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Greve geral contra reforma da Previdência paralisa a França

5 de dezembro de 2019

Trens, metrôs, aviões e escolas estão entre serviços afetados. Mobilização nacional contra reforma que foi promessa de campanha de Macron pode ser a maior desde o início da crise dos "coletes amarelos", há um ano.

Manifestantes em Marselha, no sul da França
Manifestantes em Marselha, no sul da FrançaFoto: Reuters/J.-P. Pelissier

Uma greve geral contra a reforma da Previdência planejada pelo presidente da França, Emmanuel Macron, paralisou nesta quinta-feira (05/12) diversos serviços no país, incluindo trens, aviões, escolas e hospitais. Mais de 800 mil pessoas foram às ruas em protestos que ocorreram em diversas cidades, nas maiores manifestações desde o início da crise dos "coletes amarelos", há cerca de um ano.

Cerca de 90% dos trens de alta velocidade TGV deixam de circular nesta quinta, assim como um em cada cinco trens inter-regionais TER. Onze das 16 linhas do metrô de Paris amanheceram fechadas, enquanto outras três funcionam com restrições.

A Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) previu o cancelamento de cerca de 20% dos voos com origem ou destino na França. A paralisação de parte dos controladores de voo obrigou a companhia aérea Air France a anular 30% de seus voos domésticos e 15% de seus voos europeus. Mas a empresa afirmou que manterá todos os voos de longa distância.

Grande parte das escolas não abriu as portas.

Parisiense recorrem a bicicletas diante de paralisação da maioria das linhas de metrôFoto: Reuters/G. Fuentes

Foram convocadas oficialmente em todo o país 245 manifestações, das quais a principal foi em Paris, onde o esquema de segurança mobilizou um efetivo de cerca de 6 mil policiais. As autoridades recomendaram que lojas no percurso da passeata na capital fechassem suas portas.

Segundo estimativas dos organizadores do ato, 250 mil pessoas participaram do protesto na capital francesa, que reuniu trabalhadores de diferentes setores e estudantes.

 "Os professores podem perder entre 300 a 800 euros, quer sejam do setor público ou do setor privado. A isso se acumula o descontentamento geral da profissão, e as respostas dadas até agora não nos satisfazem. Vamos nos mobilizar até este projeto ser retirado", disse Maud Ruelle-Personnaz, cosecretária-geral da FSU Versalhes, o maior sindicato do setor da educação.

Apesar de a maioria dos protestos ser pacífica, em Paris, Lyon e Nantes foram registrados pequenos distúrbios. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar grupos de manifestantes. Na capital, mascarados quebraram vitrines de lojas e botaram fogo em objetos. A ação terminou com 87 detidos.

A paralisação nacional ganhou, ainda, a adesão de policiais, coletores de lixo, advogados, aposentados e também dos "coletes amarelos", o poderoso movimento social surgido na França em novembro de 2018. As mobilizações também receberam o apoio de 182 artistas e intelectuais, entre eles o economista Thomas Piketty, autor do best-seller O capital no século 21, além de partidos de esquerda.

O que impulsionou a indignação popular foi a reforma previdenciária planejada por Macron. Promessa de campanha do presidente, ela visa simplificar e substituir os atuais 42 regimes especiais por um sistema único, acabando com privilégios de determinadas categorias profissionais, como a dos funcionários da estatal ferroviária SNCF e da rede de metrô parisiense.

Representante de sindicato em estação de trem vazia em Nice, no sul da FrançaFoto: Reuters/E. Gaillard

O governo argumenta que é um sistema "mais justo e simples", em que "cada euro de contribuição dará os mesmos direitos a todos". Mas os sindicatos temem que a mudança aumente a idade de aposentadoria, atualmente em 62 anos, e diminua o nível das aposentadorias.

As centrais sindicais CGT, FO, FSU, Solidaires, UNL e UNEF convocaram a greve por considerarem que o novo regime diminuirá a quantia das previdências e "degradará os direitos de todos".

O secretário de Estado francês de Transportes, Jean-Baptiste Djebbari, reconheceu que as paralisações podem durar dias. Ele prometeu se reunir com representantes das entidades sindicais para negociar uma saída rápida para a crise.

Segundo uma pesquisa do instituto Odoxa-Dentsu publicada no jornal Le Figaro, 70% dos franceses creem que a greve é justificada.

MD/CN/afp/efe

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