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Crise na Grécia

12 de dezembro de 2009

Após divulgar o maior déficit orçamentário de sua história, a Grécia é pressionada pela União Europeia a sanear as finanças públicas. Apesar da crise, premiê grego reitera compromisso com pacto de estabilidade do euro.

Grécia têm dolorosas reformas pela frente, disse premiê gregoFoto: picture-alliance / Bildagentur Huber/AP/Montage DW

No recente encontro de cúpula em Bruxelas, os chefes de Estado e governo da União Europeia (UE) pretendiam, de fato, discutir a proteção climática e a cooperação no bloco no âmbito da Justiça. No entanto, o tema abordado no início da reunião não fazia parte da agenda: a crise orçamentária da Grécia.

Devido ao pacto de estabilidade do euro, Atenas está desde o início de dezembro sob rigorosa inspeção da UE.

O país tem dívidas públicas na ordem de 300 bilhões de euros. Esse é o rombo nas finanças públicas já registrado na história da Grécia. Seu atual déficit orçamentário corresponde a 12,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Outro problema é a crescente perda de liquidez em nível internacional.

Mudanças sistemáticas

Em Bruxelas, o primeiro-ministro grego, George Papandreou, descartou o risco de uma bancarrota estatal e disse que seu país não pedirá ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Devido ao imenso endividamento, essa possibilidade fora cogitada por diversos analistas econômicos.

"Reconhecemos que o problema é sério e que os desafios são imensos", declarou Papandreou em Bruxelas. Para enfrentar o problema, o primeiro-ministro socialista anunciou abrangentes reformas. "Diminuiremos o déficit através de mudanças sistemáticas, e pretendemos fazê-lo durante os próximos quatro anos", afirmou.

Papandreou assumiu poder em outubro últimoFoto: AP

Após esse prazo, a meta é voltar a cumprir o limite máximo de endividamento estabelecido pelo Tratado de Maastricht, que é de 3% do PIB, explicou Papandreou.

Na TV grega, o político grego afirmou nesta sexta-feira que "reformas revolucionárias" serão necessárias. O premiê insistiu sobretudo na necessidade de combater a corrupção e a sonegação fiscal. Papandreou não escondeu o fato de que as "reformas serão dolorosas", sem no entanto dar detalhes sobre seus planos.

Importância nacional

Somente após a mudança de governo, em outubro último, é que Atenas revelou que a dívida orçamentária do país tinha praticamente duplicado, atingindo quase 13% do PIB. Essa é a maior dívida pública entre os 27 países-membros da União Europeia.

No próximo ano, a dívida grega deverá corresponder a 125% de sua atividade econômica. Assim, a Grécia ultrapassará a Itália, até agora campeã europeia em dívidas. Papandreou descartou, no entanto, especulações de que seu país seria excluído da zona do euro. "Essa possibilidade não existe", salientou.

Na próxima terça-feira (15/12), as lideranças políticas da Grécia se encontrarão em reunião extraordinária, a fim de buscar meios para tirar o país da crise. O presidente grego, Karolos Papoulias, disse considerar a reunião de "importância nacional".

Medidas de apoio

Na cúpula em Bruxelas, os líderes europeus não cogitaram medidas de ajuda à Grécia, já que atribuem a responsabilidade primeiramente a Atenas: "Ficou claro que a Grécia quer assumir suas responsabilidades através de reformas estruturais", disse a chefe alemã de governo, Angela Merkel, em Bruxelas.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, declarou, por sua vez, que as primeiras medidas anunciadas pelo governo em Atenas seriam um "passo na direção certa".

A Federação dos Bancos Alemães (BdB) é contra a concessão de uma ajuda europeia imediata à Grécia. Na edição deste sábado (13/12) do jornal Berliner Zeitung, o presidente da BdB, Manfred Weber, afirmou que somente quando o país fizer seu "dever de casa", deve-se falar de medidas de apoio, seja por parte da UE ou do Fundo Monetário Internacional.

CA/afp/dpa/rtrs

Revisão: Simone Lopes

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