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Greves e enchentes causam transtornos na França

2 de junho de 2016

Paralisações nos setores de energia e transportes causam transtornos em todo o país e podem gerar problemas durante a Euro 2016. Em Paris, o rio Sena transborda e obriga ao fechamento do Museu Louvre.

Foto: picture-alliance/AA/R. Avellaneda

As greves dos trabalhadores dos setores de transportes e energia da França, somadas às enchentes em algumas regiões, geraram grandes transtornos ao país nesta quinta-feira (02/05). As reformas nas leis trabalhistas propostas pelo governo estão no centro dos protestos.

A greve dos ferroviários paralisa, desde esta quarta-feira, em torno da metade dos serviços de trens no país. Cerca de 40% dos trens de alta velocidade TGV não circularam nesta quinta-feira, e cinco ligações entre Paris e Bruxelas foram canceladas.

Na noite desta quarta-feira, três dos quatro sindicatos ferroviários convocaram os trabalhadores para uma greve, sem fim determinado, em protesto contra os planos de reorganização da empresa estatal SNCF, que administra o transporte ferroviário no país. Cerca de 15% dos trabalhadores aderiram nesta quinta-feira.

As paralisações devem ocorrem apesar da intervenção do governo, que visa pressionar a diretoria da SNCF para preservar os fins de semanas livres dos condutores. Essa medida, segundo a empresa, a deixaria sem competitividade no mercado após a abertura do setor para a competição privada em 2020, segundo as regras da União Europeia.

46% apoiam grevistas

O sindicato Spaf, que representa um quarto dos pilotos da empresa aérea Air France, convocou uma greve para 11 de junho, que vai coincidir com o início da Eurocopa 2016. A paralisação, que deverá durar quatro dias, foi marcada em protesto contra medidas que podem diminuir os salários dos aviadores.

Outro sindicato dos trabalhadores da aviação, o SNPL, que representa a maioria dos funcionários da empresa, decidiu na última segunda-feira iniciar uma greve de mais de seis dias. As datas ainda serão definidas.

País é assolado por greves e protestos desde a introdução das reformas trabalhistasFoto: Getty Images/AFP/J. Evrard

Porém, os sindicatos de controladores aéreos, que haviam convocado uma greve entre esta sexta-feira e domingo, desistiram do movimento, anunciou o governo.

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) iniciou uma série de greves em 16 das 19 usinas nucleares francesas para pressionar o governo a voltar atrás nas reformas nas leis trabalhistas. As paralisações deverão reduzir a produção energética e obrigar a empresa de energia EDF a importar eletricidade dos países vizinhos.

Uma pesquisa de opinião publicada no fim de semana pelo jornal Dimanche indica que 46% dos franceses apoiam as exigências dos sindicatos. Os protestos contra as reformas nas leis do trabalho começaram em maio, após o governo excluir o Parlamento da decisão e fazendo uso de poderes especiais, que permitem implementar reformas através de decretos.

O rio Sena, em Paris, subiu mais de 5 metrosFoto: Reuters/P.Rossignol

Enchentes e Eurocopa 2016

Nesta quinta-feira, os serviços de meteorologia da França alertaram que chuvas fortes deverão continuar a atingir a região central do país. Em Paris, o Sena subiu mais de 5 metros e inundou algumas áreas nas suas margens. O Museu do Louvre estará fechada nesta sexta-feira, e obras que estavam no depósito tiveram que ser levadas para um local seguro. Também o Museu d'Orsay também colocou obras que estavam no seu porão em segurança.

A França tenta de todas as formas evitar distúrbios durante a Eurocopa 2016, o maior torneio de seleções de futebol da Europa, com início em 10 de junho. O alerta de segurança no país está no nível mais alto.

O estado de emergência decretado após os ataques terroristas de novembro em Paris foi estendido até o final de julho. Cerca de 90 mil policiais e membros das forças de segurança serão mobilizados durante o torneio. O líder da CGT, Philippe Martinez, afirmou que o sindicato não tem a intenção de causar danos ao evento e conclamou o governo a negociar.

O primeiro ministro francês, Manuel Valls, afirmou ao Parlamento que o conflito sobre a reforma das leis trabalhistas pesa sobre a economia numa época em que o governo tenta a retomada do crescimento e a queda no desemprego.

RC/afp/rtr/lusa

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