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Hamas aceita entregar Gaza ao governo palestino de unidade

17 de setembro de 2017

Se concretizado, anúncio do grupo islâmico poderá ajudar a encerrar disputa de uma década com partido de Mahmoud Abbas, o Fatah, que reage com cautela à decisão do rival.

Ägypten - Palästinensischer Soldat auf Kontrollturm nähe des Gaza-Streifens
Soldado palestino em posto de controle perto da Faixa de GazaFoto: Reuters/I. Abu Mustafa

O movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde que expulsou as forças leais à Autoridade Nacional Palestina (ANP) em 2007, anunciou neste domingo (17/09) que dissolverá o comitê que administra o enclave e que aceita realizar eleições gerais nos territórios palestinos.

O movimento de resistência islâmica afirmou ter aceitado as condições exigidas pelo rival e líder da ANP, Mahmoud Abbas, para a reconciliação entre os dois governos palestinos, incluindo pôr em prática o governo de unidade acertado com o partido rival, o Fatah, em 2014.

Em comunicado, o Hamas afirmou "responder aos esforços do Egito, que refletem a vontade de pôr fim à separação e conseguir a reconciliação" e ao "desejo palestino de alcançar a unidade nacional".

Assim, o Hamas declarou ter dissolvido a comissão encarregada da administração da Faixa de Gaza, convidou o governo de unidade do primeiro-ministro Rami Hamdala a ir à Faixa de Gaza para assumir o comando e afirmou estar pronto para realizar eleições gerais em Gaza e na Cisjordânia, esta controlada pelo Fatah, de Abbas.

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Eleições gerais não são realizadas nos territórios palestinos desde 2006 devido à incapacidade de Fatah e Hamas de entrarem em acordo para fazê-las simultaneamente na Cisjordânia e em Gaza.

O grupo acrescentou também que "está disposto a aceitar a oferta egípcia para um diálogo com o partido Fatah com vista à implementação do Acordo do Cairo", assinado em 2011 e que estabelece pautas para a reconciliação.

Esse pacto, ao qual aderiram as 11 facções palestinas e que não chegou a ser posto em prática, devolvia o poder de gestão administrativa do território à ANP, ainda que mantivesse parte do poder do Hamas no aparelho de segurança e policial. Entre outras medidas, estabelecia-se um controle misto dos postos fronteiriços e a absorção dos agentes de segurança do Hamas na nova polícia que seria formada.

Dez anos de divisão

Desde 2007, os palestinos estão divididos entre dois governos rivais, na sequência da vitória eleitoral do Hamas e da expulsão das forças leais a Abbas em Gaza, deixando ao presidente da Autoridade Palestina a administração das zonas autônomas da Cisjordânia. 

Todas as tentativas de reconciliação entre os dois lados falharam. A posição do Hamas veio a enfraquecer devido aos bloqueios egípcio e israelense, a três guerras com Israel e ao isolamento internacional. A economia de Gaza está destruída, e os residentes do enclave só têm eletricidade durante algumas horas por dia.

O Egito organizou recentemente negociações de reconciliação com o Hamas e, na passada semana, Abbas enviou também uma delegação de representantes ao Egito.

Apesar do novo anúncio, muitos obstáculos subsistem e, entre as condições que o Hamas afirmou aceitar, não está claro se o movimento está disposto a colocar as suas forças de segurança sob o controle de Abbas, um ponto essencial que inviabilizou tentativas de reconciliação passadas. 

Cautela da ANP

A decisão anunciada pelo Hamas põe os palestinos no caminho da reconciliação. No entanto, o Fatah reagiu com cautela ao anúncio deste domingo. Se bem-sucedido, o acordo entre as partes poderá ajudar a fechar uma disputa de uma década entre os dois rivais.

Mahmoud al-Aloul, membro do membro do Comitê Central do Fatah e um dos vices de Abbas, disse que o anúncio do Hamas é uma "notícia positiva", mas afirmou estar cético sobre a finalização de um acordo.

"O que ouvimos até agora é uma notícia positiva e esperamos que esteja correta", disse al-Aloul à emissora de rádio Voz da Palestina. "Queremos ver o fim da divisão, mas não queremos nos apressar com nossa reação a essa notícia. Há muitos detalhes com que temos de lidar, baseados em acordos anteriores".

CA/efe/lusa/dpa