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Empresas pedem protagonismo do Brasil na questão climática

28 de setembro de 2021

Regulamentação do bilionário mercado global de carbono pode ser definida na próxima conferência do clima, e empresas pedem ao governo Bolsonaro que assuma "centralidade nesse diálogo" e aproveite "oportunidade única".

Paisagem na Amazônia
Empresários destacaram "vantagens comparativas extraordinárias" do Brasil na corrida para alcançar "uma economia com emissões líquidas de carbono neutras", devido ao "múltiplos recursos naturais" e "a capacidade de nosso povo"Foto: Andressa Anholete/Getty Images

Um grupo de 107 grandes empresas e dez entidades setoriais apelou nesta segunda-feira (28/09) ao governo do presidente Jair Bolsonaro para que o Brasil busque o protagonismo nas negociações climáticas internacionais para se alcançar uma economia de baixo carbono.

"O Brasil deve mostrar a sua centralidade nesse diálogo, sob pena do enorme prejuízo ao setor produtivo e à sociedade brasileira", afirmam as empresas numa carta aberta, que foi divulgada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e será levada à próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26, que ocorre em Glasgow, na Escócia, de 31 de outubro a 12 de novembro.

Negociações vão ocorrer durante a COP26, na qual deverá ser regulamentado o artigo 6º do Acordo de Paris, que trata do bilionário mercado global de carbono.

O mercado de carbono é um mecanismo que permite a venda de créditos por países que limitam as emissões para nações com maiores dificuldades de cumprir as metas de redução. Um mercado regulado teria um potencial bilionário para o setor produtivo brasileiro.

O CEBDS é composto por cerca de 80 grupos empresariais que representam 47% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Entre as signatárias da carta estão JBS, Braskem, BRF, Natura, Ipiranga, Votorantin, Bradesco e filiais de grandes grupos internacionais, como Carrefour e Shell, bem como entidades setoriais do agronegócio (Abag) e da indústria (Abdib e Abimaq/Sindimaq).

Pelos cálculos do CEBDS, um mercado regulado de carbono no Brasil pode chegar a um valor entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões já nos primeiros anos de funcionamento. "É preciso a adoção de regras que possibilitem o desenvolvimento de mercados de carbono voluntário e regulado no Brasil", diz o documento.

"Acreditamos que as discussões dos mecanismos de apoio ao objetivo de carbono neutro previstos no Acordo de Paris, a serem conduzidas em Glasgow, são uma oportunidade de estimular a economia mundial", argumentam.

Brasil tem "vantagens extraordinárias"

Na carta, as signatárias destacam que o setor produtivo brasileiro deseja e considera possível uma transição rápida para o baixo carbono e ressaltam que elas mesmas já estão adotando medidas para isso.

Entre essas medidas estão a redução e compensação das emissões de gases causadores do efeito estufa, precificação interna do carbono, descarbonização das operações, investimentos em tecnologias verdes e metas de neutralidade climática a serem atingidas até 2050.

O grupo vê o Brasil com "vantagens comparativas extraordinárias" na corrida para alcançar "uma economia com emissões líquidas de carbono neutras", devido ao "múltiplos recursos naturais" e "a capacidade de nosso povo".

Para isso, porém, precisa desenvolver um "arcabouço político-regulatório" que apoie esse objetivo, em consonância com um compromisso para a preservação do meio ambiente e o cumprimento das metas de combate ao desmatamento ilegal.

Para as signatárias, o país está diante de uma "oportunidade única" de ser competitivo e melhorar as condições de vida da sua população.

as/lf (AFP, OTS)

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