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Greenpeace faz ato contra governo Bolsonaro em Berlim

Marcio Damasceno de Berlim
24 de abril de 2019

Ação diante da embaixada brasileira marca solidariedade internacional a protesto indígena que ocorre em Brasília. Ativistas alertam para medidas governamentais que ameaçam a Floresta Amazônica e seus habitantes.

Ativistas do Greepeace seguram letras diante da embaixada brasileira em Berlim com a frase "Save de Amazon"
Ao final do ato, ativistas posaram para foto diante da embaixada brasileiraFoto: DW/M. Damascen

Cerca de 100 pessoas se reuniram nesta quarta-feira (24/04) em frente à embaixada do Brasil em Berlim, em manifestação de solidariedade aos povos indígenas da Amazônia e em protesto contra a política do governo do presidente Jair Bolsonaro para o meio ambiente.

A ação foi convocada pela ONG ambientalista Greenpeace como ato de solidariedade à 15ª edição do Acampamento Terra Livre, que ocorre em Brasília desta quarta até sexta-feira. Tido como a maior conferência brasileira sobre povos tradicionais, o acampamento deve reunir mais de 4 mil índios de todo o país na capital federal.

Além de Berlim, também foram realizadas nesta quarta-feira manifestações similares em cidades como Viena, Bruxelas, Haia, Oslo e Buenos Aires, entre outras.

"A Floresta Amazônica e seus habitantes se encontram mais ameaçados do que nunca", afirma o Greenpeace em comunicado divulgado antes do protesto. "Nos seus primeiros 100 dias, o novo governo brasileiro já implementou medidas e fez afirmações que dão ainda mais força a desmatamentos ilegais e à violência na Amazônia", acrescenta o texto.

"Queremos mostrar a solidariedade internacional com a luta dos povos indígenas por seus direitos e por suas terras. Queremos enviar um forte sinal ao governo brasileiro", disse a ativista Gesche Jürgens, especialista em florestas do Greenpeace que participou do ato em Berlim.

"A exploração da Floresta Amazônica ameaça vidas humanas no Brasil e afeta todos nós, no mundo inteiro. Se perdermos a Amazônia, também perderemos a luta contra a crise climática", acrescentou.

Txana Bane, da etnia huni kuin, discursa em palco ao lado de outros ativistas durante o protesto do Greenpeace em BerlimFoto: DW/M. Damasceno

Ela disse que convidou o embaixador e representantes da embaixada brasileira para o ato. Entretanto, recebeu como resposta que o diplomata estaria acabando de retornar de uma viagem. A vice-embaixadora também não iria comparecer e havia se dito surpresa pelo convite para tomar parte de uma ação de protesto contra o governo brasileiro.

"Salvar a Amazônia não é algo importante apenas para os povos indígenas, mas para toda a gente, para todo o planeta", ressaltou Txana Bane, da etnia indígena huni kuin, ou caxinauá, um dos oradores do evento, em discurso no palco montado pelo Greenpeace a poucos metros da entrada da representação diplomática brasileira. "Eu tenho consciência de que é possível, agindo todos juntos, preservar nossos direitos e a nossa Amazônia."

A manifestação contou também com uma entrevista ao vivo, por videoconferência, com Paulo Tupiniquim, coordenador geral da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que falou desde o acampamento montado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Ele citou como "grandes ameaças para os povos indígenas" a transferência da Fundação Nacional do Índio (Funai) do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e a atribuição da demarcação das terras indígenas ao Ministério da Agricultura.

"Com uma ruralista à frente do Ministério da Agricultura, não vamos ter mais demarcações de terras indígenas no Brasil", avaliou, em referência à ministra Tereza Cristina.

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