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Gravação mostra o que May pensa sobre o Brexit

26 de outubro de 2016

Nem a cautela dos tempos de ministra do Interior, nem a posição favorável à saída da UE agora como premiê: um mês antes de referendo, política trabalhista pintou cenário sombrio a banqueiros.

Primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May
Foto: picture-alliance/AP Images/A. Grant

Um mês antes do referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, Theresa May, na época ministra do Interior, fez um alerta a banqueiros sobre os impactos negativos para a economia britânica, caso a população optasse pelo Brexit, revelou nesta quarta-feira (26/10) uma reportagem do jornal britânico The Guardian.

A gravação foi feita no dia 23 de junho, em reunião privada com executivos do banco de investimentos Goldman Sachs. Nela, May mostra uma postura diferente do comedimento que irritou pró-europeus durante a campanha para o referendo e, sobretudo, distinta da veemência com que agora, como primeira-ministra, ela defende a saída da UE como positiva para o Reino Unido.

"Os argumentos econômicos são claros. Acho que fazer parte de um bloco comercial de 500 milhões é significante para nós. Eu acho, como estava dizendo anteriormente, é que muitas pessoas investiram aqui no Reino Unido porque o Reino Unido está na União Europeia", diz May nas gravações. "Se não estivermos na UE, acho que haverá empresas que questionarão se devem desenvolver uma presença maior no Reino Unido do que na União Europeia."

Na reunião com banqueiros, May disse ainda estar convencida que seria melhor a permanência na UE para a segurança do Reino Unido, devido à troca de informações entre as agências de inteligências que o bloco possibilita.

Recentemente, durante um congresso do Partido Conservador, May disse que preferia priorizar o controle da imigração, em detrimento de fazer parte de um mercado comum. As empresas britânicas, afirmou então, precisam de "máxima liberdade" para operar, mas não com o país "abrindo mão novamente do controle de imigração" ou aceitando imposições dos "juízes de Luxemburgo".

O líder do partido Liberais Democratas, Tim Farron, afirmou estar desapontado com a falta de "coragem política" da primeira-ministra para tornar públicas as declarações sobre os efeitos do Brexit.

Durante a campanha do referendo, May defendeu a permanência na UE, mas causou revolta entre colegas do Partido Conservador por se mostrar reticente a se manifestar com mais veemência contra o Brexit, chegando a reclamar de políticas do bloco.

Phil Wilson, do Partido Trabalhista, afirmou que é bom saber o que a premiê pensa sobre o Brexit. "Agora May está em uma posição de agir sobre as suas preocupações anteriores, começando por colocar a adesão no mercado comum no coração da posição do governo como negociador", disse.

Ao comentar a reportagem, um porta-voz do governo disse apenas que os britânicos optaram pela saída do bloco e que o governo está determinado a tornar um sucesso as oportunidades que se apresentam.

CN/ap/ots

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