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Guerras, clima, covid e dívidas travam esforços antipobreza

15 de outubro de 2024

Relatório do Banco Mundial revela que meta da ONU de eliminar pobreza extrema até o fim do decênio se tornou inatingível. Período entre 2020 e 2030 estaria prestes a se tornar uma "década perdida".

Crianças na Faixa de Gaza com alimentos doados por ajuda humanitária
Mundo levará mais de três décadas para melhorar as vidas de quase 700 milhões em situação de pobreza extrema, diz estudoFoto: Mahmoud Issa/Middle East Images/picture alliance

Um relatório do Banco Mundial divulgado nesta terça-feira (15/10) afirma que, prevalecendo as tendências atuais, o mundo levará mais de três décadas para melhorar as condições de vida de quase 700 milhões que vivem em situação de pobreza extrema no mundo.

No relatório Pobreza, prosperidade e planeta 2024, o Banco Mundial avalia que os grandes revezes dos últimos anos – guerras, crise climática, endividamento e a pandemia de covid-19 – tornaram inatingíveis as metas das Nações Unidas de pôr fim à pobreza extrema até 2030. É considerado em pobreza extrema quem vive com menos de 2,15 dólares (R$ 12,14) por dia.

A taxa de pobreza global caiu de 38% em 1990, para 8,5% em 2024, em grande parte devido ao rápido crescimento econômico na China, Por outro lado, , a taxa de progresso está estagnada desde 2019. A expectativa é que até 2030 esse dado diminua apenas modestamente, para 7,3%.

A pobreza extrema permaneceu concentrada em países com crescimento econômico historicamente baixo e altos níveis de fragilidade, muitos dos quais na África Subsaariana.

"Década perdida"

"A redução da pobreza global diminuiu até quase parar, com o período entre 2020 e 2030 prestes a se tornar uma década perdida", revela o relatório.

O diretor-gerente chefe do Banco Mundial, Axel van Trotsenburg, observou que, após décadas de progresso, o mundo enfrenta "graves retrocessos na luta contra a pobreza global, devido aos desafios interligados que incluem crescimento econômico lento, pandemia, dívida alta, conflitos e fragilidade, e choques climáticos."

"Precisamos de um manual de desenvolvimento fundamentalmente novo, se quisermos realmente melhorar a vida e os meios de subsistência humana e proteger nosso planeta", disse Trotsenburg.

De acordo com o estudo, seria necessário mais de um século para o mundo atingir o objetivo ainda mais ambicioso de aumentar as rendas para mais de 6,85 dólares por dia, considerados como o limite de pobreza para países de renda média alta como Brasil, Argentina e China, cuja renda per capita está entre 4.466 e 13.845 dólares por ano.

Quase a metade da população mundial – 3,5 bilhões ou 44% – vive com menos de 6,85 dólares por dia. Segundo o relatório, o contingente nesse patamar de pobreza pouco mudou desde 1990, em razão do crescimento populacional.

Redução da desigualdade estagnada

Pobreza, prosperidade e planeta 2024 ressalta que também houve poucos avanços em termos de redução da desigualdade. Ao mesmo tempo que o número de países com diferenças particularmente grandes entre ricos e pobres havia diminuído de 66 para 49 na última década, dos habitantes de países com alto nível de desigualdade permaneceu inalterada, em 22%. A maior parte de deles estão na América Latina, Caribe e África Subsaariana.

"Quase uma em cada cinco pessoas no mundo está propensa a enfrentar um impacto climático grave em sua vida, do qual teria dificuldade para se recuperar. Na África Subsaariana, quase todos os expostos a eventos climáticos extremos estarão sob risco de sofrer perdas de bem-estar devido a sua vulnerabilidade", afirma o Banco Mundial.

Além disso: "A futura redução da pobreza demanda um crescimento econômico menos intensivo em termos de emissões de carbono do que no passado."

rc/av (AFP, ots)

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