Grupo islâmico que controla Faixa de Gaza afirma ter fechado cessar-fogo após bombardeios israelenses em retaliação à morte de um soldado na fronteira. Acordo é o segundo do tipo em apenas uma semana.
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O grupo islâmico Hamas anunciou na madrugada deste sábado (21/07) um novo cessar-fogo, depois que Israel iniciou uma operação militar maciça em retaliação à morte de um soldado israelense na fronteira com a Faixa de Gaza.
O governo israelense não comentou imediatamente a trégua – segundo acordo do tipo em apenas uma semana. Não foram registradas outras atividades militares em Gaza nas primeiras horas deste sábado.
O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, anunciou que o cessar-fogo foi mediado pelo Egito e pela ONU, cujo enviado especial para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, havia apelado pela redução das tensões entre Israel e o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza.
A nova escalada de violência começou na sexta-feira, quando militantes palestinos dispararam contra tropas do Exército israelense posicionadas na fronteira de Israel com Gaza, matando um soldado israelense – o primeiro a ser morto em atividade no local desde 2014, quando começou a guerra entre Israel e o Hamas, de acordo com um porta-voz militar israelense.
Quatro pessoas morreram durante os bombardeios israelenses, incluindo três militantes do braço armado do Hamas, as Brigadas al Qasam. Cerca de 120 civis palestinos teriam ficado feridos.
A aviação e tanques israelenses atingiram 60 alvos militares do Hamas. Os bombardeios destruíram cerca de 60 edifícios e infraestruturas e atingiram armazéns de armamento, de fabricação de armas, uma entrada para uma rede de túneis, um depósito de drones, salas de operações militares, instalações de treinamento e postos de observação.
O ataque contra o Exército israelense na fronteira com Gaza aconteceu durante a 17ª manifestação da série de protestos chamada de Grande Marcha do Retorno, que acontece sempre às sextas, desde 30 de março. Nela, os palestinos reivindicam o direito de retorno dos refugiados e seus descendentes às terras de onde foram expulsos ou fugiram após a criação do Estado de Israel, em 1948. Os israelenses, por sua vez, dizem que isso equivale a pedir a destruição do país.
Pelo menos 149 palestinos já foram mortos nessas manifestações na fronteira, a maioria deles, por disparos de militares israelenses. Israel garante estar defendendo sua fronteira soberana e acusa o Hamas de usar os protestos como cobertura para tentativas de atravessar a cerca e atacar civis e militares.
Em comunicado, os militares argumentaram que as atividades do Hamas "violam a soberania israelense, põem em perigo civis israelenses e sabotam os esforços humanitários de Israel que visam ajudar os civis de Gaza".
Em meio a comemorações dos 70 anos do Estado de Israel e à abertura da embaixada dos EUA em Jerusalém, território palestino é palco de protestos violentos, que deixaram mais de cem mortos e centenas de feridos.
Foto: DW/Y. Boechat
Grande Marcha do Retorno
No fim de março, palestinos deram início a passeatas na Faixa de Gaza como parte da chamada "Grande Marcha do Retorno", em prol do direito dos palestinos de retornarem às terras que lhes foram tomadas durante a criação do Estado de Israel, há 70 anos. O bloqueio a Gaza e a transferência da embaixada dos EUA para Jerusalém também foram alvos dos protestos.
Foto: DW/Y. Boechat
Luto coletivo
O dia 14 de maio, quando os Estados Unidos inauguraram sua embaixada em Jerusalém, foi marcado pela violência na Faixa de Gaza. Mais de 60 palestinos foram mortos em protestos no território, fazendo desse o dia mais violento na região desde 2014. Na foto, familiares choram pela morte de um jovem de 21 anos, morto por atiradores israelenses.
Foto: DW/Y. Boechat
Saldo negativo
Durante as semanas da Grande Marcha do Retorno, mais de cem palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos, a maioria por atiradores profissionais israelenses. Israel culpa o Hamas, grupo islâmico que governa Gaza, pelas mortes.
Foto: DW/Y. Boechat
Cenário de guerra
Muitos dos participantes da Grande Marcha do Retorno foram feridos não apenas por tiros, mas também por bombas de gás lacrimogêneo disparados pelas forças israelenses. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu a ação. "Todo país tem a obrigação de defender suas fronteiras. Vamos continuar agindo com determinação para proteger nossa soberania e cidadãos", disse em 14 de maio.
Foto: DW/Y. Boechat
Nuvens de fumaça
Na foto de 15 de maio, mulher palestina tenta fugir de bombas de gás lacrimogêneo disparadas pelas forças armadas israelenses no norte da Faixa de Gaza, ponto de maior concentração dos protestos.
Foto: DW/Y. Boechat
A união faz a força
Apesar de ter perdido as duas pernas na última guerra contra Israel, em 2014, este palestino não desistiu de lutar. Na foto, tirada no início de maio, ele se junta a grupo que atira pedras contra soldados israelenses em protesto na Faixa de Gaza.
Foto: DW/Y. Boechat
Fugindo de tiros
Jovens palestinos se aproximam da cerca que divide Gaza de Israel e atiram pedras contra soldados israelenses. Deitados, tentam se esconder dos atiradores de elite.
Foto: DW/Y. Boechat
Juventude perdida
Muitas crianças e adolescentes participaram dos protestos em Gaza. Na foto, um menino baleado por atiradores de elite do Exército israelense é atendido no Hospital Al Quds, na cidade de Gaza.
Foto: DW/Y. Boechat
Despedida
Entre as dezenas de mortos nos protestos recentes na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, estava um palestino de 15 anos. Ele foi enterrado na cidade Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. O jovem foi morto por atiradores de elite das Forças Armadas de Israel.
Foto: DW/Y. Boechat
Raiva e dor
Após a escalada na violência em Gaza, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, condenou a ação israelense ao longo da fronteira. Na foto, família vela corpo de palestino morto com um tiro na cabeça por um atirador israelense durante protesto.