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Grécia adia pedido de extensão da ajuda financeira

18 de fevereiro de 2015

Governo grego diz que vai encaminhar solicitação para estender os créditos europeus na véspera de vencimento do ultimato dado pelos demais membros da zona do euro. País descarta manter reformas.

Varoufakis disse que a extensão do crédito "obviamente" está ligada a "três ou quatro condições"Foto: picture-alliance/AP Photo/G. V. Wijngaert

O governo da Grécia deve apresentar nesta quinta-feira (19/02) o pedido de prolongamento da linha de crédito aos parceiros europeus, disseram, de forma anônima, várias pessoas ligadas ao governo grego. A entrega do pedido estava prevista para esta quarta-feira.

O pedido foi adiado por "razões de tempo", disse uma das fontes anônimas à agência de notícias Efe. O porta-voz do governo grego, Gavriil Sakelaridis, havia indicado pela manhã que o pedido seria formalizado ainda nesta quarta e que a Grécia pediria um prolongamento do empréstimo, mas não do programa de reformas vinculado a ele.

Ou seja, a Grécia não quer estender o programa de resgate nos seus termos atuais. Os gregos descartam as polêmicas reformas estruturais e de consolidação orçamentária que, segundo eles, asfixiaram a economia do país.

O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, disse em entrevista à emissora de televisão alemã ZDF que a extensão do crédito "obviamente" estaria ligada a "três ou quatro condições", sem dar mais detalhes.

Para Schäuble, exigências feitas pelos gregos são um insulto aos outros países que receberam ajudaFoto: picture-alliance/AA/Dursun Aydemir

Segundo Sakelaridis, o pedido grego teria como ponto de partida um texto apresentado pelo comissário europeu dos Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici. Essa proposta, que Varoufakis disse estar preparado para assinar na segunda-feira, acabou sendo descartada pelo Eurogrupo.

O texto de Moscovici falava da possibilidade de se prolongar o "empréstimo" por quatro meses, em vez de exigir o prolongamento do "programa de resgate" como previa a proposta apresentada pelo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, documento que foi rejeitado pela Grécia.

O presidente do Eurogrupo, que anunciou que a Grécia teria até esta sexta-feira para pedir um prolongamento do atual programa de resgate, deverá depois decidir se a proposta de Atenas é base suficiente para a convocação de uma nova reunião dos ministros das Finanças da zona do euro.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, declarou que Atenas deve se comprometer com as reformas inerentes ao programa de resgate. "Eles dizem 'precisamos de mais dinheiro imediatamente e não vamos fazer mais nada', o que é um insulto aos demais países", afirmou Schäuble, referindo-se a nações como Portugal e Irlanda, que concluíram os programas de resgate financeiro, apesar das medidas de austeridade. "O governo da Grécia deve nos dizer como pretende resolver os problemas da Grécia", afirmou o ministro à rede de televisão alemã ARD.

O atual programa de resgate para a Grécia termina no dia 28 de fevereiro. Os ministros das Finanças da zona do euro deram prazo até esta sexta-feira para o governo grego apresentar um pedido de prorrogação do programa nos seus moldes atuais, mas o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras descarta essa opção e já sinalizou várias vezes que quer manter o empréstimo por ao menos mais seis meses, mas sem as obrigações de reformas.

Em menos de uma semana, o Eurogrupo reuniu-se por duas vezes em Bruxelas para encontrar uma solução para a Grécia, mas as duas reuniões acabaram sem acordo. A Grécia está sob assistência financeira desde 2010 e recebeu dois empréstimos dos parceiros europeus e do Fundo Monetário Internacional no total de 240 mil milhões de euros em troca de duras medidas de austeridade.

AS/lusa/rtr/efe/afp/dpa