aumento de atividades

Base de lançamento de SohaeFoto: AP

Imagens de satélite da empresa norte-americana Digital Globe mostraram na semana passada um "aumento significativo de atividades" na base de lançamento de Sohae, na costa oeste da Coreia do Norte. Segundo um especialista que escreve na página da Digital Globe na internet, as movimentações correspondem exatamente às atividades observadas antes do lançamento do último míssil. "O elevado número de caminhões, barracas, pessoas e tanques de combustível indica que, se quiser, o país pode realizar o lançamento de seu quinto satélite dentro de duas semanas", diz o texto.

"É muito alta a probabilidade de que a Coreia do Norte lance o foguete, apesar de todos os protestos e advertências da comunidade internacional", diz Toshimitsu Shigemura, especialista em Coreia do Norte da renomada Universidade Waseda, de Tóquio. Ele aponta para o simbolismo do momento que o país escolheu para disparar seu novo míssil. "Em breve, teremos o primeiro aniversário da morte de Kim Jong II. Seu filho e herdeiro certamente planeja um grande evento para lembrar este dia, como manda a tradição da Coreia do Norte."

Morte do "amado líder"

Kim Jong Un precisa de um primeiro sucesso, segundo analistaFoto: Reuters

Kim Jong II, festejado na Coreia do Norte como "amado líder", morreu em 17 de dezembro de 2011, supostamente de ataque cardíaco. Ele assumira o poder em 1994, após a morte de seu pai, Kim Il Sung. Kim Jong Un, que segundo se estima tem cerca de 30 anos, passou todo o tempo desde a morte do pai fortalecendo sua posição dentro do partido e entre os militares.

"Kim teve um primeiro ano difícil como novo líder da Coreia do Norte e precisa desesperadamente de um sucesso", enfatiza Shigemura, em entrevista à Deutsche Welle. "Se ele for capaz de enviar um foguete ao espaço, marcará de forma impressionante o primeiro aniversário da morte de seu pai."

Um porta-voz não identificado do Comitê Coreano para a Tecnologia Espacial
afirmou que cientistas analisaram os erros de testes do passado e aperfeiçoaram a tecnologia dos foguetes para evitar novas falhas.

MD/dw/afp/lusa
Revisão: Francis França

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