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Gripe aviária: prevenção ou alarmismo?

Christiane Hoffmann (fs)21 de outubro de 2005

Reuniões ministeriais, corrida às farmácias, confinamento de aves. Entre as medidas contra a gripe aviária na Europa, a analista da DW-WORLD Christiane Hoffmann separa as ações de precaução das reações de histeria.

Galinha: inimiga pública?Foto: dpa - Report

Qual é a linha divisória entre prevenção e alarmismo? Em relação aos focos de gripe aviária na Turquia, Grécia, Romênia e Rússia, ninguém na Europa sabe a resposta para essa pergunta. De qualquer forma, não parece haver motivo para as pessoas correrem às farmácias e comprarem o medicamento antiviral Tamiflu, ou mesmo deixar de comer frango, como está ocorrendo no continente.

Há dois temas fundamentais, e eles têm de ser tratados separadamente. De um lado, está a ameaça à saúde dos animais e, do outro, o perigo para os humanos. Antes de mais nada, a gripe aviária é uma epidemia veterinária, um perigo até agora restrito às aves, entre as quais tem causado devastação.

Nenhuma certeza

Ciclos migratórios podem espalhar gripe aviáriaFoto: dpa

Dez milhões de aves foram abatidas na Ásia nos últimos dois anos, numa tentativa de evitar que o vírus H5N1 atingisse outras regiões. Entretanto, como o ciclo migratório dos pássaros pode levar a doença para todas as partes do mundo, essas medidas não têm grande efeito.

É crucial considerar as condições em que os animais são criados. A decisão do governo alemão de permitir apenas a criação de aves em confinamento é correta, ainda que possa trazer perdas para a agropecuária orgânica do país.

Não há nada de novo sobre a gripe aviária – na verdade, a doença vem aparecendo e desaparecendo ao longo dos últimos 100 anos. Há dois anos, por exemplo, o vírus eclodiu na Holanda, porém o surto foi contido rapidamente.

Nem mesmo as mais rigorosas precauções bastam para impedir que o vírus causador da doença chegue à Europa central. Entretanto, devido ao bem estruturado sistema preventivo da União Européia e às medidas preventivas já tomadas, são muito boas as chances de controlar a gripe aviária caso ela chegue ao continente.

Na Alemanha, frango tem de ficar confinadoFoto: AP

Em comparação, os países do Oriente Médio e da África Oriental terão mais dificuldades em controlar qualquer aparição do H5N1. O impacto econômico pode ser grande, o que siginifica que essas regiões precisam de apoio no combate à doença.

Ao menos até o momento, os seres humanos não se mostraram um campo fértil para a multiplicação do vírus, uma vez que o mal não é transmitido de uma pessoa para outra. Ainda que possa ser fatal também para humanos, ele é contraído apenas por meio de contato direto com sangue ou excrementos de aves – o que pode ocorrer, por exemplo, na hora do abate de frangos e outros tipos de ave.

Epidemia de gripe

Contudo paira o temor de que o vírus da gripe aviária sofra mutação, tornando-se contagioso entre humanos e desencadeando uma pandemia. Já se fala em milhões de mortes ao redor do mundo. E quanto mais este número é repetido, mais ameaçador parece.

Laboratório: dúvidas sobre mutação do vírusFoto: dpa - Report

Cientistas estão particularmente nervosos, pois, do ponto de vista estatístico, já estaria mais do que na hora de uma grande epidemia de gripe. Teme-se que o H5N1 se transforme num supervírus, embora não haja qualquer certeza quanto a isso. Um vírus completamente diferente poderia causar a epidemia – e ela pode ocorrer no ano que vem, em 20 anos, ou nunca.

Pensando em termos reais, é uma boa idéia tomar medidas de precaução, como a estocagem de medicamentos pelo governo. Mas não há necessidade para preocupação excessiva ou reações de pânico. Manipular o medo das pessoas, por meio de repetidas referências a uma possível pandemia, é simplesmente irresponsável.

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