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Greve da construção paralisa 400 obras na Alemanha

(ns)17 de junho de 2002

Depois dos metalúrgicos, agora é a vez dos trabalhadores da construção civil fazerem greve para dar mais força às suas reivindicações de aumento salarial. Os bancários também podem entrar em greve esta semana.

Trabalhador observa letreiro da greve diante da embaixada da FrançaFoto: AP

Mais de 8 mil trabalhadores da construção civil paralisaram o trabalho na primeira greve nesse setor na Alemanha nos últimos 50 anos. Ela atingiu 400 canteiros de obras, principalmente em Berlim, Hamburgo e na região industrial do Ruhr, lugares escolhidos pelo Sindicato da Construção Civil, IG-Bau. "Se as empreiteiras não apresentarem uma oferta melhor, vamos ampliar a greve pouco a pouco a todo o país", anunciou seu presidente, Klaus Wiesehügel, em uma manifestação na capital alemã, em frente do Portão de Brandemburgo.

A crise da construção e a luta pela sobrevivência

Os empregadores, por sua vez, acusaram o sindicato de agravar a situação do setor com as paralisações. A construção civil está em crise há vários anos na Alemanha. Segundo o sindicato, mais de meio milhão de empregos foram cortados desde 1995. Muitas construtoras lutam por sua sobrevivência. Por outro lado, floresce o trabalho ilegal de estrangeiros nas obras. Esta é a segunda greve este ano na Alemanha. A temporada de reivindicações trabalhistas foi inaugurada com a greve dos metalúrgicos em maio, encerrada após dez dias.

Os metalúrgicos exigiram 6,5% de aumento salarial e obtiveram 4% este ano e mais 3,1% em 2003. Para os 850 mil trabalhadores da construção, o sindicato exige 4,5%, enquanto os empregadores ofereceram 3% em 2002 e 2,1% no ano que vem. A maior controvérsia é em torno do aumento do piso salarial no leste alemão, rechaçado pelas empreiteiras.

Apesar do tom áspero das declarações, há sinais de que ambas as partes podem retornar em breve a mesa de negociações. A Federação das Indústrias da Construção Civil anunciou que irá apresentar uma nova proposta. Provavelmente serão retomadas as negociações ainda esta semana.

Bancários

- Após anos de aumentos salariais que mal cobriram a inflação, a luta sindical inflamou-se na Alemanha. A próxima categoria que poderá entrar em greve é a dos bancários, cuja representação foi integrada ao gigantesco Sindicato Unido da Prestação de Serviços (ver.di). Os bancários decidem em votação nesta segunda-feira (17) sobre a realização de uma greve, que poderá ter início esta semana, segundo o ver.di.

Os bancários exigem 6,5%. A federação dos empregadores só quer conceder 3,1% e também pretende mudar o contrato coletivo de trabalho para pagar parte do salário conforme a produtividade dos funcionários, o que suscitou a resistência da categoria.

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