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ConflitosSíria

Guerra na Síria matou mais de 300 mil civis, estima ONU

29 de junho de 2022

Número representa cerca de 1,5% da população do país e equivale a uma média de 83 óbitos de civis todos os dias – entre eles, 18 crianças. Cifra não inclui mortos devido à falta de alimentos, água e cuidados de saúde.

Vala com oito corpos. Cinco deles estão enrolados em panos.
Número não inclui combatentesFoto: ZUMAPRESS.com/picture-alliance

Os primeiros dez anos da guerra na Síria deixaram mais de 300 mil civis mortos, anunciou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (28/06). O número significa aproximadamente 1,5% da população do país.

O relatório publicado pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos estima que 306.887 civis tenham sido mortos na Síria entre 1º de março de 2011 e 31 de março de 2021, vítimas do conflito armado, o que representa uma média diária de 83 civis mortos, entre eles 18 crianças.

Apesar do altíssimo número, a ONU alerta que a cifra real de vítimas deve ser ainda maior, já que a contagem final não inclui as pessoas que foram enterradas pelas famílias sem qualquer notificação às autoridades.

Além disso, a cifra trata do número de pessoas mortas como resultado direto de operações de guerra. "Isso não inclui os muitos, muitos outros civis que morreram devido à perda de acesso aos cuidados de saúde, à alimentação, à água potável e a outros direitos humanos essenciais", explicou a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.

Após 11 anos de conflito no país, cerca de 90% da população vive na pobrezaFoto: Louai Beshara/AFP

Principais causas das mortes

O documento destaca que a principal causa de mortes de civis foi pelas chamadas "armas múltiplas" (35,1%), que inclui confrontos, emboscadas e massacres. A segunda causa de morte foi por armas pesadas (23,3%).

O relatório cita 143.350 mortes de civis comprovadas individualmente, por diferentes fontes e com recurso a informação detalhada, como o nome completo da vítima, a data e o local da morte. Nos outros casos, as informações foram estimadas e complementadas através de métodos estatísticos.

"As baixas relacionadas ao conflito apontadas neste relatório não são apenas um conjunto de números abstratos, mas representam seres humanos individuais", afirmou Bachelet, que acrescentou que o trabalho de organizações, como a ONU, em monitorar as mortes relacionadas a conflitos armados é fundamental para ajudar as famílias em atribuir as responsabilidades devidas.

No ano passado, a ONU havia divulgado que pelo menos 350.209 pessoas haviam morrido no conflito. No entanto, o número também incluía não civis. 

90% da população vive na pobreza

Desencadeada em março de 2011 pela violenta repressão do regime de Bashar al-Assada manifestações pacíficas contra o governo, a guerra civil na Síria deixou também milhões de deslocados e refugiados.

Ao longo dos anos, o conflito ganhou uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos jihadistas, em várias frentes de combate.

Com a ajuda da Rússia e do Irã, Assad conseguiu derrotar seus oponentes na maioria das áreas e retomar grande parte do poder. Os partidários de Assad agora controlam cerca de dois terços do país. No entanto, muitas áreas seguem destruídas porque não há dinheiro suficiente para a reconstrução. 

Após 11 anos de conflito no país, cerca de 90% da população vive na pobreza, segundo a ONU. Cerca de 12 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar e 14,6 milhões de civis dependem de assistência humanitária.  

le/lf (DPA, Reuters, Lusa, ots)

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