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Reunificação

DW(mb/ca)5 de fevereiro de 2009

Em fevereiro de 1989, um morador da antiga Berlim Oriental foi o último a pagar com a vida a tentativa de fuga para o Ocidente. Em novembro do mesmo ano, o Muro de Berlim caiu e tornou-se história.

Em 17 de agosto de 1962, Peter Fechter foi a primeira vítimaFoto: AP

Em 2009, comemoram-se os 20 anos da queda do muro que separava a antiga Alemanha Ocidental da Oriental. Até seis meses antes de ele cair, em novembro de 1989, ainda valia o comando de atirar naqueles cidadãos da antiga Alemanha Oriental que tentassem fugir para o Ocidente.

Segundo os pesquisadores do Centro de Pesquisa de História Contemporânea, em Potsdam, 134 pessoas morreram – entre fugitivos, soldados e acidentados – junto ao Muro de Berlim. Dessas, 99 foram assassinadas ao tentar atravessá-lo.

A última dessas vítimas foi o alemão-oriental, então com 20 anos, Chris Gueffroy, que ousou tentar a fuga em fevereiro de 1989. Foi um erro fatal que o levou a correr esse risco: um soldado conhecido de Gueffoy lhe dissera que a ordem de atirar havia sido suspensa.

Antiga RDA tentou esconder o caso

Cruz em memória de Chris Gueffroy em frente ao prédio do Reichstag, em BerlimFoto: AP

Com a iminência do serviço militar obrigatório, Gueffroy decidiu tentar a fuga, juntamente com um amigo. Na noite de 5 de fevereiro de 1989, os dois se esconderam num pequeno loteamento de jardins arrendados pelo governo, diretamente junto à fronteira. Equipados somente com uma pequena escada, eles tentaram escalar o muro, mas o alarme disparou. Testemunhas do Ocidente relataram, mais tarde, que escutaram pelo menos dez tiros e viram um homem sendo transportado.

Chris Gueffroy morreu em poucos minutos; seu amigo ficou seriamente ferido e foi levado à prisão. As autoridades da antiga Alemanha Oriental tentaram esconder a morte de Gueffroy. Somente dois dias mais tarde, sua família foi informada da morte.

Em um comunicado vago, o Ministério de Segurança do Estado (Stasi) informou à família que o rapaz teria morrido ao invadir a zona militar interditada. No entanto, a família de Gueffroy, que vivia nas cercanias do Muro de Berlim, escutara os tiros durante a noite.

Mídia ocidental esteve no enterro

Duas semanas mais tarde, os familiares publicaram no diário Berliner Zeitung um anúncio de morte que se referia a um "caso acidental", seguindo a terminologia ditada pelo regime.

Muitos jornalistas ocidentais estiveram presentes no enterro de Gueffroy. A antiga emissora RIAS, rádio do setor americano de Berlim Ocidental, noticiou na mesma noite que, além das informações no jargão oficial, nada fora comentado sobre a causa da morte de Gueffroy.

A RIAS informou também que agentes do serviço secreto se espalharam pelo cemitério. Muitos deles também teriam participado da cerimônia fúnebre na capela.

Questão de justiça

Chris Gueffroy foi o último morto no Muro de Berlim. Meio ano mais tarde, a ex-RDA desmoronava. No começo dos anos de 1990, o soldado que atirou em Gueffroy foi condenado a três anos e meio de prisão. Em 1997, o último politburo da antiga Alemanha Oriental teve que responder pela ordem de atirar. Egon Krenz, chefe de Estado da antiga RDA, foi condenado a seis anos e meio de detenção.

Karin Gueffroy, mãe do jovem assassinado, assistiu ao julgamento. Sobre a sentença, Gueffroy comentou: "Não falem em compensação. Nenhum sobrevivente pode tê-la. Mas isso faz parte daquilo que sempre queríamos ter: justiça. Aquilo que sempre nos foi negado".

Transeuntes e ciclistas passeiam hoje no local onde Chris Gueffroy tentou atravessar o Muro. A faixa ao longo do Muro de Berlim foi transformada em um parque. Em junho de 2003, no dia em que Chris Gueffroy completaria 35 anos, o Senado de Berlim inaugurou um memorial em sua homenagem.

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