No dia 21 de março de 1919, o arquiteto Walter Gropius inaugurou a Escola Bauhaus em Weimar, no Leste da Alemanha. Apesar da subsequente perseguição pelo regime nazista, o movimento alcançou renome mundial.
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Ao fundar o movimento Bauhaus – que em alemão significa "casa de construção" –, o arquiteto Walter Gropius criou uma instituição de ensino com ideias vanguardistas, numa época em que o mundo enfrentava uma séria crise econômica. Engenheiros e arquitetos buscavam um modo simples de produzir em série objetos de consumo baratos.
No primeiro manifesto da Bauhaus, publicado em 1919, Gropius declarou que a arquitetura é a meta de toda atividade criadora. Completá-la e embelezá-la era antigamente a principal tarefa das artes plásticas. "Não há diferença entre o artesão e o artista, mas todo artista deve necessariamente possuir competência técnica", pregava o fundador da Bauhaus.
Entre professores e alunos, havia liberdade de criação, desde que obedecendo a convicções filosóficas comuns. O currículo da Bauhaus previa três fases: o primeiro semestre era o fundamento da própria Bauhaus. Inspirava-se nas ideias de Alfred Hozel, da Academia de Stuttgart. Ele havia elaborado um método de ensino para libertar os estudantes de preconceitos em relação ao "belo" e à "estética" adquiridos nas escolas primárias e nos ginásios. Era a preparação intelectual para a próxima fase.
Na segunda etapa, eram desenvolvidos problemas mais complexos e mais diversificados, como projetos industriais, pintura, escultura, arte publicitária, teatro, arte cênica e dança. Concluída esta fase, o aluno recebia o diploma da Bauhaus e podia começar o curso de arquitetura propriamente dito.
Em 1925, o governo cortou os subsídios à escola, obrigando sua transferência para outra cidade, Dessau, também no leste alemão. Lá se construiu uma universidade seguindo os planos de Gropius, mas por uma iniciativa do partido nazista foi fechada em 1932. A difusão do movimento se deu através de exposições na Alemanha e no exterior, além de publicações.
Quando a perseguição nazista se acirrou, seus principais expoentes emigraram para a Inglaterra e os Estados Unidos. Hoje, a Bauhaus de Weimar é uma escola superior, enquanto Dessau abriga a Fundação Bauhaus.
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Alguns objetos da coleção do Arquivo Bauhaus, em Berlim.
Foto: Bauhaus-Archiv Berlin/Foto: M. Hawlik
Mais que uma ideia
Walter Gropius fundou a Bauhaus em 1919. Nos 14 anos que se seguiram, ela tornou-se a mais importante escola de arte, design e arquitetura. Em sua curta existência, a Bauhaus influenciou não só a própria, mas também as gerações futuras. Suas formas simples e geométricas – como neste bule, de Marianne Brandt (1924) – servem até hoje de inspiração.
A Bauhaus não se apresentava apenas através de produtos e objetos, mas também de imagens e palavras. Em 1919, Lyonel Feininger criou a capa expressionista "Kathedrale" para o primeiro manifesto da Bauhaus. A intenção era atrair a atenção do público. Uma sala do Arquivo Bauhaus, em Berlim, aborda a popularidade alcançada pelo movimento.
Foto: Bauhaus-Archiv Berlin/Foto: M. Hawlik
A arte da arquitetura
"O objetivo final de toda a atividade criativa é a construção!" – proclamou a Bauhaus. Em Dessau, ainda sob o comando do arquiteto Walter Gropius, foi criado, em 1926, o departamento de construção e arquitetura do movimento. Primeiros esboços de projetos, como este de Fakas Molnar, foram feitos ainda em Weimar, mas nunca chegaram a ser realizados.
Já em 1923, a Bauhaus despediu-se esteticamente do Expressionismo. As imagens e produtos ficaram mais objetivos em sua concepção e execução. Os objetos artísticos deveriam ser reproduzíveis industrialmente e a baixo custo. As formas geométricas facilitavam a produção.
Práticos, simples e funcionais. Assim deveriam ser os objetos para uso doméstico criados pela Bauhaus. A exposição em Berlim mostra itens como tapetes, luminárias e móveis. Esta cozinha foi criada por Marcel Breuer em 1929. Numa época em que cada vez mais mulheres ingressavam na vida profissional, móveis compactos deveriam tornar o trabalho doméstico mais prático e rápido.
Foto: Bauhaus-Archiv Berlin/Foto: Justus A. Binroth
Geometria no quarto das crianças
Os brinquedos eram vistos como objetos que compunham o ambiente. Desenvolvido por Friedrich Froebel no início do século 19, os blocos de montar de madeira foram transformados, em 1923, por Alma Buscher num navio. Ela foi responsável por projetar o quarto do bebê na Musterhaus am Horn, em Weimar.
A Bauhaus não estabeleceu apenas novas normas para tamanhos e formas, mas também se orientava por uma escala de cores própria. Ela lembra o círculo de cores que o poeta Johann Wolfgang von Goethe montou para representar a "vida mental e espiritual do ser humano". A partir de modelos preto e branco, Katja Rose criou estes coloridos para as aulas com os alunos da Bauhaus, em 1932.
Estes pequenos fantasmas foram criados por Lyonel Feininger em um cartão para Werner Jackson, que tocava na banda da Bauhaus com T.Lux, filho de Feininger.
Embora T.Lux se considerasse pintor, ele se tornou conhecido por seu trabalho como fotógrafo. Aqui, ele retrata o pintor suíço Xanti Schawinsky tocando saxofone (esq.). Gertrud Arndt, que trabalhava com tecelagem, também ficou conhecida por esta imagem de si mesma tirada com timer (dir.).
Enquanto a famosa luminária Wagenfeld foi um dos primeiros projetos da Bauhaus, a luminária Bormann (foto), de 1932, foi um dos últimos. Ela foi projetada na oficina de metal da Bauhaus em Dessau e produzida numa fábrica da cidade. Um dos seus diferenciais era o cabo que se escondia no tubo de metal e também servia como pé, além da cúpula que permitia controlar a direção da luz.
Foto: Bauhaus-Archiv Berlin/Fotostudio Bartsch
100 vezes Bauhaus
Em 1932, ainda como uma instituição privada, a Bauhaus se mudou para Berlim, antes de ser fechada completamente pelos nazistas em 1933. Hoje, o Arquivo Bauhaus, com 700 metros quadrados, se tornou pequeno para abrigar o acervo que não para de crescer.