Greenpeace denuncia compra de madeira ilegal em países da UE
13 de novembro de 2015A venda ilegal de madeira da Floresta Amazônica brasileira foi rastreada até a Europa. Em relatório divulgado nesta quinta-feira (12/11), o Greenpeace denuncia a compra de madeira ilegal amazônica por 26 empresas da União Europeia (EU) – o maior mercado consumidor de madeira amazônica legalizada, responsável por 37,89% das compras, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Os dados que serviram para a base das investigações do Greenpeace são oriundos da operação Madeira Limpa, deflagrada pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal de Santarém (PA) no final de agosto. Na ocasião, a Madereira Iller (única madeireira entre as três empresas denunciadas) foi fechada e seus proprietários, presos.
O Greenpeace fez um levantamento para rastrear o destino final da madeira vendida pela empresa e identificou seus clientes, que compravam o produto de forma ilegal. Entre eles estão 26 empresas de diferentes países europeus, que compraram a madeira brasileira nos últimos 18 meses. Segundo o relatório, as importadoras europeias desrespeitam as regras para entrada de madeira no território europeu.
Regras da UE
Em março de 2013, a União Europeia criou normas para a entrada de madeira nos países do bloco. A regulamentação (EUTR, na sigla em inglês) proíbe a importação de madeira extraída ilegalmente e ainda exige que os produtos importados sejam rastreados, de forma a manter informações atualizadas sobre sua origem.
Entre as empresas investigadas pelo Greenpeace, apenas uma completou os processos de rastreamento e cancelou a importação da Iller já antes da operação Madeira Limpa. Para os ambientalistas, porém, a ilegalidade da madeira deveria estar clara para os demais compradores.
O relatório ressalta o fato de a Madeireira Iller já ter pago ao Ibama quase R$ 1,9 milhão em multas acumuladas nos últimos quatro anos (não há, porém, detalhes dos tipos de irregularidades cometidas). Além disso, a serraria da empresa foi incluída na "lista suja" do Ministério do Trabalho por utilizar mão-de-obra escrava.
Outro fato destacado é que o volume de vendas de ipês declarado pela Iller costumava superar a média de espécimes por hectare que seria normal para cada região de exploração – indício de que havia problemas com a documentação.
A operação
Em agosto deste ano, a Operação Madeira Limpa denunciou uma rede de comércio ilegal da madeira amazônica. Mais de 30 pessoas, incluindo funcionários públicos, foram presas – 21 delas acusadas pelo Ministério Público Federal de práticas fraudulentas, como a criação de créditos florestais falsos.
No esquema exposto pela investigação, três núcleos foram desmantelados. Um grupo chamado de "papeleiros" criava créditos florestais ilegalmente para as empresas que recebiam a madeira ilegal. Outro grupo desmatava ilegalmente em assentos de reforma agrária com permissões de funcionários do Incra. O terceiro grupo, formado por agentes de órgãos ambientais, vendia informações sobre as próximas fiscalizações – entre as entidades, foram presos membros da Secretaria do Meio Ambiente do Pará (Semas) e do Ibama.
Confira o relatório completo e a lista das empresas denunciadas pelo Greenpeace.