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Hackers da CIA no consulado dos EUA em Frankfurt

8 de março de 2017

Documentos vazados pelo Wikileaks revelam que agentes dos EUA entravam na Alemanha com passaportes diplomáticos e identidades falsas. Base seria utilizada para desenvolver ferramentas de espionagem cibernética.

US-Generalkonsulat in Frankfurt am Main
Consulado americano em Frankfurt: maior representação diplomática dos EUA no mundoFoto: picture-alliance/dpa/F.v. Erichsen

Os documentos confidenciais da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) vazados pelo Wikileaks nesta terça-feira (07/03) revelaram detalhes sobre práticas secretas de espionagem cibernética, algumas destas, desenvolvidas secretamente numa das principais cidades da Alemanha.

O vazamento inclui 8.761 documentos que revelam detalhes da utilização de ferramentas de hacking como vírus, cavalos de troia, malwares e outras armas digitais. Algumas, controladas à distância, seriam capazes de contornar a criptografia de aplicativos de mensagens populares como Whatsapp e Telegram.

Uma unidade altamente confidencial da CIA teria sido instalada no consulado americano em Frankfurt, utilizada como ponto de partida para vários ataques cibernéticos realizados na Europa, China, África e Oriente Médio.

Segundo o Wikileaks, a CIA teria desenvolvido vírus troianos e outras ferramentas de ataques cibernéticos nas dependências do maior consulado americano em todo o mundo. Os documentos sugerem que especialistas teriam trabalhado no edifício em Frankfurt, recebendo também dicas sobre como viver na Alemanha.

"Não deixem nada de eletrônico ou vulnerável no quarto de hotel", sugere um dos documentos aos funcionários da CIA, recomendando que aproveitassem "com moderação" as bebidas alcoólicas gratuitas oferecidas pela companhia aérea alemã Lufthansa.

Os hackers em Frankfurt, que integravam o Centro para Inteligência Cibernética na Europa, teriam recebido passaportes diplomáticos e identidades falsa do Departamento de Estado. Eles recebiam instruções sobre como entrar na Alemanha de modo seguro. Uma parte desse documento foi divulgada pelo Wikileaks através do Twitter:

O consulado americano em Frankfurt foi alvo de uma investigação das autoridades alemãs em 2013 sobre as atividades da inteligência americana no país, após a revelação de que agentes da Agência de Segurança Nacional (NSA) teriam interceptado o telefone da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel.

Na época, o jornal alemão Süddeutsche Zeitung denunciou que o edifício abrigava uma ampla rede de funcionários da inteligência americana, incluindo agentes da CIA, espiões da NSA, pessoal dos serviços secretos civil e militar e funcionários do Departamento de Segurança Interna dos EUA. O diário afirmou ainda que os americanos teriam estabelecido uma complexa rede de postos avançados e empresas fictícias em Frankfurt.

Os documentos divulgados pela plataforma foram criados entre 2013 e 2016. O Wikileaks descreveu a divulgação como o maior ato de "publicação de documentos confidenciais da agência [CIA]". Segundo o jornal New York Times, um ex-agente da CIA disse que uma breve análise dos documentos sugere que eles são genuínos.

Edward Snowden, ex-analista da NSA, responsável pelo vazamento de informações sigilosas da agência em 2013, também avalia que os documentos parecem ser verdadeiros. Em sua opinião, eles demonstram que a CIA perdeu o controle de seu arsenal de armas cibernéticas.

A agência afirmou através de um porta-voz que não comenta a "autenticidade ou o conteúdo de supostos documentos de inteligência".

RC/dpa/ap

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