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Alemanha registra aumento de disposição à violência por extremistas

13 de junho de 2013

Segundo o Departamento Federal de Proteção à Constituição, disposição para a violência por grupos extremistas de direita e de esquerda aumentou no país. Maior número de salafistas também aumentaria risco de ataques.

Foto: picture-alliance/dpa

A disposição à violência por grupos radicais aumentou na Alemanha, de acordo com informações do presidente do Departamento Federal de Proteção à Constituição (BfV, na sigla em alemão), Hans-Georg Maaßen, que apresentou o relatório de 2012 do órgão, também conhecido como o serviço de inteligência interno da Alemanha, durante esta semana em Berlim. O país também continua um possível alvo de atentados terroristas islâmicos, segundo o BfV.

O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, assinalou a crescente ameaça à Alemanha por parte de grupos reformistas islâmicos conhecidos como salafistas. Segundo o relatório do BfV, responsável pela vigilância e pela proteção da Lei Fundamental alemã, o salafismo radical islâmico seria atualmente o movimento islamita mais dinâmico tanto no interior do país quanto internacionalmente.

Para o ministro alemão, principalmente a confrontação entre salafistas e extremistas de direita seria perigosa, já que os movimentos radicais de direita, por exemplo, alertam contra uma "islamização" da Alemanha, apostando em provocações para radicalizar a oposição aos grupos islâmicos.

Ainda de acordo com o relatório, o número dos extremistas de esquerda dispostos à violência, por sua vez, ficou igual ao de 2011. Porém, o serviço interno de inteligência da Alemanha registrou um aumento "sensível" da disposição à violência nesses grupos.

Extremismo de direita

De acordo com BfV, o número de extremistas de direita diminuiu ligeiramente na Alemanha durante o ano passado. No entanto, quase a metade dos 22.150 extremistas de direita teria disposição para a violência. E o número de delitos com motivação radical desse grupo teria aumentado em mais de mil casos em relação a 2011: foram 17.134 infrações em 2012.

Por outro lado, desde a descoberta dos crimes da célula de extrema direita Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, na sigla em alemão), no final de 2011, as autoridades alemãs estariam mais atentas aos movimentos radicais de direita. A única sobrevivente do trio terrorista, Beate Zschäpe, está sendo processada em Munique pelos delitos da NSU, que é acusada de ter matado dez pessoas entre 2000 e 2007 – oito delas de origem turca. Segundo o órgão de proteção da Constituição, o perigo do terrorismo de direita não está eliminado na Alemanha e a existência de outras estruturas ultraconservadoras seria "ao menos possível".

O número de passeatas da direita também diminuiu – de 167 no ano de 2011 para 95, no ano passado. Em 2012, diversos grupos de extrema direita foram proibidos, o que causou problemas de mobilização de tais grupos. Também o número de concertos de bandas com orientação de extrema direita diminuiu. De acordo com o BfV, as ativistas dos grupos de extrema direita se deslocam cada vez mais para a internet.

O presidente do BfV, Hans-Georg Maaßen (esq.), e o ministro do Interior da Alemanha, Hans-Peter FriedrichFoto: picture-alliance/dpa

Extremismo de esquerda

Também o número de apoiadores do extremismo de esquerda diminuiu, mas o número de extremistas de esquerda propensos à violência continuou o mesmo em relação a 2011: 7.100 pessoas.

Por outro lado, o número de delitos com motivação de extrema esquerda caiu consideravelmente: de 4.502 em 2011 para 3.229 em 2012. Dessas infrações, 876 envolveram violência (em 2011 foram 1.157).

No entanto, o potencial de perigo ainda é alto, afirmou o BfV em seu relatório. Cada vez mais, grupos de extrema esquerda se mostrariam dispostos a praticar violência contra representantes do Estado, principalmente contra a polícia.

Grupos radicais islâmicos

Assim como em 2011, existiam 30 organizações islâmicas ativas na Alemanha no final de 2012. O meio, no entanto, aumentou consideravelmente: em 2012, foram contadas 42.550 pessoas; em 2011 esse número era de 38.080.

O órgão de proteção à Constituição vê no terrorismo islâmico um dos maiores perigos para a segurança interna da Alemanha. As autoridades observam que aumentou o movimento de viagem de pessoas consideradas radicais islâmicas da Alemanha para o Egito – com o objetivo de, a partir dali, seguir viagem para campos de treinamento terroristas.

O salafismo, o movimento reformista islâmico que defende uma volta aos valores tradicionais do Islã, é a vertente que mais cresce dentro do meio. Em 2012, foram contados 4.500 apoiadores do salafismo – em 2011 eram 3.800. No ano passado, o ministro do Interior Hans-Peter Friedrich proibiu a organização salafista Milatu Ibrahim.

O relatório avaliou ainda a atuação dos serviços secretos estrangeiros na Alemanha. Principalmente as agências de inteligência da Rússia e da China estariam atuando no país, disse o BfV. Um papel importante é exercido pelos ataques eletrônicos a sistemas de computadores de órgãos públicos e firmas, ou seja, ciberataques direcionados com o objetivo de espionagem de informações ou sabotagem de redes. Em 2012, o governo alemão registrou 1.100 ataques a suas redes.

Reforma de base

Entre os políticos alemães, o relatório do BfV polarizou as opiniões. O secretário-geral da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão), o partido da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel, explicou que o relatório mostrava claramente "a diversidade de ameaças que enfrenta nossa democracia", mostrando "como são importantes órgãos de segurança fortes."

Quanto às exigências da extinção do Departamento Federal de Proteção à Constituição após as falhas nas investigações sobre a célula de extrema direita NSU, a CDU emitiu um "claro não". A líder da bancada parlamentar do Partido Verde, Renate Künast, falou de um "relatório vago" do serviço interno de inteligência, o que mostraria a necessidade de um reinício do BfV para "esclarecer o funcionamento das investigações no interior da Alemanha".

Thomas Opperman, deputado do maior partido da oposição, o Partido Social-Democrata, classificou o crescimento da disposição à violência como "preocupante". Ele afirmou, no entanto, que "não basta descrever o problema do extremismo" e disse que sentia falta de "uma reforma básica, que leve a uma mudança fundamental de mentalidade nas autoridades de proteção à Constituição."

CA/afp/dpa

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