Hamas liberta mais três reféns israelenses na Faixa de Gaza
Publicado 8 de fevereiro de 2025Última atualização 8 de fevereiro de 2025
Esta é a quinta troca de prisioneiros dentro do acordo de cessar-fogo na guerra entre Israel e o grupo radical islâmico. Homens foram entregues à Cruz Vermelha. Israel liberta 183 presos palestinos.
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O Hamas libertou neste sábado (08/02) mais três reféns israelenses, na quinta troca de prisioneiros dentro do acordo de cessar-fogo com Israel que vigora desde o mês passado na guerra na Faixa de Gaza.
Os três reféns foram entregue por milicianos do Hamas a membros da Cruz Vermelha em Deir el-Balah, na região central da Faixa de Gaza.
Eles são Ohad Ben Ami, de 56 anos, que tem cidadania israelense e alemã e foi levado do kibutz Beeri, junto com sua esposa, Raz Ben Ami (libertada na trégua de novembro); Eli Sharabi, 52 anos, que perdeu suas duas filhas e esposa no ataque do Hamas ao mesmo kibutz; e Or Levy, 34 anos, raptado no festival de música Nova, onde sua esposa Einav foi morta, deixando seu filho Almog, agora com três anos, aos cuidados dos avós e do tio.
Como nas cerimônias anteriores, os reféns, com aparência séria e visivelmente magros, foram escoltados por milicianos palestinos até um palco, onde dirigiram algumas palavras às centenas de habitantes de Gaza reunidos no local, antes de serem entregues a uma equipe da Cruz Vermelha, que os transportou em três veículos rumo ao território israelense.
"Imagens chocantes"
A entrega coreografada incluiu declarações forçadas dos três no palco, nas quais eles declararam apoio à finalização das próximas fases da trégua entre Israel e Hamas.
"As imagens perturbadoras (...) servem como mais uma evidência crua e dolorosa que não deixa margem para dúvidas – não há tempo a perder para os reféns! Precisamos libertá-los todos", disse o grupo de campanha Hostages and Missing Families Forum.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cuja imagem de desânimo apareceu em um banner no local da entrega de Deir el-Balah, disse que as imagens de Gaza eram "chocantes”.
"As imagens chocantes a que assistimos hoje não ficarão sem resposta", afirmou um comunicado do gabinete de Netanyahu, que se encontra em viagem nos Estados Unidos.
Diferente do que ocorreu há pouco menos de uma semana e meia, no entanto, os reféns não tiveram que atravessar uma multidão e não houve confusão. Havia também vários membros do Hamas mascarados, a maioria deles armados com submetralhadoras, como foi o caso das libertações anteriores de reféns.
As trocas anteriores ocorreram em Khan Younis (sul) e na cidade de Jabalia, no norte de Gaza.
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Prisioneiros palestinos são soltos
Em troca da libertação dos três israelenses, Israel libertou 183 prisioneiros palestinos, incluindo 111 habitantes de Gaza que foram presos na Faixa de Gaza após o ataque múltiplo em 7 de outubro de 2023.
As primeiras dezenas de prisioneiros palestinos libertados por Israel chegaram neste sábado a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, a bordo de um ônibus da Cruz Vermelha, onde foram recebidos por suas famílias e centenas de palestinos.
Os prisioneiros libertados, alguns usando lenços de cabeça palestinos, saíram do veículo e foram abraçados pelos cidadãos reunidos em Ramallah, que também os carregaram nos ombros.
O serviço prisional de Israel confirmou posteriormente que "183 terroristas foram libertados" na Cisjordânia, na Jerusalém Oriental anexada e em Gaza.
Alguns dos prisioneiros libertados também pareciam magros e fracos. O Crescente Vermelho disse que sete dos libertados foram levados a hospitais para tratamento.
Mas isso pode complicar as negociações sobre a segunda e mais difícil fase, quando o Hamas deverá libertar dezenas de outros reféns em troca de um cessar-fogo duradouro. O Hamas pode relutar em libertar mais prisioneiros se acreditar que os EUA e Israel estão falando sério sobre despovoar o território, o que, segundo grupos de direitos humanos violaria a lei internacional.
md (EFE, AFP, ots)
O primeiro dia do cessar-fogo em Gaza
As armas silenciaram e as três primeiras reféns israelenses foram libertadas pelo Hamas, enquanto Israel deve libertar 95 palestinos. Uma multidão no enclave destroçado percorre ruínas de volta pra casa.
Foto: Omar Al-Qattaa/AFP
Após 15 meses de cativeiro, libertas
Apoiadores e parentes de reféns mantidos em cativeiro em Gaza desde os ataques de 7 de outubro de 2023 assistem em Tel Avov à transmissão ao vivo da libertação das três primeiras reféns - Romi Gonen, Doron Steinbrecher e Emily Damaria.
Foto: Menahem Kahana/AFP
Cruz Vermelha intermediou libertação
As reféns foram entregues por militantes do Hamas à Cruz Vermelha e depois encaminhadas aos cuidados do exército israelense. Após um exame médico inicial em um dos postos de recepção instalados no lado israelense, elas foram levadas para ver as mães e depois para um hospital, para mais exames.
Foto: Dawoud Abu Alkas/REUTERS
Reencontros
Doron Steinbrecher, à esquerda, e sua mãe Simona se abraçam perto do kibutz Reim, no sul de Israel, depois que Doron foi libertada do cativeiro. A enfermeira veterinária de 31 anos morava no kibutz de Kfar Aza e foi sequestrada de dentro do próprio apartamento por militantes do Hamas.
Foto: Israeli Army/AP/picture alliance
Capturada no festival Supernova
A ex-refém israelense Romi Gonen é abraçada por sua mãe, Meirav, depois de ser mantida em Gaza desde o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023. Romi foi capturada enquanto tentava deixar o festival Supernova de carro.
Foto: Israel Defense Forces/Handout/REUTERS
Após cuidados médicos iniciais, falar com a família
A britânico-israelense Emily Damari fala com parentes por telefone ao lado de sua mãe, Mandy, depois de ser libertada. Ela foi sequestrada no Kibutz Kfar Aza, no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023.
Foto: Israel Defense Forces/Handout/REUTERS
Milhares acompanham emocionados em Tel Aviv
As três reféns são as primeiras dos 33 a serem libertados na primeira fase do acordo entre Israel e a organização terrorista Hamas. Em troca, é previsto que Israel libere 90 prisioneiros palestinos, a maioria mulheres e menores. Milhares de israelenses foram à chamada "Praça dos Reféns" para celebrar o início das trocas de prisioneiros.
Foto: Menahem Kahana/AFP
Palestinos reclamam de proibição para celebrar
Veículos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) esperam pela libertação dos primeiros 90 prisioneiros palestinos do lado de fora da prisão militar de Ofer, na Cisjordânia ocupada, em troca das três reféns israelenses soltas no domingo. Na lista, estão sobretudo mulheres e adolescentes. Famílias de prisioneiros palestinos afirmaram que não têm permissão para comemorar a libetação.
Foto: Jalaa Marey/AFP
Caminhos retomados sobre escombros
Logo após a reabertura de passagens e fronteiras, como parte do acordo de cessar-fogo, uma multidão de palestinos desalojados começou a caminhar ao longo de estradas abertas entre destroços. Um grande fluxo saía de áreas próximas à Cidade de Gaza, onde muitos se refugiaram, em direção à parte mais ao norte da Faixa de Gaza. A guerra forçou 90% da população palestina a deixar suas casas.
Foto: Omar Al-Qattaa/AFP/Getty Images
Previsão de 600 caminhões por dia com ajuda
Na trégua inicial de 42 dias entre Israel e o Hamas, é esperado um aumento da ajuda humanitária, extremamente necessária no território palestino após 15 meses de guerra, destruição e privação de recursos básicos. O acordo prevê a entrada de 600 caminhões por dia, e todas as passagens abertas. No domingo, filas de caminhões se formavam no lado egípcio da fonteira com Rafah.
Foto: AFP/Getty Images
Água, comida, combustível e remédio
Organizações de ajuda humanitária alertam que as principais necessidades da população de Gaza nesse momento de retorno às ruínas de suas casas são água, alimentos e itens de higiene, como sabão. Os hospitais do enclave carecem de tudo, de combustível a medicamentos. Há muitos pacientes precisando de anestésicos e equipamentos cirúrgicos para consertar braços e pernas quebrados.
Foto: Hatem Khaled/REUTERS
Uma esperança
Nas primeiras horas do dia, antes mesmo do início da trégua, crianças se alegravam em Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza, com a perspectiva de voltarem a suas casas.