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Gregos protestam com greves enquanto novos cortes são debatidos

7 de fevereiro de 2012

Aumenta a pressão sobre a Grécia, e não somente por conta das exigências da Troika. Nesta terça-feira, sindicatos deflagraram greves e protestos pelo país em resposta às medidas de austeridade do governo.

População apoia grevistas em Atenas
População apoia grevistas em AtenasFoto: AP

"Basta." Com este lema milhares de gregos entraram em greve nesta terça-feira (07/02), em protesto contra futuros cortes salariais. Também nesta terça, o ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos, negocia detalhes da nova lei de austeridade com a chamada "Troika" – comitê formado por União Europeia (UE), Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI).

Escolas e ministérios aderiram à paralisação de 24 horas no país. Ônibus e trens ficaram parados. Nos hospitais, os médicos tratavam apenas as emergências. Nas ruas, a aprovação da greve foi grande, pois muitos gregos realmente acreditam que deva ser dado um basta às medidas de austeridade. Segundo estimativas da polícia, 10 mil pessoas protestaram na capital Atenas debaixo de chuva.

Milhares de pessoas protestaram na Praça Sintagma, em AtenasFoto: AP

Exigências da Troika

Por pressão da Troika, o governo grego quer impor que principalmente o setor privado reduza os salários. O comitê queixa-se de que as reformas realizadas até o momento não funcionaram como deveriam. Os salários precisariam ser cortados ainda mais para que a economia grega se torne competitiva no cenário internacional.

O governo do primeiro-ministro Lucas Papademos concorda, porém, que se depara com uma forte resistência.

"Não podemos aceitar isso. Essas medidas de austeridade não irão tirar o país da crise, mas o afundarão ainda mais em um poço sem fundo, e as pessoas serão empurradas para a pobreza", diz Statis Anestis, do Sindicato dos Empregados da Grécia.

Muitos empresários são da mesma opinião. Eles temem que os cortes salariais quebrem o país. "Isso levará os cidadãos gregos à pobreza. É um suicídio político. Seguros de saúde entrarão em colapso, a economia entrará em colapso. O desemprego vai aumentar, as empresas vão fechar e ainda mais empregos serão perdidos", considera George Kavatas, da Associação de Comerciantes e Artesãos.

Lista de cortes

Apesar das críticas, o governo continua reiterando a necessidade das medidas de austeridade. Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro Papademos deverá realizar uma reunião de emergência para tentar, mais uma vez, convencer os três partidos de sua coalizão – socialista, conservador e de extrema direita – a aceitar as duras condições relacionadas ao pacote de resgate de 130 bilhões de euros.

"Após nos reunirmos com os chefes dos partidos, esperamos publicar um documento" listando as medidas que o governo pretende colocar em prática, disse um oficial do governo. Segundo a agência de notícias DPA, a lista de cortes já estaria pronta e apenas esperando a aprovação dos líderes políticos.

De acordo com a emissora estatal de rádio, o documento teria 15 páginas e incluiria – além dos cortes no setor privado – redução dos gastos com medicamentos e armamentos, assim como o nivelamento de subsídios a municípios.

Negociações difíceis

As negociações entre Venizelos e a Troika deverão se estender em Atenas. O ministro grego das Finanças admite que as negociações sobre novos cortes são difíceis. Sempre que um problema é resolvido, surge outro. Venizelos faz uma analogia com a Hidra de Lerna, da mitologia grega. Quando cada uma de suas cabeças de serpente é cortada, duas novas nascem no lugar.

Venizelos quer manter a Grécia na UE, e como também o euro como moedaFoto: dapd

"É realmente uma Hidra. E como não temos nenhum Hércules que poderia vencê-la sozinho, precisamos nos unir. Juntos, temos de convencer os cidadãos de que apenas esse programa nos levará aos objetivos que queremos alcançar", afirma Venizelos.

O ministro das Finanças tem como objetivo que "a Grécia conserve o euro, permaneça na UE e recupere suas perdas". Ele alerta que, sem as medidas de austeridade, a Grécia não receberia novos empréstimos, sairia da zona do euro e iria à falência.

Ao todo, mais de 4,4 bilhões de euros devem ser economizados pelos gregos em 2012. Cortes de 20% a 30% nos salários do setor privado estão previstos. Além disso, o governo planeja demitir 15 mil funcionários públicos neste ano. Até 2015, esse número deve chegar a 150 mil.

LPF/dw/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque

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