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Cavalo de Troia

11 de outubro de 2011

Baviera e outros estados alemães confirmam terem usado um cavalo de Troia que permite o acesso a dados armazenados no computador do usuário investigado, mas dizem terem se mantido dentro da lei.

Foto: dapd

O suposto uso ilegal de um software para espionagem de computadores está causando polêmica na Alemanha. Neste domingo (09/10), o Chaos Computer Club (CCC), de Berlim, acusou investigadores públicos de utilizar um software do tipo cavalo de Troia além dos limites permitidos pela legislação alemã.

O software em questão não apenas invade os computadores como pode copiar dados do disco rígido, gravar tudo o que é digitado no teclado e permite até mesmo o controle remoto de teclados, microfones e a webcams, afirma o grupo de hackers.

Segundo o CCC, o cavalo de Troia analisado vai contra uma decisão do Tribunal Constitucional Federal de 27 de fevereiro de 2008, que limita o uso desse tipo de software à audição de telefonemas pela internet.

"Nosso estudo demonstra que as autoridades não se envergonham de exceder o marco legal quando ninguém as vigia", declarou um porta-voz do CCC. Segundo o grupo, o software dá aos espiões acesso total aos dados armazenados no computador e também a tudo o que o usuário digitar no teclado, como senhas de banco e de contas de e-mail.

Governo federal diz que não usou

No próprio domingo, o Ministério do Interior da Alemanha informou em comunicado que ao menos o Departamento Federal Investigações (BKA, na sigla em alemão) nunca utilizou o cavalo de Troia analisado pelos hackers do CCC.

Porém, o ministério não descartou o uso por outras autoridades públicas. "As autoridades judiciais e estatais são responsáveis individualmente pelo cumprimento da lei", diz o comunicado.

Alertada sobre a situação, a ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, solicitou que cada estado da Federação investigasse o assunto e levasse em conta a advertência do CCC, apesar de assegurar desconhecer a existência do software.

Confissão da Baviera

Nesta segunda-feira, a Baviera foi o primeiro estado alemão a admitir o uso do cavalo de Troia, mas deixou em aberto exatamente quais ações foram executadas com o programa.

O ministro do Interior bávaro, Joachim Herrmann, disse não compreender o porquê do alvoroço em torno do assunto. "No que diz respeito à Baviera, é claro que os investigadores estaduais executaram somente ações legalmente permitidas e ordenadas por juízes", declarou ao jornal regional Passauer Neue Presse, defendendo a utilização do software.

Herrmann reconheceu que no curso de investigações haviam sido realizadas as chamadas screenshots  – capturas da imagem de telas de computador – "mas isso tem sido repetidamente relatado na Assembleia do Estado nos últimos meses. Não é nada de novo e nenhum segredo".

Joachim Herrmann, ministro do Interior da Baviera, defende uso de cavalos de TroiaFoto: picture-alliance/ dpa
A ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-SchnarrenbergerFoto: AP

Além da Baviera, nesta terça-feira (11/10), outros estados alemães declararam ter utilizado cavalos de Troia para ouvir conversas telefônicas pela internet. Em Baden-Württemberg foi aplicada uma versão básica da utilizada pelos bávaros, que teria sido posta de lado após as críticas contra os softwares de espionagem. Baixa Saxônia, Schleswig-Holstein e Brandemburgo também disseram ter acionado programas semelhantes, mas sempre dentro dos limites legais.

Mais sobre o cavalo de Troia

Os chamados cavalos de Troia chegam aos usuários de computador como anexo de e-mail, por exemplo. Se o link correspondente for clicado, o programa instala-se no sistema e é executado constantemente, sendo iniciado automaticamente a cada vez que o computador é ligado.

A maioria dos cavalos de Troia é utilizada para espionar os dados dos usuários de um serviço online. Criminosos também os utilizam para interceptar senhas de e-mail ou para manipular contas bancárias, por exemplo. O que é digitado no teclado do usuário é captado e os dados são enviados ao operador do software.

O nome "cavalo de Troia" faz alusão à mitologia grega. Um cavalo de madeira gigante foi usado pelos gregos para derrotar Troia.

Aparentemente deixado como presente de despedida dos gregos aos seus deuses, depois que eles haviam tentado por muito tempo – e em vão – invadir Troia, o cavalo foi conduzido pelos troianos para dentro de sua cidade, sem que estes soubessem que os guerreiros gregos estavam escondidos dentro dele.

À noite, após os troianos puxarem o cavalo para dentro da cidade, os soldados gregos saíram de dentro dele, abriram os muros e deixaram o Exército grego entrar.

LPF/dw/dapd/rtr/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

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