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Guterres é confirmado secretário-geral da ONU

13 de outubro de 2016

Em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, ex-primeiro-ministro português diz que dignidade humana será centro de seu trabalho à frente da organização. Ele assume posto de Ban Ki-moon em janeiro de 2017.

Portugal Lissabon Antonio Guterres
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Govern

A Assembleia Geral das Nações Unidas nomeou oficialmente nesta quinta-feira (13/10) o ex-primeiro-ministro português António Guterres como o próximo secretário-geral da organização, marcando a última etapa do processo de sucessão do sul-coreano Ban Ki-moon.

Guterres, de 67 anos, vai assumir o cargo a partir de 1º de janeiro de 2017 para um mandato de cinco anos. Em discurso na ONU após a decisão, o português garantiu que vai trabalhar como "um construtor de pontes e um mediador honesto na busca de soluções que beneficiem a todos".

"O que nos tornou imunes aos apuros daqueles desprivilegiados social e economicamente? Tudo isso me faz sentir a aguda responsabilidade de fazer a dignidade humana o centro do meu trabalho, e, acredito, o centro de nosso trabalho comum", completou.

Ao pronunciar-se em inglês, espanhol e francês, Guterres elogiou "a notável demonstração de consenso e unidade" em torno da sua eleição e também "a transparência e a abertura do processo de seleção", para concluir que venceu, antes de tudo, "a credibilidade" das Nações Unidas.

Após a decisão da assembleia, o atual secretário-geral, Ban Ki-moon, declarou que Guterres é uma "excelente escolha para dirigir esta organização", porque seus instintos políticos são compatíveis com os da ONU – "cooperação para o bem comum e responsabilidade para com as pessoas e o planeta".

Em entrevista à Rádio ONU, o embaixador do Brasil nas Nações Unidas, Antonio Patriota, destacou "a força intelectual, a experiência profissional e a visão e capacidade de conquistar corações e mentes" de Guterres, e afirmou que uma das peças fundamentais para a escolha do português foi seu apoio à inclusão de países "que se sentem mais excluídos" em processos de decisão da ONU.

Com a aprovação desta quinta-feira, a assembleia segue uma recomendação do Conselho de Segurança da ONU que, no último 6 de outubro, indicou por unanimidade o ex-primeiro-ministro.

Guterres vai liderar, a partir de janeiro, uma organização que conhece bem, depois de ter chefiado o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), entre junho de 2005 e dezembro de 2015, uma organização com cerca de 10 mil funcionários em 125 países. Antes foi presidente da Internacional Socialista entre 1999 e 2005, de onde saiu para o Acnur.

Ele foi ainda primeiro-ministro de Portugal de 1996 a 2002, quando renunciou ao cargo depois da derrota do Partido Socialista nas eleições autárquicas, decisão que justificou com a necessidade de evitar que o país, "num momento de crise internacional", caísse num "pântano político". Sua eleição, em 1995, havia posto fim a dez anos de governo do então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.

EK/dw/abr/lusa/efe/ap

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