Há 25 anos, Nokia 9000 inaugurava a era do smartphone
Andrej Sokolow
16 de agosto de 2021
Em 15 de agosto de 1996, companhia finlandesa lançava seu volumoso "escritório de bolso". Antecipando o Blackberry ou o iPhone da Apple, ele abriu o caminho para a comunicação móvel, com uma concepção baseada na solidez.
Anúncio
"O escritório no bolso do paletó", prometia a firma finlandesa Nokia, 25 anos atrás, ao lançar um telefone celular que se pode considerar o ancestral dos atuais smartphones. Era melhor ter um bolso bem grande: o Nokia 9000 Communicator media quase quatro centímetros de espessura e pesava seus 400 gramas.
Mas não há como negar que o aparelho era especial: podia ser aberto como um mini laptop, revelando um teclado e uma tela preto-e-branca, com diagonal de 4,5 polegadas (11,5 centímetros).
Apresentado na feira de computação CeBIT 1996 de Hanover, o produto entrou no mercado em 15 de agosto do mesmo ano. E definiu, durante a próxima década, a imagem de um smartphone: com botões, muitos botões. Afinal, trata-se de minicomputadores portáteis.
Depois do Communicator, os telefones Blackberry e seus teclados levaram a ideia à perfeição. Até que, em 2007, os iPhones da Apple detonaram essa abordagem, com suas touchscreens, as telinhas multitoque, e lançaram a pedra fundamental para os smartphones de hoje. Os quais, de fato, estão aptos a funcionar como escritórios de bolso, como tem sido confirmado especialmente na pandemia da covid-19.
Fiascos dolorosos
Nos anos 1990, só se podia sonhar com as capacidades dos atuais smartphones – como fez a Microsoft, em 1994, com seu visionário Information at your fingertips, onde mostrava dispositivos de bolso de display grande, conectados à internet.
No vídeo – que o fundador da companhia, Bill Gates, apresentou em sua fala na, há muito extinta, feira de computadores Comdex, em Las Vegas – o smartphone já era utilizado para pagamento num café, sem contato nem dinheiro vivo.
Entenda o que é o Pegasus, o software espião de celulares
04:57
Ao mesmo tempo, era um tempo de pioneirismo, em que muitos tentavam concretizar, com a tecnologia da época, pelo menos parte das ideias de comunicação móvel. Quanto mais ousadas as visões, tão mais dolorosos foram, em parte, o seu fracasso.
A Apple, à deriva sem seu fundador Steve Jobs, deu-se mal com o handheld Newton, cujo diferencial deveria ser a capacidade de reconhecer a escrita à mão, munido de tela grande e caneta de input. Mas, justamente nesse quesito, seu software foi um fiasco.
A startup General Magic tentou durante anos estabelecer um aparelho de touchscreen que conceitualmente trazia muitas funções dos futuros smartphones. No fim, porém, provou ser ambicioso demais para o nível técnico de então.
Anúncio
Velho sim, mas não extinto
A força da abordagem da Nokia com o Communicator era a solidez: o dispositivo não prometia inovações revolucionárias, mas de fato possibilitava realizar em trânsito algumas tarefas de escritório. Assim, podia-se enviar e receber faxes e e-mails, acessar um caderno de endereços e uma agenda. O preço na Alemanha era de 2.700 marcos, sem chip (o equivalente a cerca de 1.380 euros, sem correção da inflação).
Fechado, o 9000 Communicator parecia um celular simples, com teclas numéricas e uma pequena tela, só que, justamente, ainda mais volumoso. O display interno tinha resolução de 640 x 200 pixels. Diante dos padrões atuais, parece uma piada, mas o padrão para os grandes monitores nos anos 90 também era de 640 x 480 pixels.
Faltavam diversas funções que hoje integram um smartphone, como localização por GPS, câmera ou saída para fones de ouvido. Contudo, esse primeiro Communicator teve êxito suficiente para que, nos anos seguintes, a Nokia lançasse diversos novos modelos, mais avançados.
Os finlandeses ainda tentaram uma última vez fazer valer sua concepção na era dos smartphones modernos em 2011, com o Nokia E7, cuja tela revelava um teclado, ao ser empurrada para cima.
Quem ainda tem um Nokia Communicator 9000 na gaveta, não deve jogá-lo no lixo eletrônico, na próxima arrumação: no Ebay e outras plataformas de leilões, esses smartphones-vovôs ainda são disputados, chegando a render 500 euros.
Energia solar onde menos se espera
Painéis fotovoltaicos para coletar a luz do Sol estão sendo usados por todo o mundo, do deserto e do mar até o espaço: uma fonte de energia poderosa e totalmente verde.
Foto: Halil Fidan/AA/picture alliance
Catamarã solar em giro pelo mundo
O Race for Water é o maior iate solar do mundo e prescinde inteiramente de combustíveis fósseis. Módulos fotovoltaicos no deque movimentam os motores elétricos e recarregam as baterias para a noite. Em vez de mastros e velas, o catamarã usa uma pipa para determinar sua direção.
Foto: Race for Water/Peter Charaf
Não é coisa de burro
Este pastor da Turquia carrega o telefone celular com um módulo solar portátil. Os dispositivos são muito populares entre excursionistas e campistas, também em versões para mochilas e tendas. Assim, quem viaja longe das redes elétricas está equipado para qualquer emergência.
Foto: Halil Fidan/AA/picture alliance
Voar sem combustível
O Solar Impulse deu a volta ao mundo em diversos estágios, voando totalmente sem combustível de jato. Painéis solares na fuselagem e nas asas alimentam os motores e carregam as baterias da aeronave. Com uma viagem em torno do planeta, os pioneiros do voo solar promoveram essa forma de energia verde e mostraram que nem mesmo o céu é o limite.
Foto: Solar Impulse/Revillard/Rezo.ch
No espaço, de vela solar
Módulos solares possibilitam voos espaciais mais longos, podendo ser desdobrados no espaço para abastecer estações como a EEI, ou satélites e cápsulas não tripuladas. Os cientistas até já cogitam construir parques fotovoltaicos no espaço. Sondas solares de exploração já voaram até Júpiter. Lá, porém, a radiação é 25 vezes mais fraca do que na Terra, devido à distância do Sol.
Foto: NASA SPACEX/HO/dpa/picture alliance
Primeiro telefonema com energia solar
Em 1955, o primeiro módulo fotovoltaico foi instalado no sul dos EUA, para alimentar amplificadores telefônicos. Depois, veio a revolução do uso da tecnologia nas viagens espaciais. Desde então, o Sol tem brilhado em praticamente todo tipo de aplicação de energia.
Foto: AP Images/picture alliance
Revolução na agricultura
O trabalho no campo é pesado e maçante. O Farmdroid, da Dinamarca, movido pelo Sol, faz tudo sozinho, automaticamente e sem prejudicar o meio ambiente. O robô é capaz de semear beterraba e colza, por exemplo, e arrancar ervas daninhas – e isso sem necessidade de tirar folga. Ele é controlado por GPS, e sua força vem dos módulos instalados no teto.
Foto: Nikolai Tuborg/Farmdroid
Captando o Sol sobre a água
Estes trabalhadores estão orgulhosos da primeira plataforma solar flutuante no Quênia. A planta abastece com eletricidade uma fazenda de flores ao norte da capital, Nairóbi. Os módulos foram instalados em pontões especiais. Em outros lugares, os módulos flutuantes sobre lagos são às vezes combinados com piscicultura.
Foto: ecoligo GmbH
Uma ilha com energia do Sol
Em 2019, painéis fotovoltaicos flutuantes foram instalados no mar das Ilhas Maldivas, a fim de fornecer eletricidade para uma estância turística. Gerando 680 quilowatts, o sistema pode ser modesto, mas é um dos maiores do gênero. Ainda é necessário pesquisa para otimizar as instalações "offshore", já que tormentas, ondas fortes e a água marinha atacam os módulos muito mais do que em terra firme.
Foto: Swimsol
A energia que gosta do frio
O Muttsee, perto da Basileia, é o maior reservatório da Suíça. Um grande sistema solar foi instalado na parede da barragem, gerando grande quantidade de energia, sobretudo no inverno, pois, além de os módulos serem mais eficientes no frio, a neve reflete luz natural. Além disso, a intensidade do Sol é muito maior no alto, já que a névoa permanece no vale.
Foto: Axpo
Eletricidade para todos
Não há rede elétrica no lugarejo de Tukul, no Sudão do Sul. Mas painéis solares geram energia localmente, para uso, por exemplo, em telefones celulares e lâmpadas. A pobreza energética é um enorme problema: em 2016, 840 milhões de pessoas no planeta não dispunham de eletricidade. Conta-se que até 2030 a cifra terá caído para 650 milhões, em grande parte devido a módulos solares descentralizados.