País onde teve início o surto de dois anos atrás ainda vai passar por período de vigilância para detecção de novos casos. Doença custou a vida de mais de 11 mil pessoas na África Ocidental.
Anúncio
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou nesta terça-feira (29/12) que a Guiné está livre do vírus do ebola, dois anos após o surto iniciado no país ter se espalhado pela África Ocidental, atingindo as vizinhos Libéria e Serra Leoa.
Já se passaram 42 dias desde que testes realizados na última pessoa infectada com o vírus apresentaram, pela segunda vez, resultados negativos. A Guiné vai permanecer ainda em um período de 90 dias de vigilância reforçada, para assegurar que quaisquer novos casos possam ser identificados imediatamente, evitando novas contaminações.
A decisão da OMS trouxe alívio à Guiné, um dos países mais pobres do mundo, que passou ao centro das atenções mundiais ao se tornar o local da primeira vítima do surto de ebola. O vírus logo começou a se espalhar, chegando a Libéria e Serra Leoa e, em casos isolados, também a outros países.
"Essa é a primeira vez que os três países – Guiné, Libéria e Serra leoa – conseguiram impedir as correntes iniciais de transmissão, responsáveis pelo surto devastador de dois anos atrás", afirmou o médico Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS na África.
Segundo dados da OMS de 20 de dezembro, o vírus matou mais de 11 mil pessoas, entre os 29 mil casos registrados. Apenas na Guiné, 2.500 pessoas morreram em razão da doença.
"Os próximos meses serão absolutamente críticos", afirmou o médico Bruce Aylward, representante especial da OMS no combate ao ebola. "Esse é o período de que os países necessitam para assegurar que estão completamente aptos a prevenir, detectar e reagir a novas infecções."
A Libéria é agora o único país que aguarda para ser declarado livre do vírus pela OMS, o que poderá ocorrer em meados de janeiro.
RC/afp/dpa
Ebola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção na África
Agora, médicos e enfermeiros da África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.