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Grécia precisa de projetos que estimulem economia, dizem especialistas

16 de fevereiro de 2012

"New Deal", "Plano Marshall", "Plano Hercúleo": especialistas europeus afirmam que gregos precisam investir bem os recursos da União Europeia (UE) a fim de garantir o crescimento do país e sua saída da crise.

Foto: picture-alliance/dpa

A delicada situação econômica da Grécia tem feito com que uma máxima venha sendo constantemente repetida no país: economizou-se muito e investiu-se pouco em uma economia mais competitiva. Por isso especialistas defendem que a ajuda financeira dada aos gregos seja direcionada a projetos que estimulem o crescimento do país.

Termos como "New Deal", "Plano Marschall" ou "Plano Hercúleo" foram adotados pelos políticos para tratarem das propostas de reconstrução da falida economia grega. "É preciso agora encontrar para a Grécia um plano que, por um lado, ajude a reduzir a dívida do país e, por outro, funcione como uma reforma e um Plano Marshall, um plano de investimentos. Senão, não há economia que volte a ser estimulada", avalia o líder dos verdes no Parlamento Europeu, Daniel Cohn-Bendit.

Ianis Emmanoulidis, do European Policy Centre, uma organização independente de estudos sediada em Bruxelas, afirma não ter nada, pelo menos em princípio, contrário a esses "rótulos" dados. Para o pesquisador, o que importa no fim das contas é o conteúdo das propostas.

"É preciso encontrar algo substancial por trás disso: se eles escondem apenas palavras vazias e formulações bonitas no encerramento da cúpula da UE, não ajudam. É preciso algo concreto", diz Emmanoulidis.

Força-tarefa

Isso já vem acontecendo, mas nos bastidores. Desde meados do ano passado a chamada "força-tarefa grega" está em ação. O grupo de especialistas da Comissão Europeia, comandado pelo alemão Horst Reichenbach, deve auxiliar a Grécia, primeiramente, no uso da ajuda bilionária que está sendo disponibilizada.

Os gregos conseguiram aplicar apenas cerca de um terço dos fundos estruturais que lhe cabem até o fim do atual período de financiamento, que vai até o final do próximo ano. Para garantir uma parcela maior, eles precisam apresentar projetos razoáveis. E é exatamente nesse ponto que a força-tarefa deve ajudar.

"Pelo lado financeiro, os fundos já estão disponíveis. E aplicar bem esses recursos até 2013 já é, em si, uma grande tarefa, pois, na verdade, recursos adicionais de um Plano Marshall dificilmente poderiam ser convertidos em projetos significativos", afirma Reichenbach.

Manifestantes protestam contra medidas de austeridadeFoto: picture-alliance/dpa

Para Emmanoulidis, o país tem potencial. "Com certeza ainda não se esgotaram todas as possibilidades no que diz respeito à indústria do turismo", avalia o especialista.

"Além disso, há a possibilidade de, com projetos de infraestrutura, incentivar o desenvolvimento econômico em outras áreas do país e não apenas na região central, como em Atenas. Um exemplo disso é o setor energético, onde existe a ideia de se apoiar a energia renovável, como a solar", ressalta.

Custos reduzidos

Para ajudar nessa proposta, a UE reduziu a parcela dos custos dos projetos, que a Grécia precisa bancar. Assim, Bruxelas quer evitar que investimentos importantes percam espaço por conta das duras medidas de austeridade.

"Isso é efetivamente mais dinheiro europeu à disposição, o qual até gostaríamos de repassar, mas que não poderia ser aplicado em algo significativo por lá. Por isso precisamos insistir mais com os administradores, precisamos trazer mais ideias de especialistas, para realmente fazer investimentos locais", explica o deputado europeu democrata-cristão Markus Pieper.

Mas mesmo que isso aconteça, o tempo pressiona: sobretudo investimentos em infraestrutura vão levar muitos anos até que sejam completamente pagos. Até lá, pequenas e médias empresas na Grécia precisam de ajuda urgente.

Os bancos gregos praticamente não conseguem mais conceder crédito. Com a ajuda dos investimentos europeus, porém, empresas sólidas poderiam ser salvas e até mesmo outras novas serem criadas, acredita Emmanoulidis.

"Muitos jovens gregos sem perspectivas querem se tornar autônomos. E existe o potencial criativo para isso, como por exemplo na área de tecnologia de informação", sugere o economista.

Autor: Wolfgang Landmesser (msb)
Revisão: Carlos Albuquerque

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