Documentos vazados pelo Wikileaks revelam que agentes dos EUA entravam na Alemanha com passaportes diplomáticos e identidades falsas. Base seria utilizada para desenvolver ferramentas de espionagem cibernética.
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Os documentos confidenciais da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) vazados pelo Wikileaks nesta terça-feira (07/03) revelaram detalhes sobre práticas secretas de espionagem cibernética, algumas destas, desenvolvidas secretamente numa das principais cidades da Alemanha.
O vazamento inclui 8.761 documentos que revelam detalhes da utilização de ferramentas de hacking como vírus, cavalos de troia, malwares e outras armas digitais. Algumas, controladas à distância, seriam capazes de contornar a criptografia de aplicativos de mensagens populares como Whatsapp e Telegram.
Uma unidade altamente confidencial da CIA teria sido instalada no consulado americano em Frankfurt, utilizada como ponto de partida para vários ataques cibernéticos realizados na Europa, China, África e Oriente Médio.
Segundo o Wikileaks, a CIA teria desenvolvido vírus troianos e outras ferramentas de ataques cibernéticos nas dependências do maior consulado americano em todo o mundo. Os documentos sugerem que especialistas teriam trabalhado no edifício em Frankfurt, recebendo também dicas sobre como viver na Alemanha.
"Não deixem nada de eletrônico ou vulnerável no quarto de hotel", sugere um dos documentos aos funcionários da CIA, recomendando que aproveitassem "com moderação" as bebidas alcoólicas gratuitas oferecidas pela companhia aérea alemã Lufthansa.
Os hackers em Frankfurt, que integravam o Centro para Inteligência Cibernética na Europa, teriam recebido passaportes diplomáticos e identidades falsa do Departamento de Estado. Eles recebiam instruções sobre como entrar na Alemanha de modo seguro. Uma parte desse documento foi divulgada pelo Wikileaks através do Twitter:
O consulado americano em Frankfurt foi alvo de uma investigação das autoridades alemãs em 2013 sobre as atividades da inteligência americana no país, após a revelação de que agentes da Agência de Segurança Nacional (NSA) teriam interceptado o telefone da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel.
Na época, o jornal alemão SüddeutscheZeitung denunciou que o edifício abrigava uma ampla rede de funcionários da inteligência americana, incluindo agentes da CIA, espiões da NSA, pessoal dos serviços secretos civil e militar e funcionários do Departamento de Segurança Interna dos EUA. O diário afirmou ainda que os americanos teriam estabelecido uma complexa rede de postos avançados e empresas fictícias em Frankfurt.
Os documentos divulgados pela plataforma foram criados entre 2013 e 2016. O Wikileaks descreveu a divulgação como o maior ato de "publicação de documentos confidenciais da agência [CIA]". Segundo o jornal New York Times, um ex-agente da CIA disse que uma breve análise dos documentos sugere que eles são genuínos.
Edward Snowden, ex-analista da NSA, responsável pelo vazamento de informações sigilosas da agência em 2013, também avalia que os documentos parecem ser verdadeiros. Em sua opinião, eles demonstram que a CIA perdeu o controle de seu arsenal de armas cibernéticas.
A agência afirmou através de um porta-voz que não comenta a "autenticidade ou o conteúdo de supostos documentos de inteligência".
RC/dpa/ap
Dez filmes de espionagem que se passam na Alemanha
De James Bond a Ethan Hunt, muitos agentes secretos já passaram pela Alemanha — mesmo que virtualmente. Berlim parece ser a cidade ideal para diretores como Spielberg e Hitchcock gravarem seus thrillers.
Foto: 2014 Twentieth Century Fox
"Ponte dos Espiões"
Muitas partes do novo filme de Steven Spielberg foram filmadas em Berlim e nos seus arredores. A produção reconta a primeira de uma série de trocas de espiões que aconteceram na Ponte Glienicke, conhecida como a "Ponte dos Espiões" — daí o título do filme. Spielberg não é o primeiro cineasta a retratar agentes secretos na Alemanha. Veja a seguir mais exemplos.
Foto: 2014 Twentieth Century Fox
"Cinco dedos"
O filme ("Five fingers", 1952) dirigido por Joseph L. Mankiewicz fala sobre um agente secreto famoso durante a Segunda Guerra Mundial e que trabalhou para os nazistas — amplamente conhecido por seu codinome, Cícero. Apesar de outros filmes de espionagem serem gravados em locações, este foi rodado, principalmente, em estúdio.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-Images
"Os espiões também amam"
Esse thriller da Alemanha Ocidental, originalmente intitulado "Spion für Deutschland" (1956), também retrata as ações de um agente secreto alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Estrelado por Martin Held e Nadja Tiller, ele foi filmado em Berlim e nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/dpa
"A guerra secreta"
Werner Klinger é um dos quatro cineastas que dirigiram esse antológico filme de espião ("The secret agents", 1965). O filme é composto por histórias dirigidas por um alemão, um francês, um italiano e um britânico. Filmado em Berlim, é estrelado por Henry Fonda e Robert Ryan.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"Cortina rasgada"
Alfred Hitchcock filmou esse thriller de espionagem ("Torn curtain", 1966) em estúdio. No entanto, algumas cenas foram feitas em Berlim. A equipe de filmagem gravou na capital alemã e enviou as imagens para Hollywood, assim Hitchcock poderia usar o material em seu filme. O elenco inclui atores alemães, além de estrelas americanas, como Julie Andrews e Paul Newman.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"007 contra Octopussy"
Uma grande parte do 13º filme ("Octopussy", 1983) do agente secreto mais popular da história do cinema, James Bond, foi gravada em Berlim. O agente 007, interpretado por Roger Moore, é visto no Checkpoint Charlie, em frente ao Muro e em uma cena de perseguição no antigo circuito de AVUS.
Foto: picture-alliance/dpa/ KPA
"O inocente"
Anthony Hopkins, Isabella Rossellini e Campbell Scott estrelam o filme ("The innocent", 1993). Ele é baseado na "Operação Ouro", que aconteceu durante a Guerra Fria quando agentes da CIA e do MI6 construíram um túnel sob o setor russo da capital alemã. A direção é de John Schlesinger.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"Missão Impossível 3"
Para o terceiro filme da série "Missão Impossível", o diretor J.J. Abrams e o ator Tom Cruise queriam gravar, inicialmente, no Reichstag (o prédio do Parlamento alemão). Mas o governo não permitiu que eles gravassem no edifício — um conselho decidiu que ele não deveria ser usado em filmes comerciais. A equipe teve que construir os sets de filmagem no Babelsberg Studio, nos arredores de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa
"O segredo de Berlim"
O filme de Steven Soderbergh ("The good german", 2006) também demonstra como estúdios podem substituir locações reais. A história se passa na Berlim do pós-guerra, mas foi filmada em Los Angeles. No entanto, Soderbergh inseriu, na película em preto e branco, cenas de arquivo reais da então destruída cidade.
Foto: picture-alliance/dpa
"Jogo de espiões"
Este thriller de espionagem ("Spy game", 2001), estrelado por Robert Redford e Brad Pitt, também se passa em Berlim, mas não foi filmado na Alemanha. Locações em Budapeste foram usadas para reproduzir a capital alemã. Isso pode ser notado em algumas cenas, porque certo elementos da paisagem não existem de fato em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa
"O agente da U.N.C.L.E"
Misturando comédia, aventura e espionagem, o filme ("The man from U.N.C.L.E", 2015) dirigido por Guy Ritchie contém muitas cenas que se passam em Berlim na década de 1960. Henry Cavill interpreta um agente secreto americano competindo com um espião russo. O filme recria a atmosfera da Berlim dividida — ainda que tudo tenha sido feito por computador.
Foto: 2015 WARNER BROS. ENTERTAINMENT INC. AND RATPAC-DUNE ENTERTAINMENT LLC ALL RIGHTS RESERVED/Daniel Smith