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PolíticaHungria

Húngaros protestam em peso contra governo Orbán

16 de março de 2024

No feriado nacional, oposição mostra que a Hungria não é só o chefe de governo nacional-populista Viktor Orbán. Viúva do ativista Alexei Navalny denuncia cumplicidade com Putin e exorta húngaros a terem coragem.

Multidão em protesto, sob cores da bandeira da Hungria
Dezenas de milhares atenderam ao apelo da oposição para protesto em Budapeste contra governo húngaroFoto: Bernadett Szabo/REUTERS

Na capital húngara, Budapeste, dezenas de milhares protestaram nesta sexta-feira (15/03) contra o governo do primeiro-ministro Viktor Orbán, atendendo à convocação de diversos grupos oposicionistas por ocasião do feriado nacional em que se relembra o início da rebelião contra a monarquia dos Habsburgos, em 15 de março de 1848.

Numa mensagem de vídeo, Yulia Navalnaya, viúva do dissidente russo Alexei Navalny, morto na prisão em 16 de fevereiro, acusou o húngaro de "cúmplice" do presidente Vladimir Putin: este teria iniciado a guerra de agressão contra a Ucrânia, dois anos atrás, por saber que contaria com ajuda a partir da Europa, afirmou.

Além de Orbán, o chefe do Kremlin conta com outros adeptos no continente, frisou Navalnaya. Contudo, assim como Putin não representa toda a Rússia, é preciso não reduzir a Hungria a seu chefe de governo. "Tenham coragem!", exortou os manifestantes.

Yulia Navalnaya lembrou aos húngaros que Putin começou a guerra na Ucrânia por saber que contaria com apoio na UEFoto: Arpad Kurucz/Anadolu/picture alliance

Após a morte de Navalny sob circunstâncias suspeitas, o populista Orbán e seu partido nacional-conservador Fidesz se recusaram publicamente a prestar luto: quando deputados oposicionistas pediram um minuto de silêncio pelo ferrenho crítico do Kremlin, os correligionários do premiê – que há muito cultiva boas relações com Putin – permaneceram demonstrativamente sentados.

Nascimento de uma nova força de oposição na Hungria?

Falando aos participantes da manifestação em Budapeste, o político de oposição húngaro Péter Magyar afirmou que no país rege uma "oligarquia" que está arruinando o Estado, e o Judiciário e a imprensa devem voltar a ser independentes da política: "Vamos criar uma força a que possam se unir todos os húngaros de boa vontade, que queiram trabalhar por seu país."

No nível internacional, o país precisa abandonar o curso anti-União Europeia e se voltar para os aliados ocidentais, apelou Magyar. Ele foi marido da ex-ministra da Justiça e principal candidata ao Parlamento Europeu Judit Varga, do Fidesz, que em fevereiro se desligou de todos os seus cargos políticos.

Político Péter Magyar tem potencial para se afirmar como principal força da oposição húngaraFoto: Ferenc Isza/AFP

Antes, a presidente Katalin Novak renunciara ao cargo, em seguida a ter perdoado um homem condenado por cumplicidade com abuso infantil. Na qualidade de chefe da pasta da Justiça, Varga ratificou o decreto de perdão presidencial. Desde o afastamento de sua ex-mulher da vida política, Magyar tem atacado Orbán e seu governo de forma repetida e rigorosa.

O jurista e antigo diplomata tem acenado com a perspectiva de fundar um novo partido. Segundo uma enquete do instituto de pesquisa de opinião Median, ele teria chances de conquistar até 9% dos votos do eleitorado, tornando-se assim a principal força da fragmentada oposição húngara.

av (AFP,DPA)