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Há cinco anos, Bundeswehr passou a aceitar mulheres

(tj)30 de dezembro de 2005

Em janeiro de 2001, as primeiras mulheres receberam permissão para alistar-se nas Forças Armadas alemãs. Começava assim uma nova era num terreno até então de domínio exclusivamente masculino.

As mulheres lutaram por mais esse direitoFoto: dpa - Bildarchiv

Elas ainda não são muitas, mas nos últimos tempos já não têm mais sido vistas com tanta estranheza nos quartéis alemães: atualmente, cerca de 11.800 soldados prestam serviço militar na Bundeswehr, que somente há cinco anos abriu as portas de suas unidades de combate também para a população feminina. Para as primeiras mulheres que se apresentaram, em 2001, tentando equiparar-se aos homens, a adaptação não foi tarefa fácil.

"A primeira coisa que eu os ouvi cochichando foi: 'O que ela quer aqui? Com certeza se enganou!' Então eu respondi: 'Nada disso! Eu faço parte de vocês, eu farei o curso junto com vocês'", lembra-se uma das pioneiras.

Uma vitória das mulheres

A Bundeswehr, entretanto, não abriu suas portas voluntariamente, mas somente por pressão judicial. Tanja Kreil, então com pouco mais de 20 anos, lutou perante a Corte Européia de Justiça pelo direito de servir voluntariamente nas Forças Armadas alemãs.

Formada em Eletrônica, Kreil sentia-se discriminada após a Bundeswehr ter negado sua candidatura devido ao seu sexo, e não por suas qualificações. Os juízes deram razão a Tanja e muitas outras mulheres também se animaram a prestar o serviço militar. "É toda a atmosfera, a camaradagem, os esportes e toda a formação. Isso já me fascina desde criança e eu sempre sonhei em entrar para o Exército", conta uma delas.

Mudanças legais e práticas

Forças Armadas: universo exclusivamente masculino até 2001Foto: AP

O governo alemão teve de mudar o artigo 12 da Lei Fundamental, pois nela constava claramente a proibição às mulheres de prestar serviço nas Forças Armadas. Fundada em 1955, a Bundeswehr passou 20 anos como organização exclusivamente masculina. A partir de 1975, foram então contratadas médicas e agentes sanitárias, que naturalmente trabalhavam desarmadas.

Somente em 2001 é que terminaram as restrições para o trabalho feminino na área sanitária e musical e as primeiras 244 mulheres puderam alistar-se às unidades de combate – voluntariamente, é claro, pois a Constituição proíbe a obrigatoriedade do serviço militar para mulheres. Para o contingente masculino da Bundeswehr começava uma nova era e o Exército teve que adaptar-se às mudanças.

Começando pelos banheiros e quartos exclusivos para as mulheres até o trato dos instrutores para com suas subalternas. Elas não queriam qualquer tipo de tratamento diferenciado, e também não deram importância a comentários de baixo nível. O que em muitos outros países europeus já era rotina, para a Bundeswehr foi um aprendizado com muitas dificuldades.

"Os coturnos eram, em grande parte, inadequados para mulheres, porque só havia determinados tamanhos e não serviam direito à anatomia do pé feminino. Em geral, a mulher tem o pé mais fino e delicado e por isso tem problemas na hora de marchar."

O que era rotina em outros países chegou bem mais tarde na BundeswehrFoto: AP

Bem mais grave do que os problemas com os uniformes de combate foram os casos de abusos sexuais das soldados femininas por instrutores ou camaradas, que, entretanto, se resumiram a casos isolados e foram punidos severamente.

A maioria das mulheres que optaram pela formação militar em 2001 podiam levar a cabo sua profissão e demonstrar competência através de seu empenho ou deixavam novamente a Bundeswehr. Cinco anos depois dessa abertura das Forças Armadas, 6% dos funcionários e soldados em formação são mulheres.

Ainda serão necessários cinco anos até que as primeiras mulheres possam se tornar comandantes e 15 até que um batalhão possa ser comandado por alguém do sexo feminino. O alto-comando das Forças Armadas vê este potencial feminino como um campo ainda a ser explorado. Hoje, há 300 mulheres prestando serviço militar fora do país, o que há alguns anos era inimaginável.

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