Hamas liberta primeira leva de reféns após início da trégua
24 de novembro de 2023
Grupo terrorista soltou 13 israelenses, 10 tailandeses e um filipino. Israel, por sua vez, libertou 39 prisioneiros palestinos como parte de acordo que inclui trégua de quatro dias.
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O grupo radical islâmico Hamas libertou nesta sexta-feira (24/11) a primeira leva de reféns prevista no acordo firmado com Israel, que prevê também uma trégua de quatro dias.
De acordo com o Ministério do Exterior do Catar, que intermediou as negociações entre Israel e o Hamas, o grupo terrorista entregou à Cruz Vermelha 13 reféns israelenses, além de 10 tailandeses e um filipino.
O Ministério do Catar informou que, em contrapartida, 39 mulheres e menores de idade que estavam prisões israelenses também foram soltos – três palestinos para cada israelense libertado. No total, são 24 mulheres, incluindo algumas que foram acusadas de assassinato durante ataques a forças israelenses, e 15 adolescentes presos por crimes como apedrejamentos.A libertação dos reféns em Israel na Faixa de Gaza ocorreu como parte do pacto para a libertação de 50 reféns israelenses em troca da soltura de 150 presos palestinos, além da trégua de quatro dias no enclave palestino.
Em 7 de outubro, combatentes do grupo radical islâmico Hamas cruzaram a fronteira da Faixa de Gaza com Israel e mataram 1.200 pessoas, sequestrando cerca de 240, segundo números do governo israelense. O ataque deu início ao atual conflito na Faixa de Gaza.
Reféns tailandeses
Horas antes, a primeira-ministra da Tailândia, Srettha Thavisin, havia dito que 12 dos 25 reféns tailandeses que estavam detidos pelo Hamas haviam sido libertados. Eles estavam entre as pessoas raptadas no ataque de 7 de outubro, quando outros 39 tailandeses foram mortos.
No início do mês, a Tailândia revelou que duas ou três células do Hamas mantinham os tailandeses separados em locais distintos do enclave palestino.
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a Tailândia tem procurado diferentes estratégias para conseguir a libertação dos reféns, incluindo uma viagem liderada pelo chefe da diplomacia tailandesa ao Egito e ao Catar e reuniões no Irã de representantes do governo tailandês com membros do grupo terrorista.
Cerca de 30 mil tailandeses estavam em Israel, incluindo cinco mil funcionários, no momento do ataque do Hamas, dos quais mais de 10 mil já regressaram ao país, enquanto outros optaram por permanecer em território israelense.
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De volta a Israel
As 13 mulheres e crianças israelenses que passaram quase sete semanas sob poder do Hamas, foram entregues às autoridades israelenses e submetidas a exames médicos em hospitais, onde encontraram membros de suas famílias.
Um grande contingente de médicos, especialistas em trauma e em proteção infantil as aguardavam do lado israelense. Os especialistas afirmaram que muitos dos reféns enfrentarão o trauma de saberem que familiares e entes queridos foram mortos, ou que seus casas foram destruídas nos ataques de 7 de outubro.
"Alguns não sabem que pessoas importantes – suas famílias, maridos, pais, irmãos – foram assassinados", afirmou um especialista israelense em proteção infantil. "Alguns não sabem que suas comunidades foram quase inteiramente aniquiladas. Temos que dar a notícia logo para eles", disse. "Não queremos que saibam disso através de rumores."
Reféns alemães libertados
A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que entre os reféns libertados pelo Hamas nesta sexta-feira estavam quatro alemães.
"Estou incrivelmente aliviada depois de 24 reféns serem libertados em Gaza, entre estes, quatro alemães", afirmou. "Depois de 49 dias de inferno e de um medo indescritível, um pai poderá finalmente abraçar em segurança suas duas filhas pequenas e sua esposa", comemorou Baerbock.
A ministra ressaltou que "a libertação de todos os reféns restantes, especialmente os alemães entre eles, continua sendo nossa maior prioridade." Muitos dos reféns em poder do Hamas são de nacionalidade estrangeira ou possuem dupla cidadania.
Baerbock agradeceu o Ministério do Exterior do Catar, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o governo do Egito pelos esforços em prol da libertação dos reféns em Gaza.
rc (AFP, Reuters, DPA, AP)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sachs
2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Edmonds
2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
Foto: Getty Images/C. Kealy
2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
Foto: Getty Iamges/AFP/J. Aruri
2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Thew
2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.