Após três temporadas, técnico conhecido pelo perfeccionismo e pela ânsia de autonomia se despede do Bayern para treinar, a partir de agosto, o Manchester City. Em Munique, como em Barcelona, ele deixou sua marca.
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Provavelmente não há nada no mundo que Pep Guardiola ame tanto como a independência. Ele próprio quer decidir quem joga e como jogar. Ele quer determinar quando um jogador lesionado está recuperado – não importa se o departamento médico tem objeções a isso. Ele quer ter a última palavra quando se trata de transferências e ter, de preferência um time de acordo com as suas ideias.
Até os menores detalhes interessam a Guardiola. Ele tenta influenciar tudo o que pode, para fazer seus jogadores e sua equipe ainda melhores. Por isso, logo após chegar a Munique, ele deixou claro que seus jogadores têm que comer algo no mais tardar uma hora após o fim do jogo – e controlou o respeito a essa regra até com a ajuda de um especialista em nutrição.
Não raro, o catalão provocou estranhamento no Bayern, clube liderado em estilo familiar, com sua natureza perfeccionista e, ao mesmo tempo, pouca capacidade para diplomacia. O médico Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, o meia Mario Götze e o atacante Mario Mandzukic, todos hoje fora do Bayern, são testemunhas disso. Mesmo o diretor de futebol do clube, Matthias Sammer, nem sempre se deu particularmente bem com o estilo Guardiola.
Constante mudança e novos desafios
Mas do mesmo modo que o impulso por perfeição, por vezes, parece ser uma fraqueza de Guardiola, ele também é a sua força. Não há praticamente um treinador mais bem sucedido do que ele. Guardiola elevou o jogo de futebol a um novo nível durante o seu tempo como treinador do Barcelona. O máximo em posse de bola, controle absoluto, troca de passes curtos, em movimentação constante – tudo decorado com a classe individual de jogadores como Andres Iniesta e Lionel Messi. Mais perfeito do que isso, não dava para jogar.
Embora Guardiola mantenha estreito contato com seus jogadores, ele não é de ter longas ligações com um clube. Depois de apenas três anos, ele vai deixar o Bayern no meio deste ano. A direção é o Manchester City, o próximo clube, o próximo desafio.
O objetivo para Guardiola é sempre o máximo: troféus, o campeonato, a Liga dos Campeões – título que ele perde agora com os bávaros pela terceira vez, sendo eliminado na semifinal. Sua despedida no Bayern, depois de três temporadas, Guardiola tinha anunciado já no início, basicamente, quando disse certa vez: "O quarto ano como treinador do Barcelona foi o meu maior erro."
Cultura e Política
Pouco se sabe sobre o homem privado Guardiola. Fora do campo, ele é discreto e dificilmente dá entrevistas. Em maio de 2015, casou-se, depois de 25 anos, com sua parceira Cristina, com quem está junto há 18 anos e tem três filhos. Guardiola se interessa por cultura, tem poetas e escritores entre seus amigos mais próximos. Ele adora boa comida e gosta de beber um copo de vinho branco. Supostamente, depois de cada jogo em casa, uma garrafa é colocada à disposição dele em seu escritório na Allianz Arena.
A autonomia, que ele considera desejável para sua própria vida, Guardiola deseja para a sua Catalunha natal. Na região, no leste da Espanha, existe há tempos um forte movimento de independência em que Guardiola milita ativamente. Simbolicamente, ele permitiu que seu nome conste no lugar mais baixo da lista da coligação Junts pel Si, que defende a independência da região. Várias vezes, Guardiola pediu publicamente a separação da Catalunha da Espanha. Ela é, como disse, "melhor para a Catalunha e a Espanha" e virá, com certeza, em algum momento.
Já a separação entre Pep Guardiola e Bayern está a apenas algumas semanas de distância. Se este passo será também uma melhoria para treinador e clube é algo que será necessário esperar para ver.
A história alemã na Liga dos Campeões
A Liga dos Campeões é o torneio mais importante da Europa e eletriza há anos os alemães. Os clubes do país já venceram seis vezes. O sétimo já está garantido, só falta saber qual clube vai expor a taça em em sua galeria.
Foto: picture-alliance/dpa
A primeira final
Vencer a Liga dos Campeões não é novidade nem para o Bayern de Munique, que conquista pela quinta vez o troféu, nem para o Borussia Dortmund, que já foi campeão uma vez. Mas uma final exclusivamente alemã era algo inédito. O estádio de Wembley, em Londres, foi o palco do duelo: Bayern 2 x 1 Dortmund.
Foto: Reuters
Em 1960, show de Puskas
Em 1960, o atacante húngaro Ferenc Puskas fez quatro gols na final contra o Eintracht Frankfurt. Mais de 135 mil torcedores assistiram à goleada que terminou em 7 a 3. O jogo foi disputado no Hampden Park, em Glasgow.
Foto: picture-alliance/dpa
Domínio bávaro
O Bayern de Munique dominou o torneio em meados dos anos 1970. Em 1974, venceu o Atlético de Madrid. Em 1975, venceu o Leeds United e, em 1976, conquistou o título mais uma vez, vencendo a final contra o Saint-Étienne. Na foto, o goleiro Sepp Maier levanta a taça, e seus companheiros comemoram usando o uniforme do time derrotado.
Foto: picture-alliance/dpa
Mönchengladbach perde para o Liverpool
Campeão da Bundesliga em 1977, o Borussia Mönchengladbach não conseguiu honrar o domínio alemão ao perder para o Liverpool a final disputada no Estádio Olímpico de Roma. Terry McDermott (dir.) foi insuperável na partida.
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Queda do Bayern na Holanda
Uma grande geração de jogadores ao chão. Karl Heinz Rumenigge, Dieter Hoeneß e Paul Breitner (da esq. para dir.) sentam-se no gramado e lamentam a derrota por 1 a 0 para o Aston Villa no estádio De Kuip, em Roterdã, na Holanda. A hegemonia inglesa se encerraria apenas no ano seguinte.
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Nottingham mantém domínio britânico
O domínio de times da Inglaterra se manteve por seis anos (1977 e 1982). O Hamburgo perdeu para o Nottingham Forest por 1 a 0 em 1980 e não conseguiu quebrar a supremacia. No jogo final, em Madri, o time alemão não foi páreo mesmo utilizando um atacante inglês, Kevin Kogan (dir.).
Foto: picture-alliance/dpa
Hamburgo em êxtase
Felix Magath marcou logo aos 8 do primeiro tempo, na final contra o Juventus de Turim, em 1983. O atacante do Hamburgo Horst Hrubesch (2° à esq.) bem que tentou ampliar o placar, mas não obteve sucesso e o jogo se manteve 1 a 0. Seria a sexta vez em série que a final da Liga dos Campeões (então Taça dos Campeões) terminaria com o magro placar.
Foto: picture-alliance/dpa
O milagre do Porto
Na final de 1987, o Bayern de Munique tinha a mão na taça. Aos 32 minutos do segundo tempo fez 1x0, mas logo depois houve uma milagrosa reação do Porto, que empatou com um gol de calcanhar de Rabah Madjer e virou três minutos depois, com Juary Filho. Não seria a última vez que o Bayern sofreria uma virada na final.
Foto: picture-alliance/empics
O título em 16 segundos
O Borussia Dortmund já estava vencendo o Juventus de Turim por 2x1 na final de 1997, mas o resultado não era suficiente. Foi quando entrou em campo Lars Ricken, que em apenas 16 segundos marcou mais um gol, garantindo o título para o time da região do Ruhr.
Foto: picture-alliance/dpa
O jogo só acaba quando termina
O ditado popular valeu como verdadeiro na memória dos fãs do Bayern de Munique. Em 1999, o time bávaro ganhava dos ingleses do Manchester United por 1 a 0. Porém, já nos acréscimos, o inacreditável aconteceu: Teddy Sheringham empatou aos 46 minutos do segundo tempo, e dois minutos depois, Ole Gunnar Solskjaer virou para 2 a 1. Festa do Manchester, lágrimas do Bayern.
Foto: Imago
Nos pênaltis
Dois anos após a amarga derrota, o Bayern voltou a disputar uma final de Liga dos Campeões, contra o Valência. Em Milão, o jogo foi para a disputa por pênaltis. O Bayern ganhou por 5 a 4. O treinador do Bayern na época, Ottmar Hitzfeld (dir.), conquistou seu segundo título da Liga, após o de 1997 com o Dortmund.
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Bayer Leverkusen é duas vezes vice
O Bayer Leverkusen teria tido um bom ano em 2002 se chegar duas vezes em segundo lugar fosse considerado algo positivo. Após se tornar vice-campeão da Bundesliga, o Leverkusen "conquistou" também o vice da Liga dos Campeões ao perder para o Real Madrid por 2 a 1 na final disputada em Glasgow, na Escócia.
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Diego Milito, o pesadelo do Bayern
O atacante argentino foi autor dos dois gols da vitória de 2 a 0 do Inter de Milão sobre o Bayern de Munique em 2010. Foi um jogo tático, em que Milito se sobressaiu. Dois anos mais tarde...
Foto: Imago
Derrota em casa
... o Bayern de Munique voltou a perder uma final de Liga dos Campeões, desta vez para o inglês Chelsea, em plena Allianz Arena, na Baviera. O jogo foi até as disputas de pênaltis. Para a tristeza geral do estádio, o Bayern foi derrotado por 4 a 3.