Há quase um século, Brasil conquistava seu primeiro ouro
3 de agosto de 2016
No dia 3 de agosto de 1920, nos Jogos de Antuérpia, tenente Guilherme Paraense venceu a prova de pistola de tiro rápido e entrou para a história. Um dia antes, Brasil conseguia sua primeira medalha em Olimpíadas.
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Há exatos 96 anos, em 3 de agosto de 1920, Guilherme Paraense entrou para a história do esporte brasileiro ao conquistar a primeira medalha de ouro para o Brasil em Jogos Olímpicos. Militar do Exército brasileiro, com a patente de tenente, Paraense conquistou a prova de pistola de tiro rápido. O feito foi alcançado com equipamento emprestado e após longa viagem de navio.
Um dia antes, o também militar Afrânio Antônio da Costa se consagrou como o primeiro esportista a ganhar uma medalha olímpica para o Brasil, de prata, também no tiro esportivo nos Jogos de Antuérpia, na Bélgica. Ambos eram atletas do Fluminense, no Rio de Janeiro.
Os primeiros heróis olímpicos do Brasil também fizeram parte do time brasileiro que conquistou a medalha de bronze na competição por equipes, superando os Estados Unidos – justamente a delegação que havia emprestado as armas e balas aos esportistas brasileiros.
Viagem de navio e roubo em Bruxelas
Paraense e outros sete atletas do tiro brasileiro viajaram por conta própria para a Europa no navio Curvello e desceram em Lisboa. Eles viajaram de terceira classe, em camarotes pequenos e sem ventilação. A precariedade era tamanha, que eles decidiram dormir no chão do bar, depois que o último passageiro saísse e fosse dormir. Os treinamentos eram realizados improvisadamente no convés.
De Lisboa, eles seguiram de trem para a Bélgica, porque o navio não chegaria a Antuérpia a tempo de participarem das provas. Viajaram num trem aberto, sob chuva e sol. Ao todo, foram 27 dias de viagem. Na conexão em Bruxelas, parte das armas e a munição da equipe foram roubadas.
Apesar dos contratempos, Paraense brilhou nos Jogos de Antuérpia e garantiu a primeira medalha de ouro olímpica do Brasil. Natural de Belém e tenente do Exército formado na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, Paraense venceu a prova de pistola rápida de 25 metros acertando um tiro na mosca na prova de desempate individual, em 3 de agosto de 1920. Ele somou 274 pontos, dois a mais do que o americano Raymond Bracken, que ficou com a prata, e cinco a mais do que o suíço Fritz Zulauf, medalha de bronze.
Na volta ao Brasil, Paraense continuou a carreira esportiva como atleta do Fluminense e seguiu também a carreira militar, até deixar o Exército reformado em 1941 como tenente-coronel. Em 1968, morreu aos 83 anos, de enfarte, na cidade do Rio de Janeiro.
Primeira medalha brasileira foi de prata
Afrânio Costa, o primeiro medalhista brasileiro, somou 489 pontos na prova de pistola livre de 50 metros, realizada em 2 de agosto de 1920, o que lhe valeu a medalha de prata. A arma era uma Colt 22 emprestada pelos americanos, e Afrânio terminou à frente de Alfred Lane, mas atrás do também americano Karl Frederick. Oito anos antes, com a mesma Colt 22, Lane tinha ganhado o ouro nos Jogos de Estocolmo.
Depois de encerrar a carreira de atleta, Afrânio seguiu no esporte, como dirigente, e no Direito, como juiz. Ele foi ministro do Tribunal Federal de Recursos e chegou a ser convocado diversas vezes pelo Supremo Tribunal Federal, em Brasília, em substituição a ministros ausentes. Ele nasceu em Macaé, em 14 de março de 1892, e morreu no Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1979.
PV/abr/ots
Dez esperanças de medalha para o Brasil
Meta do COB é conquistar no mínimo 27 medalhas nos Jogos Olímpicos de 2016. Entre multicampeões, potências mundiais e promessas, confira quais são as modalidades que podem levar o Brasil para o pódio no Rio.
Foto: Getty Images
Robert Scheidt - vela
Em busca de seu sexto pódio em Jogos Olímpicos, o maior medalhista brasileiro (junto com o também velejador Torben Grael), Robert Scheidt voltou à classe Laser, pela qual é eneacampeão mundial. Na vela, destaque também para a dupla Martine Grael e Kahena Kunze, campeãs mundiais na classe 49er FX e eleitas as melhores velejadoras do mundo em 2014, além de Ricardo Winicki, na classe RS-X.
Foto: Imago
Sarah Menezes - judô
Desde Los Angeles 1984, o judô brasileiro conquistou medalhas em todas as edições dos Jogos Olímpicos. A atual campeã olímpica Sarah Menezes é forte candidata a repetir a dose no Rio de Janeiro. Rafael Silva, o Baby, as campeãs mundiais Mayra Aguiar e Rafaela Silva, além do veterano Tiago Camilo, também estão bem colocados nos rankings de suas respectivas categorias.
Foto: Getty Images/B. Mendes
Arthur Zanetti - ginástica
Único campeão olímpico latino-americano na história da ginástica olímpica, Arthur Zanetti vem dominando as provas nas argolas, onde conquistou um ouro e uma prata nos dois últimos mundiais. Ao lado de Diego Hypólito e Sérgio Sasaki, primeiro brasileiro a ser finalista no individual geral nos Jogos Olímpicos, em Londres 2012, Zanetti quer levar o Brasil ao inédito pódio na competição por equipes.
Foto: Reuters
Fabiana Murer - atletismo
Em 2008, equipamento roubado; em 2012, a culpa foi do vento. Após duas decepcionantes participações, Fabiana Murer quer se redimir com uma medalha no Rio de Janeiro. A missão da campeã mundial do salto com vara de 2011, porém, é complicada: a cubana Yarisley Silva, melhor marca do ano, a americana Jennifer Suhr e a russa Yelena Isinbayeva, dona do recorde mundial, são as principais concorrentes.
Foto: Imago
Bruno Fratus - natação
A cena de Bruno Fratus (dir.) cumprimentando César Cielo, em Londres 2012, não irá se repetir nos Jogos do Rio. Com a ausência de Cielo, Fratus se tornou a principal esperança de medalhas. Bronze no Mundial de 2015, ele detém o segundo melhor tempo nos 50m livres em 2016. Outros bons nomes são Felipe França, Nicholas Santos, além de Thiago Pereira, maior medalhista pan-americano da história.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Walton
Duda Amorim - handebol
A seleção feminina de handebol conquistou o inédito título mundial em 2013, na Sérvia. Treinada pelo dinamarquês Morten Soubak, a equipe espera superar a campanha de Londres (6º lugar) e se recuperar do fraco Mundial de 2015, quando caiu nas oitavas de final. O time conta com Alexandra Nascimento e Duda Amorim (foto), eleitas as melhores jogadoras do mundo em 2012 e 2014, respectivamente.
Foto: Imago
Isaquias Queiroz - canoagem
Atual bicampeão mundial da prova não olímpica do C1 500m e medalhistas nos últimos dois mundiais nas provas C1 1.000m, C1 200m e C2 200m, Isaquias Queiroz quer conquistar a primeira medalha olímpica para a canoagem brasileira. Atenção também para a mineira Ana Sátila, que esteve em Londres com apenas 16 anos e foi campeã mundial júnior de slalom em 2014.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Weihrauch
Yane Marques - atletismo
Grande surpresa em Londres 2012, quando conquistou a inédita medalha de bronze no pentatlo moderno, Yane Marques manteve a sequência de bons resultados, conquistando uma prata e um bronze em dois mundiais da modalidade. Além disso, ela já conseguiu derrotar as últimas duas campeãs olímpicas: Laura Asadauskaite, da Lituânia, e Lena Schöneborn, da Alemanha.
Foto: picture-alliance/AP Photo/A. Schmidt
Ágatha e Bárbara Seixas - vôlei
Nenhuma modalidade deu tantas medalhas olímpicas ao esporte brasileiro como o vôlei: 20, sendo seis de ouro. O Brasil é potência mundial na quadra e na areia, tanto no masculino como no feminino. Destaque para as duplas femininas do vôlei de praia, que ocuparam todas as três posições do pódio na Holanda, coroando Ágatha e Bárbara Seixas como campeãs mundiais de 2015.
Foto: Getty Images/G. Arroyo Moreno
Neymar - futebol
Pentacampeão mundial, fábrica de craques e maior exportador de jogadores do mundo. Em Jogos Olímpicos, no entanto, o futebol brasileiro tem um retrospecto decepcionante: três pratas, em 1984, 1988 e 2012. Para quebrar o jejum, o craque Neymar está pedindo dispensa do Barcelona para aproveitar a segunda chance em dois anos de ser campeão no Maracanã e levar o Brasil ao ouro inédito.