Greves afetam milhares de passageiros da Lufthansa
5 de fevereiro de 2024
Negociações salariais acirradas para pilotos já provocam cancelamentos na Alemanha. Agora sindicato Ver.di convoca pessoal de solo a paralisação de 27 horas. Versões da Lufthansa e de sindicalistas se chocam.
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A greve de 48 horas convocada pelo sindicato dos pilotos Associação Cockpit (VC) atinge duramente a Discover Airlines, subsidiária da Lufthansa. No aeroporto de Frankfurt, seriam realizados apenas dois dos 12 voos da companhia planejados para esta segunda-feira (05/02), segundo dia da paralisação. Na véspera também houve cancelamento de dez dos 16 voos programados.
Esta já é a terceira suspensão de atividades da companhia aérea fundada há dois anos e meio – após as cinco horas de greve de advertência pouco antes do Natal, e de uma greve regular de 24 horas no fim de janeiro.
Paralelamente, o sindicato dos prestadores de serviços Ver.di convocou o pessoal de solo da Lufthansa para uma greve de 27 horas nos aeroportos de Frankfurt, Munique, Hamburgo, Berlim e Düsseldorf, de 4h00 da quarta-feira (00h00 em Brasília) às 7h10 da quinta-feira.
A companhia aérea alemã critica como "totalmente incompreensível, em duração e dimensões" a greve que, segundo ela, afetaria mais de 100 mil passageiros.
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Negociações acirradas e versões conflitantes
A greve se realiza no contexto das negociações salariais em curso, para o pessoal de solo da Deutsche Lufthansa, Lufthansa Technik, Lufthansa Cargo e outras integrantes do conglomerado. A Ver.di calcula em 25 mil os funcionários em questão, enquanto a Lufthansa fala de 20 mil – e as discrepâncias entre as duas versões não param por aí.
Os sindicalistas afirmam que a empresa propôs até agora um aumento médio de menos 2% no primeiro ano; e os empregados fora da Lufthansa Technik teriam um bônus mais baixo para compensação da inflação. Além de "totalmente insuficiente", tal oferta seria "divisiva".
Por sua vez, a multinacional da aviação menciona remunerações de mais de 13%, assim como "significativos bônus de compensação da inflação" e equiparação das condições de trabalho entre o oeste e o leste do país (territórios da antiga Alemanha Oriental, sob regime socialista até 1990). A Lufthansa evoca também aumentos salariais já concedidos nos últimos 18 meses, de 11,5% em média, e acusa a Ver.di de ter agora convocado à greve "antes mesmo das negociações em si".
A associação sindical rebate que os funcionários têm hoje "cerca de 10% a menos no bolso do que ainda três anos atrás", devido à inflação. E, embora a companhia registre lucros recordes, "essa situação deve ainda piorar mais, com a oferta dos empregadores".
A paralisação seria portanto uma "resposta clara" a esse estado de coisas, justifica o chefe de negociações da Ver.di, Marvin Reschinsky. A associação exige 12,5% mais salário, porém não menos do que 500 euros mensais adicionais. Ao longo de 12 meses, seria paga uma compensação inflacionária de 3 mil euros, uniforme para todos os empregados. O trabalho em turnos precisaria igualmente ser mais bem remunerado.
Em contrapartida, além de um aumento mensal mínimo de 200 euros, a Lufthansa propõe um parcelamento três vezes mais longo, de 36 meses. A próxima rodada de negociações está marcada para 12 de fevereiro.
av/bl (AFP,DPA)
A evolução do trabalho ao longo da história
Até a Idade Média, o trabalho tinha má reputação. Então Martinho Lutero o pregou como dever divino. Hoje, robôs ameaçam substituir a mão de obra humana, mas esta pode ser uma oportunidade positiva para os humanos.
Ócio como ideal
Entre os pensadores da Grécia Antiga, trabalhar era malvisto. Aristóteles colocava o trabalho em oposição à liberdade ,e Homero via na ociosidade da antiga nobreza grega um objetivo desejável. O trabalho pesado era para mulheres, servos e escravos.
Foto: Imago/Leemage
Quem faz festa não trabalha
Na Idade Média, trabalhar na agricultura era uma tarefa árdua. Quem era obrigado a trabalhos forçados por seus patrões, não tinha escolha. Mas, quem a tinha, preferia fazer festa e não se preocupar com o amanhã. Pensar em algum tipo de lucro era considerado vício. Uma cota de até cem dias livres por ano servia para garantir que o trabalho não ficasse em primeiro plano.
Foto: Gemeinfrei
Trabalho como ordem divina
No século 16, Martinho Lutero declarou a ociosidade um pecado. O homem nasce para trabalhar, escreveu Lutero. Segundo ele, o trabalho é um "serviço divino" e ao mesmo tempo "vocação". No puritanismo anglo-americano, o trabalho é visto como um sinal de que quem o executa foi escolhido por Deus. Isso acelerou o desenvolvimento do capitalismo.
Foto: picture-alliance/akg-images
A serviço das máquinas
No século 18, começou a industrialização na Europa. Enquanto a população crescia, diminuía o espaço cultivável. As pessoas migraram para as cidades em busca de trabalho em fábricas e fundições. Em 1850, muitos ingleses trabalhavam 14 horas por dia, seis dias por semana. Os salários mal davam para sobreviver. Descobertas como a máquina a vapor e o tear mecânico triplicaram a produção.
Otimização da linha de montagem
No início do século 20, Henry Ford aperfeiçoou o trabalho na linha de montagem da indústria automobilística, estabelecendo padrões para a indústria em geral. Com isso, a produção do Ford modelo T foi facilitada em oito vezes, o que baixou o preço do veículo e possibilitou salários mais altos aos funcionários.
Surge uma nova classe
Com as fábricas surge uma nova classe: o proletariado. Para Karl Marx, que cunhou este termo, o trabalho é a essência do homem. O genro de Marx, o socialista Paul Lafargue, constatou em 1880: "Um estranho vício domina a classe trabalhadora em todos os países (...) é o amor ao trabalho, um vício frenético, que leva à exaustão dos indivíduos". O cartaz acima diz: "Proletários do mundo, uni-vos"
Produção barateada
Ao longo do século 20, aumentaram significativamente os custos sociais com os trabalhadores nas nações mais ricas do mundo. Como resultado, as empresas transferiram a produção para onde a mão de obra é mais barata. Em muitos países pobres prevalecem até hoje circunstâncias que lembram o início da industrialização na Europa: trabalho infantil, salários baixos e falta de segurança social.
Foto: picture-alliance/dpa/L.Jianbing
Novas áreas de trabalho
Enquanto isso, são criados na Europa mais empregos no setor de prestação de serviços. Cuidadores de idosos são procurados desesperadamente. Novos campos de trabalho estão se abrindo como resultado das transformações sociais e dos avanços tecnológicos. Com o passar do tempo, a jornada de trabalho foi reduzida e o volume de trabalho per capita diminuiu 30% entre 1960 e 2010.
Foto: DW/V.Kern
Trabalhar, nunca mais?
Eles não fazem greve, não exigem aumento salarial e são extremamente precisos: os robôs industriais estão revolucionando o mundo do trabalho. O economista americano Jeremy Rifkin fala até de uma "terceira revolução industrial" que irá acabar com trabalho assalariado.
Foto: picture-alliance/dpa/Stratenschulte
Robôs vão nos substituir?
Esta pergunta já é feita desde que a automação chegou às fábricas, mas agora a situação parece se acirrar. Com o avanço da digitalização, da Internet das Coisas e da Indústria 4.0, muitas ocupações estão se tornando obsoletas – e não só na indústria.