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Grandes vitórias dos pequenos

(sv)19 de setembro de 2005

As eleições alemãs tiveram dois grandes derrotados (CDU e SPD) e dois pequenos vitoriosos (Liberais e Partido de Esquerda). O que será que faz o eleitor dar as costas a facções tradicionais e optar pelos minoritários?

Partido de Esquerda: sucesso nas urnasFoto: dpa

Estima-se que 1,2 milhão de pessoas transpuseram a fronteira que separa democrata-cristãos e liberais na Alemanha. Embora os dois partidos se situem à direita no espectro político, o FDP (Partido Liberal Democrata) caracteriza-se por uma defesa mais árdua de privatizações, pregando, via de regra, uma obediência do Estado às leis do mercado.

Felizes na oposição

O partido se diz satisfeito com o sucesso inesperado nas urnas – 9,8% – mas rejeita qualquer coalizão que não seja com os "amigos de infância" da democracia-cristã. E, de quebra, a facção se diz satisfeita se assumir a oposição no país.

Euforia entre os liberais após os resultados. Guido Westerwelle ao centroFoto: dpa-Report

Após a divulgação dos resultados, o presidente do partido, Guido Westerwelle, afirmou abertamente achar "horrível que as esquerdas tenham neste país uma maioria. Não vamos participar disso de forma alguma".

Uma alusão ao número de mandatos de social-democratas, verdes e esquerdistas juntos, que se estivessem dispostos a formar uma coalizão de governo teriam a maioria absoluta (327 mandatos).

Richas internas

Na distribuição capenga de poder do futuro Parlamento alemão, que não deixa entrever qualquer possibilidade de uma maioria que vá se entender sem maiores problemas, não só o "pequeno" FDP vai ter mais força (com 61 mandatos), mas também a aliança formada sob o nome de Partido de Esquerda.

No entanto, a própria festa de comemoração dos bons resultados nas urnas (8,7%, com 54 mandatos) mostra como a aliança de dissidentes social-democratas da ex-Alemanha Ocidental com ex-comunistas da ex-Alemanha Oriental ainda carece de coerência.

Oskar, Oskar x Gregor, Gregor

Gregor Gysi (esq.) e Oskar LafontaineFoto: AP

"Enquanto se ouvia de um lado Oskar, Oskar saindo dos alto-falantes, no outro canto da barraca onde acontecia a festa ecoava Gregor, Gregor", conta o diário berlinense taz. Os dois cabeças do partido – Oskar Lafontaine e Gregor Gysi – dividem agora o bolo do mérito pelo sucesso instantâneo. Pois embora os dois já sejam velhas raposas da política nacional, o partido foi formado praticamente às vésperas das eleições.

O Partido de Esquerda fez praticamente duas campanhas eleitorais simultâneas: uma comandanda por Gysi, outra por Lafontaine. "O primeiro apostava no charme, o segundo na ira", comenta o jornal taz. O primeiro abocanhou votos de insatisfeitos no oeste do país, o segundo aglutinou o apoio de ex-alemães orientais.

A vez do presidente

Presidente Horst KöhlerFoto: AP

Até meados de outubro próximo, depois da votação tardia no distrito de Dresden, que acontece no dia 02/10, terá sido provavelemente selada alguma forma de coligação entre os partidos. Ou o presidente do país poderá, mais uma vez, convocar novas eleições. E, se continuar assim, a maior economia européia vai ficar ingovernável, até que seus cidadãos cheguem a alguma forma de consenso.

Seja com uma ou outra composição parlamentar, é possível que os rumos do país sejam muito mais definidos pelas leis da economia globalizada. E os sindicatos alemães, acostumados à autonomia de velhos tempos, vão acabar tendo que se acostumar à realidade de jornadas de trabalho mais longas e salários mais baixos.

Não se esquecendo das portas fechadas de muitas fábricas, que se mudam com prazer para outros países onde a mão-de-obra é mais barata. E é possível que não vá haver chanceler federal ou qualquer coalizão multicor capaz de evitar tais desventuras para a população alemã.

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