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Guaidó diz que 300 mil podem morrer sem ajuda humanitária

9 de fevereiro de 2019

Autoproclamado presidente interino faz apelo a militares para que permitam entrada de ajuda no país e evitem morte de milhares de venezuelanos. Maduro diz que EUA inventaram crise humanitária para justificar intervenção.

Guaidó em encontro com estudantes universitários em Caracas
Guaidó em encontro com estudantes universitários em Caracas, nesta sexta-feiraFoto: picture-alliance/AA/M. Perez Del Carpio

O oposicionista e autoproclamado presidente interino da Venezuela Juan Guaidó fez um apelo neste sábado (08/02) às Forças Armadas para que permitam o ingresso de ajuda externa no país, alertando para uma catástrofe humanitária.

"Não cometam violações de direitos humanos ao se tornarem responsáveis, direta ou indiretamente, pela morte de 250 mil a 300 mil venezuelanos", disse Guaidó ao jornal El Nacional, citando estimativas de quantas pessoas correm risco de morte caso não seja permitida a entrada de ajuda externa no país.

Ele afirmou que os militares precisam decidir se estão do lado da Constituição ou do lado de "um ditador cada vez mais isolado".

Desde que Guaidó se autoproclamou presidente interino, em 23 de janeiro, a Venezuela vive uma disputa de poder entre o oposicionista e o presidente em exercício. Cerca de 40 países já declararam apoio a Guaidó, entre eles Brasil, Estados Unidos, Alemanha e uma série de outros países sul-americanos. Maduro ainda conta com o apoio das Forças Armadas venezuelanas e de aliados como Rússia e China.

Enquanto a população venezuelana enfrenta escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, Maduro afirma que Washington inventou uma crise humanitária em seu país para justificar uma intervenção. O presidente em exercício vem impedindo a entrada de ajuda vinda dos Estados Unidos através da fronteira com a Colômbia, onde uma ponte está bloqueada desde a última terça-feira.

Segundo a agência de notícias AFP, ao ser questionado em entrevista se usaria suas prerrogativas como presidente da Assembleia Nacional e presidente interino para autorizar uma intervenção dos EUA no país, Guaidó respondeu: "Faremos tudo o que for necessário, tudo o que tivermos que fazer para salvar vidas humanas, para impedir que crianças morram."

Apesar de reconhecer que uma intervenção americana é um "assunto muito controverso", o político afirmou que a oposição fará tudo o que "tiver o menor custo social e que gere governabilidade e estabilidade para poder responder à emergência" no país.

"O que Maduro está fazendo é tentar ter um inimigo externo, criar uma causa comum com parte da esquerda global. Mas não se trata de esquerda ou de direita, trata-se de humanidade, e faremos tudo o que pudermos de modo soberano e autônomo para pôr fim à usurpação [de Maduro] e ter um governo de transição e eleições livre", disse.

Apesar de a AFP afirmar que Guaidó não descarta uma intervenção americana, a correspondente da emissora pública de televisão alemã ARD Anne-Katrin Mellmann afirmou que o oposicionista não se manifestou especificamente sobre o assunto, deixando apenas uma pergunta sobre o tema sem resposta.

Em meio à crise política e econômica que assola a Venezuela, Washington não descartou uma intervenção militar no país. No fim de janeiro, o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, afirmou que o presidente Donald Trump se mantém aberto a "todas as opções".

Nesta sexta-feira, Maduro disse estar disposto a se reunir com enviados do Grupo de Contato Internacional (GCI), formado por alguns países latino-americanos e pela União Europeia (UE) e que pretende promover o diálogo em Caracas para solucionar a crise política no país.

Maduro criticou, porém, a "parcialidade e ideologização" do grupo e voltou a rejeitar ajuda humanitária dos EUA. "A Venezuela não tolerará o espetáculo da chamada ajuda humanitária, porque não somos os mendigos de ninguém", disse.

LPF/afp/epd

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